15 - see you

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A sala de aula estava silenciosa, com todos concentrados na atividade que a professora passara. No canto esquerdo, Nayeon mantinha os olhos fixos na folha, tentando ao máximo manter o foco. Desde o último incidente, sua mente andava dispersa. Ela não conseguia tirar Momo da cabeça, a maneira como os olhares da garota sempre pareciam zombeteiros, como se soubesse exatamente o que Nayeon estava sentindo e se divertisse com isso.

Como se, quando ela a olhava bem no fundo dos olhos, soubesse inclusive sobre aquele sonho que a fez acordar molhada.

A sul-coreana ficava repetindo em sua cabeça diversas vezes: você tem um namorado. Você tem o Mark. Você não gosta de mulheres. Você não sente atração por mulheres. Você só está confusa, ela é mesmo bonita, mas não é desejo, não é nada que parece ser.

— Turma, podem me entregar o trabalho. — a professora anunciou em um tom aberto para que todos pudessem ouvir.

Nayeon respirou fundo e, apanhando a folha, se levantou. No mesmo instante, Momo também se pôs de pé. Elas caminharam até a mesa, lado a lado, sem dizer nada, mas a tensão no ar era quase palpável. Nayeon tentou ignorar a presença de Momo ao seu lado, mas seus olhos se desviaram, notando o jeito confiante com que a rival andava.

Ao alcançarem a mesa, ambas estenderam o trabalho ao mesmo tempo, suas mãos se tocando brevemente. Nayeon congelou, enquanto Momo soltou um pequeno sorriso provocativo. Ela se afastou primeiro, mas não sem lançar a Nayeon um olhar que dizia tudo: desafio e curiosidade.

Mal sabia ela o que Momo estava pensando em fazer. Não era nada por mal, mas porque também precisava sanar uma dúvida dentro de si, e precisava ir até Sana e dizer que ela realmente só sentiu o que sentiu porque achou que era Mark.

De qualquer forma, a japonesa voltou para o lugar e se sentou. Nayeon foi logo atrás, se sentando também em seu devido lugar.

— Amiga, você está bem? Estou sentindo você tão estranha ultimamente... — Mina comentou tocando o ombro dela quando ela se sentou.

— Estou. — Respondeu monossilábica e analisou a capa do caderno. — Irei ao banheiro. — Disse se levantando e saiu do local. No entanto, a estrangeira caminhou até a mesa da professora.

— Professora, vai ter outra atividade em dupla? — Perguntou com um sorriso. — Eu queria fazer com a Nayeon.

— Você é a primeira garota que pede isso. — Ela disse, dando um ar de riso baixo. — Tudo bem. A próxima tarefa é em dupla, irei deixar vocês juntas, já que você quer.

E com a resposta que queria, retornou para a mesa. Quando todos já estavam em silêncio novamente e Nayeon tinha retornado do banheiro, a professora começou a explicar sobre a próxima tarefa.

— Vocês vão precisar fazer a página cinco, nove e quinze. Precisam me entregar até o final da aula. Juntem-se com as duplas que vocês quiserem, mas, Nayeon, você conversou muito da última vez, então quero que faça dupla com alguém que você se comporte ao lado. Hirai Momo.

— O quê? Professora, eu fiquei quieta! — Ela contestou.

— Não muito. Faça o que eu estou mandando. — Disse em seriedade e voltou a se sentar na mesa. Os barulhos das cadeiras se arrastando se faziam presente, e a japonesa olhou para Mina como quem ordenasse que desse aquele lugar para ela. Sendo assim, sentou-se no assento agora disponível.

— Que triste coincidência. — Murmurou Momo. Suas cadeiras juntas. — Aposto que queria fazer com seu namorado, mas vai ter que se contentar comigo.

— Infelizmente... — ela falou baixinho e abriu o caderno. Mas nenhuma delas esperava das pernas delas se encostarem e alisarem uma na outra.

Porém, as duas gostaram.

E sem dizer uma palavra sobre, mantiveram a aproximação.

— Vamos logo começar com isso. — Disse Hirai, se concentrando na leitura. Nayeon fez o mesmo, mas enquanto ela lia, Momo a olhava de relance, analisando alguns traços. — Você pensou no que eu falei para você?

— Sobre o quê?

— O carro. Pensou sobre deixar de ser orgulhosa um pouco?

— Eu não quero falar sobre isso.

As duas rapidamente voltaram a fitar o caderno, mantendo o olhar fixo nas palavras, mas sem realmente ler nada. O calor da proximidade, o toque das pernas e as palavras trocadas ficaram ali, pairando como uma sombra entre elas, impossíveis de ignorar.

Nayeon tentou retomar a respiração calma, mas o coração ainda batia acelerado, como se cada fibra do seu corpo estivesse consciente da presença de Momo tão perto.

A professora passou entre as fileiras e olhou para a dupla, mas não notou nada além de duas alunas aparentemente concentradas na tarefa. Assim que ela se afastou, Momo desviou o olhar para Nayeon, disfarçando com uma pergunta casual.

— Bom... como ficou essa resposta aqui? — perguntou, apontando para o exercício e forçando a voz a soar natural.

— Acho que está... — Nayeon começou, mas parou ao perceber o olhar da outra sobre si.

Houve um breve silêncio antes que Momo recuasse, com um sorriso que era tanto provocador quanto confiante.

— Não vamos terminar isso hoje, né? — comentou Momo, como se estivesse falando da tarefa, mas Nayeon sabia que não era exatamente sobre aquilo.

— Acho que não — respondeu, tentando controlar a voz.

Quando o sinal tocou, indicando o fim do segundo tempo da aula e o início do intervalo, Nayeon rapidamente começou a guardar seu material, evitando olhar diretamente para Momo. Mas antes de sair da sala, a japonesa colocou a mão sobre o braço dela, impedindo-a de ir.

— Sabe, precisamos terminar esse dever... que tal na biblioteca? — sugeriu Momo, com um tom de voz que deixava implícito que esse "dever" seria apenas uma desculpa.

Nayeon hesitou, mas não queria deixar Momo ter a última palavra, nem queria fugir daquela provocação velada.

— Não se atrase — respondeu, em um tom que tentava ser autoritário, mas que traía uma ponta de nervosismo.

Com um último olhar cheio de tensão, ambas saíram da sala. O próximo encontro já estava marcado, mas nenhuma delas sabia o que esperar.

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