𝐎𝐁𝐒𝐄𝐒𝐒𝐀𝐎 | 𝑲𝒀𝑳𝑰𝑬 𝑱𝑬𝑵𝑵𝑬𝑹

16: de olhos abertos

Kim Kardashian

A atmosfera na casa era pesada, e o sentimento de desconforto persistia. Desde que Mia entrou na vida de Kylie, algo havia mudado, como se uma sombra tivesse se estendido sobre nós. O comportamento dela, à primeira vista, parecia adorável. Mas, à medida que os dias se transformavam em semanas, uma inquietação começou a brotar dentro de mim e de minhas irmãs. Era como se Mia estivesse manipulando lentamente a percepção que tínhamos dela, escondendo uma verdade obscura por trás de seu sorriso.

Kylie estava cada vez mais absorta em sua nova “namorada”, e isso apenas acendia mais alarmes em nossas cabeças. O que era inicialmente uma fase de entusiasmo agora se transformava em um estado de vigilância constante. Eu sabia que precisava compartilhar minhas preocupações com Khloé, Kourtney e Kendall. Juntas, decidimos que deveríamos investigar mais a fundo.

Reunimos-nos em uma das salas da mansão, cada uma com um olhar sério. Eu me inclinei para frente, com as mãos unidas, tentando formular as palavras certas.

— Estou começando a ficar preocupada com a Mia — comecei, olhando para cada uma delas. — Fiz algumas pesquisas e... não consegui encontrar nada sobre ela. É como se ela não existisse. Nenhuma rede social, nenhum histórico. Isso é esquisito.

Kourtney balançou a cabeça. — Isso é verdade. Eu tenho um pé atrás. Parece que ela está sempre muito preocupada em controlar a narrativa.

— E, sim, ela tem esse jeito de agir que me deixa incomodada. É como se ela estivesse sempre avaliando tudo ao seu redor — acrescentou Khloé, cruzando os braços.

Kendall franziu o cenho, pensativa. — Eu vi como ela olha para Kylie. Não é apenas amor, tem algo mais, como se ela estivesse estudando cada movimento dela.

As irmãs se entreolharam, e eu sabia que sentíamos a mesma coisa. O peso da insegurança se acumulava à medida que refletíamos sobre o comportamento de Mia.

Mais tarde, enquanto as irmãs se dispersavam, fiquei sozinha em meu quarto, pensando na gravidade da situação. Precisava de mais informações. A curiosidade se tornou uma obsessão, e eu comecei a juntar as peças. Mas, quanto mais eu procurava, mais as respostas pareciam escapar de mim. O fato de não encontrá-la em lugar nenhum me deixava inquieta, quase como se estivéssemos lidando com uma força invisível.

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Nos dias que se seguiram, a estranheza de Mia não desapareceu, e suas interações com Kylie se tornaram cada vez mais intrigantes. Ela parecia saber o que Kylie queria, até mesmo antes dela mesma perceber. Eu a observei em várias ocasiões; pequenos gestos, olhares que pareciam se comunicar em um nível que eu não conseguia entender. A maneira como Mia tocava Kylie, como a fazia rir — havia uma frieza sob esses gestos que deixava um arrepio em minha espinha.

Uma noite, enquanto estávamos todas juntas, Mia se juntou a nós. Eu a encarei, percebendo como sua presença tinha o poder de alterar a dinâmica da sala. Ela sorriu, mas havia algo sinistro em seu olhar.

— Vocês se importam muito com Kylie, não é? — disse ela, quase como se estivesse fazendo um teste. — É bonito ver como a família se une para proteger uma pessoa amada.

Senti meu coração acelerar. O tom dela era leve, mas o olhar que lançou em direção a nós parecia dizer outra coisa. Como se ela soubesse exatamente o que estávamos fazendo. Como se soubesse que estávamos desconfiadas. Uma onda de desconforto percorreu a sala.

Khloé fez uma careta, sua expressão revelando a desconfiança crescente. — Claro que nos importamos. É por isso que estamos sempre atentas.

Mia riu suavemente, mas havia uma dureza em seu sorriso. — É sempre bom ter olhos atentos. Às vezes, o mundo pode ser um lugar perigoso.

Eu troquei olhares com minhas irmãs, e o silêncio se instalou por um breve momento. Havia uma tensão palpável no ar, e eu sentia que a conversa havia se desviado para um território perigoso.

— Mas não se preocupe, eu sou uma boa pessoa. Só quero o melhor para a Kylie — disse ela, sem desviar o olhar.

Mas eu sabia que era uma fachada. As palavras eram doces, mas o subtexto era mais sombrio, como se ela estivesse tentando nos acalmar enquanto se preparava para atacar.

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Depois daquela conversa, eu não conseguia parar de pensar em Mia. Era um enigma, e quanto mais eu tentava desvendá-lo, mais confusa ficava. As irmãs e eu começamos a nos reunir mais frequentemente, discutindo o que sabíamos, o que sentíamos, e o que poderia acontecer a seguir. O sentimento de que estávamos cercadas por algo perigoso não nos abandonava. O olhar de Mia permanecia em nossas mentes, e sua presença se tornava cada vez mais opressiva.

Naquela noite, decidi que precisávamos fazer algo mais do que apenas discutir. Precisávamos de um plano para investigar mais a fundo. Mia poderia parecer uma amiga, mas eu estava começando a acreditar que havia algo mais profundo e obscuro em seu ser.

Era hora de enfrentar o desconhecido e descobrir o que realmente estava escondido sob a superfície. Eu precisava proteger minha família e, principalmente, Kylie.