Capítulo 16: O limiar entre dois mundos

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Quando o grupo emergiu para o lado de fora, uma rajada fria de vento cortou seus rostos, como um aviso final de que ainda estavam entre dois mundos - o da escuridão que quase os engoliu e o da realidade que finalmente reencontravam. Atrás deles, a casa desabou em silêncio, transformando-se em poeira e sombras, como se nunca tivesse existido.

Amélia ofegava, ainda segurando firme a mão de Dylan. Marco ajudou Lucas a se sentar na grama úmida, apoiando-o cuidadosamente para não agravar seu ferimento. Clara caiu de joelhos, exausta, mas o alívio por estar livre finalmente começava a tomar conta dela. O céu acima estava começando a clarear, com os primeiros raios do amanhecer rompendo as nuvens cinzentas.

"É isso?" Marco murmurou, olhando para o vazio onde a casa esteve. "Acabou mesmo?"

Dylan permaneceu calado por um momento, seus olhos fixos no ponto onde a escuridão se dissipara. "Acabou aqui," respondeu com cautela, como se ainda não conseguisse confiar plenamente na vitória. "Mas não sei se acabou de verdade."

Clara esfregou os braços como se tentasse afastar um frio que ainda não havia ido embora. "Senti algo lá dentro... como se a escuridão tivesse deixado uma marca em mim. Não sei explicar."

Amélia se ajoelhou ao lado dela e segurou sua mão com firmeza. "Você está aqui conosco agora. Isso é o que importa. Vamos superar isso juntos."

Lucas tossiu levemente, tentando aliviar a tensão com um sorriso. "Só espero que da próxima vez que precisarem de mim, não envolva espelhos amaldiçoados."

Marco deu uma risada curta, aliviada, enquanto amarrava melhor o improviso que fizera para o ferimento de Lucas. "Vamos torcer para não ter uma próxima vez."

Dylan olhou para o horizonte, onde o sol finalmente despontava, banhando a paisagem com uma luz dourada suave. Por um momento, o peso da escuridão pareceu distante, como uma lembrança que poderia se apagar com o tempo. Mas algo dentro dele lhe dizia que não seria tão fácil.

"Precisamos voltar para a cidade," disse Amélia, de pé, determinada a não deixar o medo corroer a sensação de vitória. "Lucas precisa de cuidados, e todos nós precisamos descansar."

Marco ajudou Lucas a se levantar, apesar do peso do cansaço que agora recaía sobre todos. Clara se colocou ao lado de Amélia, e Dylan, com um último olhar para a ruína da casa, se virou e começou a caminhar junto aos outros.

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