2. Polaroid.

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Hellooo

Dias onde há ensaio são tão chatos que automaticamente me sinto obrigada a trazer um fone de ouvido e ficar escutando música no meu cantinho enquanto não acaba

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Dias onde há ensaio são tão chatos que automaticamente me sinto obrigada a trazer um fone de ouvido e ficar escutando música no meu cantinho enquanto não acaba. Os ensaios sempre duram o dia todo, contendo apenas duas pausas para ela comer alguma coisa e de vez em quando ir ao banheiro, mas é o maldito dia inteiro. Eu estou sentada no canto, observando atentamente agora que essa tortura finalmente chegou ao fim e a professora está berrando para que todo mundo tire um momento para se hidratar.

— Boa tarde! — Yeji, a professora dela berra assim que me vê, andando na minha direção com o rosto todo corado por estar dançando a tanto tempo e uma garrafinha de água na mão.

Estou sentada em uma poltrona na sala de treinamento enquanto Lalisa está ensaiando, mas estou tão cansada que estou aproveitando para apenas descansar um pouco enquanto ela faz isso. Yeji senta do meu lado toda feliz. Ela é professora de dança da Lalisa desde sempre, inclusive é uma das únicas pessoas que fala comigo normalmente.

— Bom dia.

Puxo o café que comprei pra ela do suporte e ela sorri assim que recebe o copo.

— Muito obrigada, Kim — ela suspira e olha na direção da Lisa que agora está flertando com uma das dançarinas de palco. Respiro fundo — Ela não para, né?

Nem sequer tenho forças para responder isso, porque não, ela não para. Ergo o queixo assim que Lalisa passa para perto da varanda e imediatamente me levanto para ir atrás dela, sabendo exatamente o que ela pretende fazer lá fora e extremamente irritada por isso. Não gosto que ela fique fumando, é um hábito irritante que ela criou a uns dois meses atrás e não parou mais.

— Lalisa, vai ser melhor se você não...

— É só um cigarro — ela diz e me ignora ao ir para o lado de fora com o maço de cigarro em mãos. Fico parada perto da porta, mas antes de me afastar, confiro se não há ninguém lá fora junto com ela e fico de olho nas pessoas aqui de dentro.

Só um cigarro. Me lembro de escutar isso a primeira vez que ela colocou um desse na boca, parecia determinada a acabar com a dor que sentia aquela noite... ela tinha acabado de ter uma briga terrível com a mãe. A mãe dela é uma mulher complicada, não tenho muito contato porque a ocasião não permite, mas é perceptível que a mãe dela é rude o bastante para não se importar nem um pouco se Lalisa está cansada, a única coisa em que ela sabe pensar é dinheiro e em como pode ganhar cada vez mais por isso.

Na noite que tudo aconteceu, lembro de ver Lalisa andando desesperadamente de um lado para o outro enquanto falava ao telefone com a mãe, e escutar a voz angustiada e ver como as lágrimas pingavam de seus olhos castanhos me deixou um pouco sentida pela situação. Ela estava em pânico, era perceptível em seus olhos inchados que não queria estar ali, e a única coisa que tinha pedido a mãe dela era para cancelar o show do próximo dia porque ela não estava se sentindo bem. Infelizmente quem cuida da agenda de shows são os pais já que são os empresários dela, e isso é uma droga já que ela nunca vai ter um controle direto sobre a própria rotina... nunca.

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