PRINCESA

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Ana Flávia

Ele me olhava com aqueles olhos escuros, como se estivesse enxergando cada pedacinho partido dentro de mim. E por mais que eu tentasse esconder minhas inseguranças, ele parecia ver além de todas as máscaras que aprendi a usar ao longo dos anos. Senti meu coração acelerar.

— Respira, não pira,— ele sussurra, se aproximando, a voz baixa, quase como se estivesse me contando um segredo.

Eu respiro fundo, mas minha mente está uma bagunça. Meu passado, minhas cicatrizes, tudo parece gritar dentro de mim, tentando me lembrar de todos os motivos pelos quais eu deveria manter distância. Mas com ele tão perto, tudo parece um pouco mais fácil.

— Gustavo… eu tenho medo, sabe? — digo, a voz falhando.

Ele segura meu rosto, me obrigando a encará-lo. Os olhos dele são calmos, intensos.

— Me beija, me abraça, — ele fala devagar, deixando o silêncio preencher o espaço entre nós. — Deixa eu acalmar suas incertezas, seu medo de amar… é normal.

Ele diz isso com uma certeza tão reconfortante que eu quase acredito. Quase. Ele me puxa mais para perto e, de repente, sinto seu lábio encostando no meu. É como se, naquele momento, o mundo ficasse quieto, e todo o medo sumisse.

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Gustavo

Ver a dor dela é como um soco no estômago. Sei que alguém a machucou antes, sei que ela carrega cicatrizes que não posso apagar. Mas… não é porque alguém a deixou assim que eu vou fazer o mesmo.

— Eu vou fazer você acreditar no amor,— murmuro contra seus lábios, vendo-a fechar os olhos, como se estivesse se permitindo acreditar, só um pouco.

Ela encosta a cabeça em meu peito, e tudo que quero é protegê-la. Sinto cada pequena tensão, cada medo que tenta roubar esse momento. E eu sei que tenho trabalho a fazer. Quero curar cada parte dela, quero ser esse remédio que ela precisa.

— Princesa, descansa, me ama, — digo, beijando sua testa. Ela sorri, e eu sinto um calor me preenchendo, um que eu nem sabia que existia.

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Ana Flávia

Ele promete, com cada toque, cada beijo. E eu quero tanto acreditar. Tanto.

— Gustavo, me fala, como você consegue? — pergunto, me sentindo vulnerável.

Ele ri, me abraça mais forte.

— De oito em oito segundos, te dou um beijo. Eu vou curar seu medo, me fala onde é que tá doendo. — Ele diz com tanta suavidade que me derrete inteira. — Me mostra onde foi que machucou, que eu vou soprar, beijar, te amar até curar a dor.

E quando ele diz isso, algo em mim muda. Eu sinto que, talvez, só talvez, ele seja o meu remédio. E dessa vez, eu escolho acreditar.

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Ana Flávia

O abraço dele me envolve de um jeito que nenhuma dor ou insegurança consegue atravessar. É estranho sentir tanta paz ao lado de alguém. Minhas mãos deslizam pelo peito dele, sentindo seu coração bater firme, constante. Eu queria tanto ser assim, queria ter essa coragem que ele carrega com tanta facilidade.

— Não sei como você faz isso… — murmuro, mais para mim do que para ele.

— Faço o quê? — ele pergunta, inclinando a cabeça para me olhar.

— Parece que tem uma certeza dentro de você… que… — respiro fundo, tentando encontrar as palavras. — Que vai dar certo. Que vai ser pra sempre. Eu… não sei como é isso.

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⏰ Última atualização: Oct 27 ⏰

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