night for two

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Pedro Augusto
( Estados Unidos)
- Point of vision -

No meio da noite, alguns soldados estavam acordados na vigilância, e eu tive que correr deles, para ir até o local.

Não sei, de verdade não sei o que me aconteceu que eu precisei não matar o garotinho loiro.

Algo muito forte me fez errar as batidas, que eu senti uma pressão dentro de mim.

Fiz o comandante acreditar que eu tinha sido atacado, e por isso voltei sem armas, o que pareceu dar muito certo.

O garoto loiro, ou melhor, o João, parece estar na mesma que a minha, uma incrível e imensa vontade de sumir.

Acho que foi isso que nos conectou. Eu poderia ter morrido, pensei que tinha.

Mas ele parece ter o mesmo pensamento que o meu sobre tudo isso.

Nós só queríamos não ser envolvidos.

Cheguei no local, me sentei, e fiquei olhando cada ponta do local, com medo de ser atacado, ou ter sido perseguido por algum alemão.

No meu bolso tinham algumas granadas, e no meu suporte da cintura uma arma, tudo por precaução.

O medo me consume, e me corrói.
Não somos jovens de mais para isso?

(Dumb, Dumb, Dumb)

E por um incrível milagre, esperando por muito tempo, ele chegou. Eu achei que ele nem viria mais, porém ele veio.

Um pequeno sorriso abriu no meu rosto.

Eu não entendia o porque que ele me dava tanta coragem, pra tentar fugir de tudo isso.

Talvez seja seu olhar cativante.

O garoto estava parado me olhando, eu apenas o puxei para sentar atrás da pedra.

- Quer ser pego? - Eu disse, enquanto o garoto se ajeitava, pois havia caído.

- Claro que não! - Ele disse

- Então senta aí né.. Você trouxe alguma coisa pra se proteger?

- Proteger do que?

- Ué, imagina alguém te seguiu até aqui! Você não pensa muito, né?

- Percebo que eu não pensei nem um pouco em encontrar um gringo que pode me matar!

- Eu não vou te matar! Por algum motivo muito tosco eu confio em você.

- E eu também confio em você! Então pronto. Você disse que ia dar um jeito da gente fugir, não é? - O garoto me olhou.

Encontrei meu olhar com o dele, seus olhos que mostravam uma galáxia interestelar me fez sentir a mesma sensação de hoje mais cedo.

O coração pulsando mais rápido, enquanto eu apenas prensava os lábios tentando entender que caralhos aquele menino tinha.

Parecia que já nos conhecíamos, sabe? De outras vidas, dimensões, planetas, alinhamentos. Ou sei lá qualquer outra opção.

- Disse, mas não garanto que consiga um plano perfeito. Pensei em conseguirmos roupas e dinheiro. E comprar uma passagem de avião pra qualquer lugar bem seguro.. Ou algum lugar que os refugiados estão.. Para apenas não termos que.. você sabe.

- Seu plano é bem idiota.

- Ae? Por que? Você tem alguma ideia melhor?

- Na verdade não.. Mas aonde vamos achar roupas, dinheiro? Passaporte?

- Podemos pegar de alguém.

- Você não tá querendo assassinar pessoas, não é?

- Não.. Podemos pegar de pessoas que resolveram ficar.. Não sei.

- Continua sendo idiota.

- Você também não me ajuda.. Olha que eu salvei a sua vida!

- Você mesmo ia acabar com ela!

- Mas eu não acabei! Tive pena!

O garota avançou pra cima de mim.

- Teve peninha por que? Pedriquinho. - Seu olhar agora parecia de algum animal bem selvagem, prestes a atacar.

Confesso que adorei.

- Pedriquinho? Me poupe! - Empurrei seu corpo. - Ele caiu no chão rindo.

- Seu nome não é Pedro?

- Posso te chamar de Joãozinho então?

- Claro que não! - Ele sentou, cruzando os braços. - Me chame de soldado Romania! - Ele pegou seu pequeno crachá, entregando.

- Pode me chamar então de soldado Tófani! - Eu entreguei para ele minha identificação Americana.

Os americanos, resolveram fazer identificações, para todos os nativos. Assim, poderíamos nos diferenciar dos alemães.

- que legal.. Pedro Augusto Tófani Fernandes Palhares.. 30/01/1924.. Sua data de nascimento?

- Ei! Não te dei permissão pra invadir minha privacidade e descobrir tanto sobre mim!

- O que? Tá achando que eu vou correndo contar pros meus aliados? - Ele se levantou - É, eu vou - Ele saiu correndo e eu corri atrás.

Mas ele parou, e quando ia se virar de frente, me joguei em cima dele, segurando seus braços, apontando minha arma na sua testa.

- Tá louco?

- Calma.. eu estava brincando.. - Ele suspirava, e gaguejava. - Eu juro.. Não faz isso, por favor..

Mordi meu lábio, e coloquei a arma na cintura novamente.

- Não é assim que se tenta ter intimidade com um soldado estado unidense. Eu poderia ter te deixado ir para a melhor.

- Me desculpa.. Achei que seria engraçado.

- Seria mesmo.. Eu apertar o gatilho na sua frente e você ver o filme da sua vida.

- Eu vi! Pode sair de cima de mim? - Ele disse, nesse momento, soltei seus braços, e sai rapidamente, vermelho e corado.

- Desculpa. - Disse e me levantei, o ajudando a se levantar também.

- Bom.. Melhor irmos, amanhã te encontro novamente?

- Sim! - puxei minha identificação de sua mão. - tenha bons sonhos, espero que não tenha te assutado tanto para ter pesadelos.

- idiota.

- Eu? Acho que você. - Eu disse rindo, e sai andando, enquanto, ele ficou parado me encarando..

- Você é terrível Tófani! - Ele gritou.

- Obrigado! - Retribui no mesmo tom.

Romeo and Romeo | Pejão Onde histórias criam vida. Descubra agora