2: O plano perfeito

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Há uma coisa peculiar em observar alguém todos os dias

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Há uma coisa peculiar em observar alguém todos os dias. Você começa a se sentir parte da vida dessa pessoa. Um membro invisível, mas indispensável. Eu sabia, por exemplo, que Kylie tinha uma rotina quase metódica. Suas manhãs, normalmente, eram dedicadas à família ou ao treino. À tarde, ela seguia para a sede de sua marca, a Kylie Cosmetics, e, nas noites de sexta-feira, saía para jantar com amigos ou familiares.

E eu? Eu era a sombra. A pessoa que estava sempre lá, garantindo que nada nem ninguém interferisse na perfeição que era sua vida. Mas ela ainda não sabia que precisava de mim – ao menos não completamente.

Nos dias que se seguiram, minha obsessão se aprofundou. Cada movimento dela era registrado na minha mente. Eu estava me preparando para um encontro planejado, para o momento certo de entrar em sua vida de verdade. Porque, no fundo, eu sabia que precisaria de um motivo legítimo para me aproximar. Uma desculpa convincente para que ela finalmente me enxergasse.

Naquela noite, fiquei horas observando seus stories, examinando cada postagem, cada vídeo. E foi então que tive uma ideia. Ela sempre compartilhava fotos de sua coleção de maquiagem, da linha nova de batons… mas o que ninguém via era o quanto essas publicações revelavam sobre seu ambiente. Cada reflexo, cada detalhe no fundo das fotos… E lá estava o momento perfeito: o evento beneficente em que ela participaria no final de semana.

Passei a sexta-feira inteira me preparando. Fiz questão de vestir algo que eu sabia que ela notaria: um vestido preto discreto, mas com um toque de elegância. Eu precisava de um look que passasse confiança, algo que me permitisse parecer alguém que ela chamaria para perto, não uma fã comum. Eu seria encantadora, inofensiva, talvez até alguém para ser considerado como amiga.

O evento estava lotado. Entre socialites e jornalistas, consegui me infiltrar na multidão e vi, de longe, o brilho inconfundível dos flashes que acompanhavam Kylie onde quer que fosse. Ela era uma estrela, e o brilho que emanava só reforçava meu desejo de protegê-la. Como aquelas pessoas ousavam tratá-la como uma mera celebridade, sem entender a profundidade, a complexidade que ela carregava?

Mantive distância, me misturando entre os convidados. Eu a observava de longe, avaliando cada pessoa que se aproximava dela. Havia olhares de interesse, falsidade e, em alguns, até inveja. Mas eu estava ali. Atenta. Pronta para afastar qualquer um que ameaçasse o bem-estar de Kylie.

E então o momento chegou.

Ela se afastou da multidão, buscando uma área mais tranquila. Os seguranças permitiram que ela se dirigisse para o lounge privado do evento. Foi ali que eu decidi agir. Esperei um momento de distração, e me aproximei, minha respiração controlada, minha postura meticulosamente estudada para não parecer suspeita.

— Kylie? — falei, fingindo surpresa. — Meu Deus, é você?

Ela me olhou, seu rosto mostrando uma mistura de reconhecimento e curiosidade. Aquele olhar… eu já o conhecia tão bem das redes sociais, mas agora ele estava direcionado a mim.

— Oi… Sim, sou eu — ela respondeu com um sorriso leve.

— Ah, me desculpe. Não quero incomodar, é só que... eu não esperava ver você tão de perto. — Olhei para ela com admiração genuína (e realmente era genuíno, embora fosse mais profundo do que ela podia imaginar). — Eu trabalho naquele café onde você esteve outro dia.

Um brilho de compreensão passou por seus olhos.

— Ah, claro! Você foi muito gentil comigo naquele dia.

— Foi um prazer. — Eu sorri, hesitando como se fosse recuar. — Sabe, deve ser tão difícil para você, com tantos olhares sobre você o tempo todo. Eu não conseguiria lidar com isso… Deve ser exaustivo.

Ela suspirou, como se meus sentimentos espelhassem os dela. Isso era importante: eu precisava que ela sentisse que eu a entendia. Que, entre todos, eu era a pessoa que não a julgava.

— Às vezes é… — Kylie admitiu, a voz suave, como se confessasse algo para uma amiga. — Mas faz parte da minha vida agora. Eu já me acostumei… Acho que é o preço da fama.

E ali estava a oportunidade. Coloquei a mão levemente em seu braço, como um gesto de apoio.

— Sabe que sempre que precisar de um lugar para relaxar, longe dos flashes, o café estará lá, certo? Não vou contar para ninguém. É nosso segredo.

Ela sorriu, e eu pude ver, pela primeira vez, a semente da confiança plantada. Esse era o começo.

Naquela noite, voltei para casa com um sentimento de triunfo. Eu sabia que havia dado o primeiro passo para entrar na vida dela. E, como sempre, passei horas analisando tudo o que ela já havia postado, tudo o que mostrava quem Kylie realmente era.

Cada sorriso e cada lágrima eram meus. Só meus.

Ela estava cada vez mais dentro da minha teia, e agora tudo o que eu precisava era manter a paciência e esperar o momento certo para dar o próximo passo.

Ela estava cada vez mais dentro da minha teia, e agora tudo o que eu precisava era manter a paciência e esperar o momento certo para dar o próximo passo

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𝐎𝐁𝐒𝐄𝐒𝐒𝐀𝐎 | 𝑲𝒀𝑳𝑰𝑬 𝑱𝑬𝑵𝑵𝑬𝑹Onde histórias criam vida. Descubra agora