Romeo and Romeo | Pejão

Ich mag dich

Pedro Augusto
( Estados Unidos)
- Point of vision -

A noite chegou, a troca de vigília estava acontecendo, e novamente eu fugi.

O meu superior, graças a tudo acreditou no meu "tiro de raspão". E me deu primeiros socorros. E claro, que indo para o tão esperado local da noite, levei uma coisinha para o Jão.

Fui com muito cuidado, e preparado para qualquer acontecimento, e cheguei no local, onde Jão me esperava.

Seu rosto não tinha nenhum curativo, e o rosto ainda tinha sangue. Me sentei ao seu lado preocupado.

- Ei.. Por que está sangrando?

- Meu tenente.. Disse que me viu saindo, e que se tomei um tiro, melhor teria sido no peito. Falei para ele que foi apenas para lutar contra alguém que havia chegado por trás.. Mas ele ainda quis que eu tivesse ganhado..

- Você falou que me matou? Podia falar isso!

- Falei.. O deixou mais tranquilo.

- Então por que está sangrando ainda?

- Apenas porque ele mexeu no meu rosto de todas as formas, querendo ver se fora realmente um tiro.. Ele cutucou de todas as formas. E me colocou como o vigia da noite. Vou ficar a noite toda acordado.

- Eu tenho uma coisa pra você.. Espero que sirva de desculpas.. - Então, do meu bolso tirei uma pequena barra de cereal, com um buquê de flores, de flores pequenas que peguei no chão, amarradas com um fiapo de mato.

Seus olhos sorriram junto com sua boca, aquele era o sorriso mais perfeito que eu já tinha visto.

Seus dentes caninos quase como os de um lobo, aquilo destacava tanto, que o deixava bonito, bonito demais..

Seu sorriso era perfeito, como si próprio.

- Obrigado Pedro.. - Eu sorri.

- Agora, posso cuidar disso? - Apontei para seu rosto, o mesmo, concordou, abrindo a barrinha.

Novamente, abri minha farda, retirando o curativo do meu braço. Peguei o gases, e arranquei um pedaço que cuidaria do seu machucado com meus próprios dentes. O pedaço de fita que me envolvia no braço, para formar o curativo, também arranquei, o maximo que pude, colocando o curativo no seu rosto, e prendendo com a fita..

- Caramba, você serve muito pra isso mesmo.. Mas e o seu machucado?

- Não se preocupa com isso, tô sempre preparado - Deixei um beijo na bochecha dele.

Naquele momento, senti o meu e o tempo dele pairar no ar. Mas obviamente apenas seguimos discretamente.

Com o que sobrou, novamente fiz um curativo para mim e novamente fechei a farda.

- Me desculpa por ter que te machucar.. - eu disse.

- tudo bem.. Vai passar. Isso não foi quase nada

- Espero não ter que fazer mais nada disso. Não quero te machucar mais.

- Relaxa.. logo a gente vai fugir, vamos ficar bem livres.

Por todos os motivos mais sagrados da terra eu posso dizer que não o matei por amor.

Eu senti algo a primeira vista, que não imaginei que iria sentir por ninguém.

Mas puta merda.. Ele foi tão diferente. E acho que poupar ele foi a minha melhor escolha.

E nessa noite, olhando o céu estrelado, pensando no sonhado fim eu pensei.

E nós, teremos um fim?