18 - just us

106 16 8
                                    

Nayeon se levantou abruptamente, a irritação a fazendo sentir um frio na barriga. Ela não podia deixar que Momo se aproximasse demais de Mark, mesmo que a ideia de um projeto em grupo fosse inofensiva.

Enquanto tentava processar tudo, decidiu ir até a despensa da escola. O lugar costumava ser tranquilo, e ela precisava de um momento sozinha. Assim que empurrou a porta, a escuridão envolveu-a como um abraço. O cheiro de papel e produtos de limpeza a acolheu, mas sua mente ainda estava em tumulto.

Deu passos leves até um canto e se assentou no chão, escondendo o rosto com as mãos e deixando as lágrimas tomarem conta de si. Todas as coisas estavam pressionando a sua cabeça. Os pensamentos, os sentimentos, as emoções. Tudo estava a um turbilhão.

Não conseguia entender como se sentia tão vulnerável perto de uma garota, e aquilo a estava deixando apreensiva e com medo. Queria gritar. Nem conseguia ser a mesma Nayeon de antes, aquela que todos temiam. Naquele momento, só queria um abraço. Um acolhimento. Algo que pudesse fazê-la compreender o que era tudo aquilo tomando conta de si.

De certo modo, tão atordoada com o barulho das próprias lágrimas, nem mesmo percebeu quando a porta havia sido aberta. A outra garota se sentou em silêncio ao lado dela e apenas envolveu o braço ao redor dos ombros dela. Mas a coreana reconheceria aquele perfume em qualquer lugar: era ela.

— O que você quer? — Perguntou tentando engolir o choro.

— Por que está chorando?

— Não é da sua conta, sua idiota.

— Você pode contar para mim, se quiser. Eu não contaria para ninguém.

— Não irei contar nada para você. Por que não vai ver se eu estou na esquina?

— Por que você não baixa a guarda nem quando está mal? — Devolveu a pergunta e Nayeon a olhou. Por sua vez, a estrangeira segurou o rosto alheio com as duas mãos e limpou as lágrimas alheias com os dígitos. Seu olhar desceu ligeiramente até os lábios rosados pelo choro, mas tratou de fitar os olhos dela novamente. Concentração. Era disso que precisava. — Você não precisa mostrar que é forte o tempo inteiro. Você pode ser você. — Ela sussurrou a última frase.

Nayeon ficou paralisada com o toque suave de Momo em seu rosto, um gesto que parecia desarmar todas as defesas que havia construído ao longo dos anos. A vulnerabilidade exposta a incomodava, mas, ao mesmo tempo, era reconfortante.

— Eu não sei como ser eu mesma quando tudo está tão confuso — Nayeon murmurou, a voz tremendo. — Você não entende o que isso significa.

Momo, ainda segurando o rosto de Nayeon com delicadeza, inclinou-se mais perto, seus olhos cheios de compreensão.

— Tente me contar. Não estou aqui para julgar. Estamos todas confusas em algum momento, não é? E se você não se abrir comigo, quem mais você vai deixar entrar?

— E se eu não souber lidar com isso? — Nayeon questionou, a vulnerabilidade escorrendo de suas palavras.

— E se você tentar? — Momo sugeriu.

— E se isso mudar tudo? — ela perguntou, quase em um sussurro.

— Às vezes, mudar é exatamente o que precisamos. — Momo respondeu, com um sorriso suave. Limpou as novas lágrimas que escorriam do rosto delicado enquanto sentia o olhar dela sobre si. — Relaxa. Quando sairmos por aquela porta, essa conversa vai ser esquecida, assim como a conversa no carro e o nosso beijo.

Nayeon acabou rindo.

— Viu? Já está rindo. — Momo a incentivou e abriu os braços, a acolhendo em um abraço e Nayeon fechou os olhos durante o ato. Nunca havia se sentido tão protegida quanto naquela hora.

Abraçar o desconhecido era temeroso, mas às vezes, necessário.

— Quer que eu vá embora? — Ela continuou, calma. Nayeon ainda não respondia com palavras, mas apenas com atitudes, e naquele caso, foi quando apertou mais o abraço. A novata acariciava os cabelos dela, descobrindo o quão sedosos eram. — Está tudo uma bagunça. — Sussurrou, mais para si mesma do que para ela.

— Está mesmo... — Concordou a veterana, suspirando baixo. Foram atrapalhadas mais uma vez, mas desta vez, pela faxineira da escola.

— Desculpa, meninas. Não podem ficar aqui... — ela disse com compaixão por ter percebido o rosto choroso de uma das garotas.

— Já estamos indo. Desculpa. — A japonesa pediu se levantando e auxiliando Nayeon a se levantar também. Caminhou com ela até a saída, onde Nayeon se afastou e Momo entendeu o recado: fingir que nada tinha acontecido a partir dali. — Você sabe onde eu moro se precisar de ajuda. — Avisou antes de se retirar completamente, mas deu uma olhada para trás e percebeu que ela ainda estava a encarando.

Respirou fundo e foi de encontro à Sana e Dahyun. Jihyo agora estava com o mesmo rapaz que beijou na festa, em outro local.

— E aquele beijo, amiga? Já rolou? — Sana perguntou enquanto fazia trancinhas no cabelo de Dahyun.

— Talvez role logo. Na sexta-feira que vem. Estou com algo na cabeça. — Momo sorriu fraco. Não conseguia parar de pensar no quão triste aquela garota estava.

Sparkles.Onde histórias criam vida. Descubra agora