Only To Burn Me With The Sun

Capítulo 19

Lucius a viu quando ela entrou.

Ele não conseguia realmente sentir falta dela – não desde que seus sentidos decidiram abandoná-lo, e ele descobriu que estava constantemente ligado em um modo 'onde está Granger'. Ele era um ímã para ela, sentindo a atração sempre que ela estava a cem metros; ele era um feitiço localizador que dava terrivelmente errado, ficando quente e desconfortável assim que ela cruzava sua linha de visão. Estava ficando bem patético, realmente. Não que ele fosse admitir isso para si mesmo.

Estranho fascínio ou não, não foi só Lucius que notou Hermione quando ela entrou no salão de baile naquela noite. Cada par de olhos masculinos na sala se desviou de suas esposas e em direção às portas, rastreando Granger enquanto ela deslizava entre eles. Eles eram como pegas, escolhendo algo brilhante e novo para o ninho. E brilhante e nova, ela certamente era: ela estava vestida com longas vestes prateadas, uma cor mais clara que lhe caía bem, e a fazia brilhar como cristal. As vestes tinham mangas longas e gola alta, mas em vez de cobri-la ou fazê-la parecer abafada, elas a faziam parecer... elegante.

Só que ela não é , pensou Lucius, engolindo sua bebida com mais amargura do que o normal. Ela é uma vira-lata, se é que já vi uma.

Ele terminou a bebida. Ao espiar um garçom próximo, Lucius jogou seu copo vazio na bandeja, o que lhe rendeu um olhar sujo em troca.

Essa multidão não a teria acolhido aqui em um milhão de anos se não fosse por seu nome, ou com quem ela estava associada. Os Bulstrodes, os Fawleys, os Averys – eles não teriam olhado para ela duas vezes. É simplesmente uma questão de fama acumulando fama; dinheiro perseguindo dinheiro implacavelmente.

Lucius se surpreendeu com o nível de animosidade que nutria por ela. Ele nunca teria dado a mínima importância à garota Granger antes, de uma forma ou de outra. Ele certamente não se preocupou com o sangue ou o status dela antes disso. E agora, os velhos preconceitos eram algo que ele praticamente renunciou. Tudo estava desbotado desde a guerra — sangue-ruim, sangue-puro, meio-sangue. O que importava, quando você era o animal, andando de um lado para o outro dentro da gaiola? Ele era impotente de qualquer maneira.

E ela ? Sua atitude hipócrita o deixou irritado o suficiente para pensar em trazer aqueles velhos preconceitos de volta. Só pelos velhos tempos.

"Nada de Narcisa esta noite?", ouviu-se uma voz familiar, vinda de perto, ao lado dele.

Ele se virou. Adèle Selwyn estava lá, mirando nele como se suas costas tivessem um alvo pintado. Ele suspirou interiormente. No que dizia respeito a ela, talvez tivesse. Ele nunca parecia ser capaz de se afastar o suficiente dela.

"Não, Narcissa", ele ecoou, forçando um sorriso. "Ela não está se sentindo bem o suficiente para descer, eu temo."

"Ooh," Adèle riu, "safada, safada. Não consigo imaginar que o velho e querido Bastien ficará satisfeito. Ela é uma das favoritas dele, não é?"

Ah, Bulstrode.

Os olhos de Lucius piscaram em direção ao homem em questão. O velho idiota nojento estava ocupado seduzindo algumas mulheres próximas, cuja idade coletiva era metade da sua. Elas estavam rindo junto com suas piadas, mas não tanto quanto o próprio Bulstrode. Quando uma das mulheres se virou para receber uma nova taça de champanhe de um dos garçons, Lucius o viu se abaixar e aproveitar a chance – apertando rapidamente a bunda da pobre mulher.

Os punhos de Lucius se cerraram, ansiosos por uma varinha que não estava mais ali.

Ele queria amaldiçoar Bulstrode pelo que ele tinha feito. Pior; ele queria espancá -lo. Ele queria ficar selvagem como um trouxa comum, despejando sua raiva no rosto do outro homem, não parando até que ele estivesse sangrando e gritando e sem a maioria dos dentes.