Narradora
Daphne não conseguia encontrar descanso. Mesmo após a provocação que enviara para Marcus, sua mente continuava a girar em torno da mensagem dele. "Boa noite, Detetive Hale. Sonhe comigo." Era um convite sinistro, uma promessa de que ele estava sempre à espreita. Ela mal fechara os olhos quando ouviu um barulho na porta do apartamento. Seus músculos se enrijeceram, o coração disparou.
— Daphne? — A voz jovem do outro lado trouxe um alívio momentâneo. Noah, seu irmão mais novo, estava em casa.Ela abriu a porta, permitindo que ele entrasse. Noah era um adolescente de treze anos, magro e desajeitado, mas sua inteligência e sagacidade sempre a impressionaram. Os olhos dele brilhavam com a curiosidade habitual, mas havia algo diferente naquela noite. Uma preocupação que ele tentava disfarçar.
— Você está bem? — Ele perguntou, largando a mochila no chão e se aproximando dela.
Daphne respirou fundo, tentando apagar a tensão da noite anterior do rosto. Não queria que Noah soubesse o quanto Marcus estava interferindo em sua vida pessoal.
— Estou, sim. Só mais um dia complicado, sabe? — respondeu, tentando sorrir.
Noah franziu a testa, claramente não convencido.
— Eu ouvi você conversando com Jacob mais cedo. Esse caso... ele está te consumindo, não é?
Daphne fechou os olhos por um instante, lutando contra o cansaço mental que ameaçava dominá-la.
— Não é algo com o qual você precisa se preocupar, Noah. — Ela se inclinou para bagunçar o cabelo do irmão, em um gesto de carinho. — Mas você devia estar dormindo a esta hora.
— Como eu vou dormir se sei que você está perseguindo um maluco? — Ele cruzou os braços, em uma tentativa de parecer mais firme do que realmente era. — Eu me preocupo com você.
Daphne olhou para ele, sentindo um aperto no peito. Noah sempre fora sua prioridade, especialmente desde que perderam os pais. Ela havia prometido a si mesma que cuidaria dele, que o manteria seguro, mas agora, com Marcus Crowe rondando sua vida, a promessa parecia cada vez mais difícil de cumprir.
— Eu sei que sim. — Daphne suspirou. — Mas você precisa confiar em mim. Eu vou pegar esse cara.
Noah assentiu lentamente, embora a preocupação ainda estivesse estampada em seu rosto.
— Ok. Mas você também precisa descansar, Daph. Não vai adiantar nada se você desmoronar antes de pegar esse tal de Crowe.
Ela sorriu, um sorriso fraco, mas verdadeiro.
— Tudo bem, você me pegou. Eu vou tentar dormir um pouco, prometo.
Noah sorriu de volta, satisfeito com a resposta. Ele se despediu e foi para o quarto dele, deixando Daphne sozinha novamente.
Ela voltou a se deitar, mas o sono ainda parecia um luxo distante. Sua mente voltava para o encontro na estrada. O modo como Marcus a olhara, com aquela intensidade gélida, como se estivesse brincando com ela. E, agora, com Noah de volta ao apartamento, a preocupação aumentava.
Marcus sabia onde ela morava. Ele sabia tudo sobre ela. O que a impedia de ir atrás de Noah? A ideia fez o estômago de Daphne se revirar. Ela levantou-se da cama, indo até a porta do quarto do irmão. Espiou por uma fresta e o viu dormindo tranquilamente, enrolado em seus cobertores.
Com um suspiro silencioso, Daphne voltou para sua mesa, abriu o laptop e puxou os arquivos do caso. Ela não podia deixar que Marcus Crowe interferisse em sua vida pessoal. Eu vou acabar com isso, ela pensou. De uma forma ou de outra.
Enquanto revisava os detalhes mais uma vez, seu celular vibrou sobre a mesa. Outra mensagem. Seu coração deu um salto involuntário ao ver o remetente.
"Sonhou comigo, Daphne?"
A mão de Daphne tremeu enquanto ela segurava o celular. Ele estava observando. Sabia que ela não dormira. Cada movimento seu parecia estar sob o controle dele.
Ela digitou rapidamente uma resposta.
"Você não vai vencer, Marcus."
O celular ficou em silêncio por alguns minutos, antes de vibrar novamente. Uma nova mensagem.
"Eu já venci, Detetive. Você só não percebeu ainda."
Daphne sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Marcus estava jogando com ela, manipulando suas emoções, levando-a à beira do caos. Mas ela não podia ceder. Ela não cederia.
Ela se levantou da mesa, determinada a acabar com aquele jogo, mesmo que isso custasse mais do que ela estava preparada para pagar.
Daphne respirou fundo, a tensão apertando seu peito. Ela apagou a luz do quarto e se sentou na beirada da cama, a mensagem de Marcus ainda pulsando em sua mente. Cada palavra dele parecia ecoar em seu subconsciente, como se ele estivesse sempre presente, sempre um passo à frente.
Noah, felizmente, estava dormindo profundamente. Ela não suportaria a ideia de seu irmão sendo arrastado para o inferno que Marcus criava ao redor dela. Ele já perdera tanto, e Daphne não permitiria que Crowe chegasse perto dele.
Mais uma vez, ela pegou o celular. Olhou para a última mensagem. "Eu já venci, Detetive." As palavras eram como um veneno, lentamente infiltrando-se em sua mente.
— "Você não conhece o que é perder, Crowe," ela murmurou para si mesma, sentindo a raiva crescendo. "Mas vai aprender."
Daphne sabia que o tempo estava correndo. Cada movimento de Marcus era cuidadosamente calculado, mas ele cometera um erro ao envolvê-la de forma tão direta. Agora, ela tinha uma missão pessoal: parar Marcus Crowe, de uma vez por todas.
Ela bloqueou o telefone e se permitiu fechar os olhos, apenas por alguns minutos. O cansaço finalmente a atingia, e ela sabia que precisaria de todas as suas forças para enfrentar o que estava por vir.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sussurros de um Assassino
De TodoDaphne Hale é uma detetive renomada, conhecida por sua frieza e precisão ao desvendar os mais complexos crimes. Mas, quando uma série de assassinatos brutais começa a assolar a cidade, ela se vê mergulhada em um jogo macabro, onde o assassino deixa...