14 - inside the car

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— Foi sem querer.

Nayeon disse do nada no meio do silêncio que antes preenchia o veículo. Estava dirigindo sem olhar para nenhum outro lugar que não fosse a frente.

— O quê?

— O beijo.

— Eu sei. Nós nos beijamos porque...

— Não o nosso. Com a Sana. — Interrompeu. — Nós estávamos distraídas, e você sabe como ela é. Veio dizendo que ia me beijar e eu fingi que ia a beijar de novo, mas estava perto. Estava mesmo perto. Não sei o que deu em mim, eu só... tive um impulso e dei um selinho nela. Ela ficou sem acreditar no que aconteceu, e eu fingi que nada tinha acontecido. Mas o Mark viu.

— E o que ele falou?

— Ah, nada demais. Mas já estávamos nos envolvendo sério naquela época e ele não gostou de eu ter beijado alguém. Eu decidi me afastar dela porque não queria que aquele beijo fosse mencionado novamente.

— Mas por que não falou nada com ela sobre o motivo de ter se afastado?

— Porque achei que ela não quisesse me ver também. Achei que ela estivesse chateada.

— Você também sabe como ela é. Ela abraça a todos, faz carinho em todos, dá beijo em todos. Por que se incomodaria de ter recebido um selinho sem querer da amiga dela na época?

— Eu não sei, eu... — suspirou. — Eu nem sei por qual motivo estou te contando isso.

— Relaxa. O que acontece no carro, fica no carro.

— E no quarto também. — incluiu.

— Nos dois quartos?

— Nos dois quartos. — Nayeon confirmou e novamente ficou distante. Quando chegou, estacionou o carro.

Momo tirou o cinto de segurança, mas Nayeon não conseguiu tirar o dela.

— Está fraca? — A japonesa questionou rindo.

— Cala a boca. — Murmurou. Momo levantou um pouco do banco dela e inclinou para ir até o alheio e tentar auxiliar para retirar o item, mas as cabeças de ambas bateram.

Ao invés de reclamarem, deram risada do acontecimento. Quando as risadas cessaram, perceberam então o quão próxima estavam uma da outra.

Nayeon engoliu a seco, mas não foi a única a ficar nervosa. Momo também estava.

Estavam tão próximas a ponto das respirações se cruzarem como no dia em que se beijaram.

Voltou a se concentrar com dificuldade em retirar o item da garota, que estava emperrado, mas por um descuido, desequilibrou e caiu sentada no colo da sul-coreana.

Ali, Nayeon sentiu o calor voltar com tudo em seu interior.

— Desculpa. — Momo sussurrou e tentou se levantar novamente, mas Nayeon puxou a cintura da garota para baixo, se arrependendo um pouco por ter feito aquilo, pois o efeito que teve dentro de si foi ensurdecedor.

— Não vai adiantar sair daí. Você precisa de apoio, ou então vai cair de novo. — Avisou com a voz firme e a japonesa voltou a olhar para o objeto, sobretudo, seus dedos inevitavelmente deslizavam pela lateral da coxa da rival.

— Consegui. — Suspirou. Desceu o olhar e começou a desabotoar os botões da camisa social de Nayeon.

A veterana ficou surpresa, mas ficou em silêncio e apenas observando o que a garota fazia. Mais uma vez seus sonhos se tornaram uma parte de si, e quando teve o tecido totalmente liberto de si, Nayeon colocou as mãos no sutiã, pensando que era para tirá-lo.

— Não, seu sutiã está do lado certo. É só a blusa que está errada.

— O quê?

Momo a encarou e franziu as sobrancelhas.

— Estava te ajudando para você não esquecer de desvirar a blusa depois. — Explicou como se fosse óbvio.

— Eu sei. — Falou rapidamente. Mas é claro que não havia nem lembrado que a blusa estava errada. — Só não tinha escutado direito o que você tinha falado.

Tirou a garota de cima dela e colocou a blusa. Em seguida, abriu a porta. Precisava respirar. De repente, o ar que entrava pela janela aberta não era mais o suficiente.

Quando as duas se retiraram, Nayeon trancou a porta e Mina e Tzuyu foram apressadas recepcionar a amiga.

— Por que deu carona para ela? — Mina sussurrou no ouvido da que havia acabado de chegar.

— Longa história. Vamos.

Avisou e seguiu com as duas. Momo foi logo atrás, mas desviou o caminho para o banheiro, quando deu de cara com Sana.

— Que cara é essa? Viu um fantasma? — Ela riu.

— Pior. Vim de carona com a Nayeon. O cinto dela emperrou, eu caí no colo dela, ela puxou a minha cintura para baixo e por alguma razão muito desconhecida e estranha eu podia jurar que ela estava olhando para a minha boca.

— O batom dela é bonito, não é?

— Por que está falando isso? É, é sim.

— Você também estava encarando a boca dela. — Sana deu uma risada e Momo tapou a boca dela com a mão.

— Fala baixo. — Sussurrou e tirou a mão. — Você joga verde o tempo inteiro, é um perigo.

— Mais perigoso do que o que aconteceu no carro?

— A gente não ia se beijar, nem íamos fazer nada. Ela é hétero, eu sou hétero.

— Eu também sou. — Sana interferiu, mas riu. — Mas dar um beijinho de vez em quando não faz mal, faz?

— Amiga, não me leve a mal. Mas se você for hétero...

— Boba. Estou brincando, eu não sou mesmo. Mas de verdade, não faz mal. Selinho não é beijo.

"O problema é que nós nos beijamos", pensou Hirai. "E que beijo foi aquele..."

— Ela pode até beijar bem, mas isso não significa que...

— Não acredito. Vocês se beijaram? — Sana questionou perplexa com a situação. Já Momo, não acreditava no que tinha acabado de contar.

— Foi sem querer, eu convidei o Mark, eu estava esperando no quarto dele, mas ela entrou. Estava tudo escuro, ela veio por cima de mim depois de me empurrar, nós nos beijamos...

— E você sentiu alguma coisa? Ficou excitada?

— Amiga, nada a ver, eu achei que fosse o Mark, foi por isso que...

— Se você não está acreditando, então precisa fazer o teste. Precisa beijar ela sabendo que é ela.

— Você enlouqueceu?

— Depois dessa revelação, talvez.

— Não vou beijá-la. E ela não me beijaria sabendo que sou eu. Não viaja.

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