Romeo and Romeo | Pejão

Pedro

João Vitor
( Alemanha)
- Point of vision -

Os dias estavam sendo todos iguais, mas finalmente hoje, temos reforços,e creio que vamos acabar com os gringos.

Sendo assim, vou agarrar Pedro, proteger ele e deixar ele se safar.

Nem que eu tenha que morrer para fazer isso.

Nem que eu fique para trás, ele vai embora, e vou estar feliz de deixar um menino tão incrível quanto aquele viver feliz.

Se ele ficar bem, com certeza eu também estaria, e com honra de ter feito minha parte.

Hoje, era o dia de acabar com todas essas batalhas, e era assim que todos nós esperávamos.

Atacamos cedo, fomos ao abrigo do Americanos, e com tiros, começamos o combate.

Eu tentava a todo custo encontar Pedro e deixar ele sair correndo para qualquer canto.

Mas eu não o encontrava em lugar nenhum. Aquilo já estava me apavorando. Sempre esteve..Quantas pessoas estavam caindo do meu lado atingidas, e eu só querendo saber onde ele estava.

Porra Pedro, não morre.

Você não me deixou morrer, tenho que fazer minha parte.

Aos poucos muitos iam caindo, as bombas estavam em todos os lados, os tiros e as recargas, todo o cenário estava confuso.

Meus olhos viam tudo em uma extrema câmera lenta, eu tentava analizar cada parte daquilo..Onde eu vim parar? Eu só tenho 18 anos, eu não deveria passar por isso. Nenhum de nós..

Esse é o cenário mais horrendo que já passei por toda a minha vida, entre muitos, e muitos anos. O tanto que estávamos correndo, tentando não ser atingidos. Os rádios em nossos bolsos tocando em alertas, estávamos perdendo muito soldados, a batalha estava mais pesada que os outros dias. Explosões sem parar. O rádio tocava incansavelmente.

"Verwundeter Soldat"
" Toter Soldat "
"Soldado ferido"
"Soldado morto"

Não que estivéssemos muito ruins, claro, estávamos.

Mas estávamos atacando bem, porém esse era meu medo..

Quantos soldados feridos eles tinham? Quantos mortos? Eu só queria achar uma pessoa em específico.

Merda Hitler, tudo isso é sua culpa.

E culpa da ignorância social. Pensamentos ridículos, que não entram em um consenso para um mundo de harmonia onde todos saíram bem. Mas não.

Todos sempre foram ambisioso desde o tempo do merda Colombo.

Enfim a vida, com humanos que não sabem da sua própria raça, burros que não sabem lidar com nada, e vão ser os próximos em extinção, causada por aí mesmos.

Mas então, tudo se calou.

Um soldado Américano se afastando atrás de alguma coisa, com a mão na barriga, me chamou atenção.

Eu apenas me deitei no chão e rolei até onde ele havia escondido.

Achei Pedro. Suado, cansado, ofegante, e atacado.

- Merda, merda..

Disse assim que o vi. Tirei minha blusa tão rápido quanto qualquer coisa, e amarrei na sua barriga, parando o sangue.

- Pedro, consegue me ouvir?

- Sim.. - ele respondeu com sua voz fraca e ofegante.

- Olha, eu vou fazer algo muito louco, e eu espero que se a gente for morrer.. Eu vou te matar. - Ele riu. Como podia estar rindo em uma situação dessas?

- Gênio...Vai me matar morto..

- Cala a boca..- Segurei seu corpo com tanta firmeza, que senti que ele poderia desmaiar com a perca de sangue.

Rolei com o corpo de Pedro agarrado ao meu.

Seus braços agarrados no meu peito. Estávamos rolando até o lugar mais seguro, onde eu poderia cuidar dele.

Quando chegamos em um lugar bem longe, agradeci a Cristo por ter chegado em um lugar onde poderia me levantar.

Peguei Pedro no colo e corri, corri muito rápido.

- O que eu faço? - eu perguntei.

- Corre até a gruta, e acha um kit de primeiros socorros.

Assim eu fiz, deitei Pedro, e lentamente retirei a blusa, e subi sua farda..o tiro foi de raspão em sua cintura, mas ainda era feio.

Peguei gases e algodão, deixei tudo no seu machucado, prensado com força para não sair, e ele poder se curar.

Abaixei sua blusa e o olhei.

- Me diz que não vai morrer.

- Isso nem eu sei.. Mas você fica bonito sem camisa. - Ele sorriu. Provavelmente não estava bem da cabeça.

- Isso é hora, Pedro Tófani?

- É sim, porque se eu morrer, quero morrer tendo feito isso. - Seu braço se estendeu tão rápido, indo para a minha nuca e me puxando com força.

Ele prendeu seus lábios contra os meus. E aos poucos seu beijo se tornou lento. Me prendeu tão forte, que segurei do outro lado de sua cintura e me encaixei no seu beijo.

Caralho.
Que merda tá acontecendo?