Nayeon passou o resto do dia com o pensamento fixo no encontro na biblioteca. Tentava se convencer de que era apenas para terminar a tarefa, mas sabia que aquele pretexto escondia algo mais — uma expectativa que ela não conseguia controlar. O rosto de Momo surgia em sua mente em momentos aleatórios, e ela se pegava relembrando a proximidade que haviam tido, o toque breve das pernas, o sussurro provocador.
Nayeon seguiu para a biblioteca, tentando não parecer ansiosa, mas sentia seu coração acelerar a cada passo. Chegou e viu Momo já lá, sentada à mesa com o caderno aberto, como se estivesse realmente concentrada na tarefa. O olhar da japonesa, no entanto, denunciava um brilho de diversão quando Nayeon se aproximou.
— Você veio. — Momo disse com um leve sorriso, como se já soubesse que Nayeon não resistiria.
— Vamos terminar logo isso. — respondeu Nayeon, tentando soar fria e profissional, mas sua voz falhou um pouco no final.
Momo arqueou uma sobrancelha, sem esconder a satisfação com a resposta.
— Claro. Vamos terminar — repetiu, inclinando-se ligeiramente em direção a Nayeon enquanto abria o caderno, como se estivesse prestes a explicar um problema complexo.
As duas ficaram em silêncio por alguns minutos, com os olhos nos exercícios, mas a concentração não durava. A cada vez que os olhares se cruzavam, era como se o ar ao redor delas se tornasse mais denso, mais carregado.
Em um momento, Momo estendeu a mão para pegar uma folha, e seus dedos roçaram levemente os de Nayeon. O toque foi breve, mas o suficiente para fazer ambas ficarem em alerta. Nayeon retirou a mão rapidamente, tentando ignorar a sensação de calor que subia por seu braço.
— Está nervosa? — Momo perguntou em um tom desafiador, quebrando o silêncio.
— Claro que não. É só... o lugar. Está quente aqui — mentiu, mesmo sabendo que a biblioteca estava fria, como sempre.
— Se quiser, posso abrir uma janela para você — provocou Momo, com um sorriso de canto que mostrava que sabia exatamente o que estava acontecendo.
Nayeon tentou ignorar, virando a página do caderno, mas não conseguiu resistir à resposta.
— Não preciso de nada, Momo. Aliás, que tal focarmos no que realmente importa?
Momo se aproximou um pouco mais, deixando que seus ombros se encostassem. Ela estava tão perto que Nayeon podia sentir o cheiro suave de seu perfume.
— Tudo bem, então. Se é isso que quer — sussurrou Momo, olhando para o caderno com uma concentração exagerada, como se cada palavra fosse de extrema importância.
A verdade é que, apesar de suas palavras, nenhuma das duas estava focada. Havia uma barreira invisível entre elas, feita de provocações e silêncios intensos, que ambas evitavam quebrar. A cada instante, o desejo de ultrapassar essa barreira crescia, mas ambas ainda resistiam, presas no jogo silencioso que haviam criado.
O silêncio na biblioteca se prolongava, quase ensurdecedor, enquanto Nayeon e Momo tentavam manter as aparências de que estavam realmente trabalhando. As palavras no caderno se tornaram borrões; nenhum dos exercícios parecia fazer sentido.
Nayeon, a cada segundo mais ciente de Momo ao seu lado, notava detalhes que não queria admitir que estava observando: a forma como os cabelos de Momo caíam levemente sobre o rosto, o jeito descontraído com que ela se inclinava para a frente, a expressão de concentração — ou, melhor, fingida concentração. Porque ambas sabiam que nada ali estava sobre o dever.
Finalmente, Momo suspirou e fechou o caderno, virando-se para Nayeon com um sorriso provocador.
— Por que você parece estar tão inquieta?
— Por que eu estaria?
— Porque você não consegue tirar aquilo da cabeça. Aquilo que eu falei sobre a Sana, o orgulho...
— Você não consegue parar de ser chata?
Mas Momo se levantou. Só haviam as duas ali, naquela biblioteca. A japonesa ficou por trás dela e encaixou as mãos no ombro desta, começando a massagear os ombros.
— Por que está fazendo isso? — Mas não conseguiu reagir contra aquilo, apenas fechar os olhos.
— Porque não sou tão egoísta quanto você. Eu ajudo os outros. — Disse começando a pressionar os dígitos contra os pontos tensos, que realmente estavam em seu limite, e Nayeon entreabriu os lábios.
Não sabia que precisava tanto de uma massagem até recebê-la.
— Quer que eu pare? — Momo questionou, querendo uma resposta. E o silêncio de Nayeon seguido de um suspiro foi a resposta que ela queria.
Abaixou a cabeça a ponto de ficar com os lábios próximos do ouvido dela e sussurrou:
— Quer que eu pare?
Nayeon estremeceu. Umideceu os próprios lábios e Momo se aproveitou, usando uma das mãos para arrastar as pontas das unhas pela pele do braço da garota.
— Eu não sou tão ruim assim, lembra?
Momo sorriu descaradamente e saiu do local ao ouvir o sinal tocar. Precisavam voltar para a sala de aula, e deixar Nayeon lá, sozinha, era o que ela mesma precisava, porque aquilo também tinha mexido consigo.
Nayeon ficou parada por alguns momentos, a mente cheia de confusão e o coração acelerado. O cheiro do perfume de Momo ainda pairava no ar, e a lembrança do olhar intenso da japonesa a fazia sentir-se inquieta.
Assim que Momo saiu, Nayeon começou a arrumar suas coisas, mas suas mãos tremiam. Ela não conseguia tirar os olhos da porta, como se esperasse que Momo voltasse a qualquer momento, que a interrompesse com outra provocação, outra verdade. Aquele pensamento a fazia sentir uma mistura de alívio e frustração. Por que era tão difícil lidar com aquilo?

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Sparkles.
FanfictionUma história na qual Hirai Momo é a novata que chama a atenção de todos, inclusive de Mark. Mas quem não vai gostar nada disso é Nayeon. - Um aviso: terá todo tipo de beijo nesta história. ✨