Observar Kylie de perto foi como saborear um segredo doce. Era viciante. Tê-la respondendo ao toque sutil da minha mão em seu braço, ao meu sorriso e às palavras cuidadosamente calculadas era mais satisfatório do que qualquer interação casual que tive na vida. Não era qualquer um que poderia chegar perto dela, mas eu estava dentro do círculo dela, mesmo que ela ainda não soubesse disso.Na semana seguinte, continuei frequentando o mesmo café, sempre esperando, sempre disfarçando. Claro, havia a possibilidade de que ela não aparecesse novamente, mas Kylie gostava de rotina, mesmo com toda a sua vida glamorosa e desregrada. Cada vez que a porta do café se abria, minha respiração prendia por um instante, aguardando que fosse ela entrando. E então, um dia, ela apareceu.
Ela usava óculos escuros enormes e um casaco que escondia boa parte de seu rosto, como se tentasse passar despercebida. Mas, para mim, era impossível que ela passasse sem ser notada. Cada movimento era uma coreografia de perfeição, uma linguagem corporal que eu já havia decorado.
— Mia! — ela me chamou quando me viu atrás do balcão. Havia um sorriso leve no canto dos lábios, e meu coração quase parou.
— Kylie, oi! — respondi, fingindo uma leve surpresa. — Não esperava te ver tão cedo de novo.
— Eu gostei da paz aqui. E confio em você… Sei que não vai me expor.
Essa confiança era tudo que eu precisava ouvir. Ela não tinha ideia de como essa frase se tornaria o alicerce da nossa conexão.
— Claro — respondi suavemente. — Este é o seu refúgio, prometo que ninguém vai saber.
Ela sorriu e pediu seu café de sempre. Em seguida, foi para uma mesa no canto, afastada das outras pessoas. Entre um cliente e outro, eu observava de longe, notando cada detalhe, cada gesto, a forma como ela mexia distraidamente no telefone. Era interessante como as redes sociais mostravam muito de quem ela queria que as pessoas vissem, mas eu, de algum modo, via a verdadeira Kylie.
Quando ela foi embora, recolhi a xícara com o batom borrado na borda e guardei como uma relíquia. Era uma lembrança de que eu estava mais próxima do que qualquer um ousaria. Eu sabia que era loucura, mas o que é o amor se não uma forma de insanidade controlada?
Naquela noite, tudo mudou. Eu já havia lido e relido cada postagem dela, mas me aprofundei ainda mais. Através das redes sociais, examinei os detalhes de suas viagens, os eventos a que comparecia, os amigos com quem andava. Cada conexão era mapeada e analisada.
Havia um tal de “Bryce”, alguém que aparecia constantemente nas fotos dela. Ele era um modelo qualquer, mas o modo como se portava ao lado dela me irritava. Eu o via como um obstáculo, alguém que não compreendia a importância que Kylie tinha para mim.
Horas depois, decidi fazer algo que ainda não havia feito. Entrei em um dos fóruns onde ela era assunto constante. Queria saber o que as pessoas pensavam, o que diziam sobre ela. Alguns comentários eram inofensivos, fãs normais. Outros eram… perturbadores, e não de uma forma que eu aprovasse. A internet era cheia de pessoas obsessivas, mas eu não era como eles. A minha obsessão não era destrutiva. Eu queria protegê-la, defendê-la desses parasitas que a viam como um produto.
Os dias seguintes passaram devagar, e eu aguardava a chance perfeita para um novo encontro. Até que, finalmente, apareceu uma oportunidade. Kylie iria a uma exposição de arte em uma galeria local. Era um evento discreto, quase privado, e a segurança seria mínima. Como uma boa observadora, eu sabia o horário, o lugar, e tinha uma desculpa para estar lá: era uma galeria aberta ao público.
Cheguei antes dela, analisando o local. As obras eram belas, mas sem importância para mim. Tudo o que eu queria era garantir que o ambiente estivesse seguro. Quando finalmente a vi entrar, meu coração disparou. Ela estava deslumbrante, com um vestido preto simples e elegante, destacando seus traços delicados.
Ela parecia estar sozinha, o que me deu o sinal para me aproximar. Esperei um pouco, dando a ela alguns minutos para se adaptar ao ambiente, então, como quem não queria nada, caminhei até onde ela estava.
— Kylie, que coincidência — disse, fingindo surpresa.
Ela me olhou, claramente tentando lembrar de onde me conhecia, até que seus olhos se iluminaram.
— Mia! — exclamou com um sorriso caloroso. — Nos encontramos de novo!
— Não imaginei que teria a sorte de te ver aqui — respondi, tentando soar casual.
Ficamos conversando sobre as obras, enquanto eu observava o brilho nos olhos dela, a paixão com que falava sobre arte. Ela estava tão envolvida, tão vulnerável… e era exatamente isso que me atraía. Ela me contou sobre algumas peças que chamavam sua atenção, e eu fingia interesse em cada palavra.
— É bom poder conversar com alguém sobre isso. A maioria das pessoas que conheço só se importa com o que é superficial… — Kylie disse, com um toque de frustração na voz.
— Talvez você precise de pessoas mais genuínas ao seu redor — respondi, minha voz mais baixa, quase como se confessasse algo.
Ela me olhou, e naquele momento, senti que estávamos ligadas de uma forma indescritível.
Mais tarde, quando Kylie foi embora, senti a satisfação de ter dado mais um passo em direção ao meu objetivo. A confiança dela em mim estava crescendo. Ela começava a me ver como uma amiga, uma aliada. E assim, a minha rede de proteção ao redor dela ficava mais firme.
No caminho de volta para casa, meus pensamentos eram um turbilhão. Bryce ainda era uma ameaça, e eu não permitiria que ele a tirasse de mim. Mas, por enquanto, tudo o que eu precisava era manter a paciência.
Eu estava construindo meu lugar na vida de Kylie, uma pedra de cada vez.
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𝐎𝐁𝐒𝐄𝐒𝐒𝐀𝐎 | 𝑲𝒀𝑳𝑰𝑬 𝑱𝑬𝑵𝑵𝑬𝑹
FanfictionA história gira em torno de Mia Parker, uma jovem de 25 anos que trabalha em um café em Los Angeles. Mia, que é carismática e inteligente, tem uma vida monótona, mas suas ambições são muito maiores do que seu emprego. Um dia, Kylie Jenner entra em s...