El Imitador - KTH × JHS

Vinte e oito | Terapia

And when I was younger
I knew a boy and a boy
Best friends with each other
But always wished they were more
'Cause they loved one another
But never discovered
'Cause they were too afraid of what they'd say
Moved to different states

The story - Conan Gray

Jung Hoseok★

      Eu estava cansado demais     mentalmente. Pelo fato de que aquele dia tinha sido bem corrido. E só agora, às duas e pouca da tarde, que eu havia conseguido sair do galpão. A minha sorte era que o lugar onde Taehyung estava não ficava muito longe dali, muito menos o escritório da nossa terapeuta.

     Tinha sido uma conversa complicada com Marcus sobre o que faríamos com a gangue de traficantes mexicanos, e no final escolhemos a única opção que eu não queria: Extermínio.

    Acredite, eu sei o quanto eu sou hipócrita, e mesmo que eu não gostasse de admitir isso, eu sabia que era. Sabia que era contraditório eu gostar dessa vida, mas não gostar dos resultados de tê-la. Eu tentava a todo custo fugir dessa realidade. De ver as notícias nos noticiários e lembrar que eu fazia parte daquela escória. De fazer parte do mal da sociedade. Mas eu fazia, e não tinha como mudar isso agora.

    E sinceramente, eu não era o único a ter uma vida dupla. Todo mundo do meio de Hollywood está metido em coisas sombrias. E acredite se quiser, eu era um dos únicos a não estar fazendo algo tão ruim assim. Era até difícil ter amizades nesse meio, principalmente quando eu sabia que muitas daquelas pessoas eram pedófilos, traficantes de órgãos e humanos, e estupradores. Era esse um dos motivos de eu só ser amigo de anônimos - Yoongi era a única exceção, se eu ainda pudesse considerá-lo um amigo.

     Não estou dizendo que sou santo, eu não sou. Só estou dizendo que eu não sou um monstro. Mas afinal, quem eu estou tentando impressionar com isso? Taehyung? Ele sabia muito bem como era esse meio, cresceu nele. Cresceu em frente às câmeras, às festas repletas de drogas e orgias. E sinceramente, eu sabia que ele ainda deu sorte. Muitas das crianças crescidas nesse meio hoje em dia ou estão mortas, presas ou viciadas. Eu agradecia por Taehyung não ter tomado nenhum desses rumos.

    Porém, eu também não sabia de tudo que Taehyung tinha passado, porque ele sempre fugiu desse assunto. Mas eu conseguia imaginar que não tinha sido fácil, e muito menos agradável. Eu só rezava para que não tenha sido tão traumatizante assim.

    Deixei meus devaneios sobre caráter de lado e parei o carro em frente ao prédio enorme onde Taehyung estava. Mandei mensagem para ele, e não demorou para que ele me informasse que estava descendo.

     Encarei as pessoas desconhecidas andando nas ruas e deixei que minha mente imaginasse como minha vida seria se eu não fosse quem eu era. O que me fez lembrar da pergunta que Taehyung me fez no primeiro encontro. Quem eu seria se meus pais não controlassem meu destino? Não me leve a mal, meus pais nunca foram controladores ao extremo. Pelo contrário, eles só davam sua opinião, o problema era que eu tomava a opinião deles como verdade. Então, sem perceber, eu sempre fui tudo que eles queriam que eu fosse.

     Era estranho eu não saber o que quero. Até porque eu gosto da minha vida. Gosto da minha rede de hotéis, gosto da minha máfia de drogas. Eu realmente gosto! O que me faz perceber que eu sempre fui fácil de aceitar as coisas. Eu nunca esperei outra coisa, eu simplesmente aceitava o que me davam. Aceitei a faculdade, aceitei o emprego de chefe da rede de hotéis, e principalmente aceitei ser o líder do tráfico de drogas. E eu também aceitei Taehyung, desde que pus meus olhos nele.