Trinta e quatro | Mi día, tu dolor

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But Jesus Christ, don't break my heart
This wedding ring won't ever wipe off
But if you stay
Oh, if you stay (stay)
You'll probably leave later, anyway
It's love made in the USA

American Wedding - Frank ocean

Jung Hoseok ★

        Esses dias foram difíceis para mim. Lutei contra mim mesmo várias vezes. O sentimento de precisar contar para Taehyung sobre o que eu fiz era constante. Revelar que o acidente de seu pai não foi bem um acidente, e sim algo premeditado por mim. Eu fui o mandante da morte de seu pai.

       E mesmo vendo-o dizer várias vezes o quão bem estava e o quanto não se sentiu afetado pelo luto, esse pensamento não saía da minha cabeça. Principalmente após vê-lo no enterro. A cena dele chorando em meus braços e apoiado no caixão me deixou sem dormir por dias, sabendo que quem causou aquele sofrimento a ele fui eu.

       Sim, eu sabia que ele estava melhor agora. Que ele só precisava chorar toda a sua frustração para fora, dizer suas últimas palavras para seu pai. Palavras essas que ele me contou serem mais um desabafo por todo o mal que havia feito a si mesmo. E mesmo que isso tenha aliviado um pouco a minha culpa, ela não sumiu totalmente.

        Todos esses anos me relacionando com Taehyung e escondendo dele uma parte tão importante de mim sempre me deixaram com um pé atrás. Principalmente por saber que Taehyung sempre teve um problema com drogas, usando-as para escapar de sua realidade frustrante. E eu, sendo um narcotraficante na calada da noite desde os meus vinte anos, não era exatamente algo simples de se explicar agora.

        — Você parece nervoso — comentou Taehyung assim que descemos do carro. Eu forcei um sorriso fraco e neguei com a cabeça, entrando com ele no lugar onde fazíamos terapia. — Espero que você se sinta confortável para se abrir na sessão de hoje — falou, segurando minha mão.

        — Não tem nada — garanti, mesmo que não fosse verdade. — Só o trabalho que anda me ocupando demais — menti. Ele balançou a cabeça, embora parecesse não acreditar de verdade em mim. Batemos na porta e esperamos o casal da sessão anterior sair antes de entrarmos.

        — Boa tarde, doutora — disse Taehyung, sorrindo de forma simpática. Algo que eu percebi que havia mudado em sua personalidade. Ele não parecia mais tão ranzinza e, ultimamente, até parecia mais simpático do que eu. Algo que eu jamais conseguiria imaginar que aconteceria.

        — Boa tarde — sorriu de volta, lambendo os lábios e folheando sua caderneta em busca da nossa página. Ela endireitou os óculos e nos olhou com sua feição séria, mas ainda assim acolhedora, o que já me deixava nervoso. — Então, como anda a relação de vocês?

         — Ótima! — respondeu Taehyung primeiro, rindo ao perceber que eu queria responder também. — Desculpa — pediu, lambendo os lábios. — Estamos conseguindo discutir sobre as coisas sem brigarmos. O diálogo entre nós está bem melhor, o que, para mim, foi um grande avanço.

        — É, para mim também — respondi, apertando os dedos de minhas mãos ao perceber o olhar de Mira sobre elas. — Principalmente porque, para mim, foi algo bem difícil. Acho que foi o maior desafio que já tive — comentei. Taehyung assentiu com a cabeça, já que ele presenciou quão frustrante aquilo me deixava, mesmo sabendo que nos fazia bem.

         — E por quê? — questionou a doutora, me olhando daquele jeito que sempre me deixava desconfortável. Eu sabia que era um olhar de quem já sabia o motivo, mas só queria que eu respondesse. Mesmo assim, eu odiava falar em voz alta.

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⏰ Última atualização: 15 hours ago ⏰

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