Romeo and Romeo | Pejão

Two kids, one birthday

João Vitor
( Alemanha)
- Point of vision -

Quando acordamos, já era um pouco tarde, aliás, outras pessoas também estão fazendo vigilância aqui na praia.

Esse é o nosso 3 dia aqui, e nunca tive que raciocinar tanto os dias que se passaram, para entender que hoje era meu aniversário.

Dia 03/11. Bom. Não estou feliz.

Já tive comemorações melhores, mas o que me resta é agradecer que fui livrado de tomar um tiro na cabeça duas vezes.

Obrigado, e amém.

Pedro acordou enquanto eu já estava sentado na areia, olhando a pequena brisa que soava com o mar. Ele sentou ao meu lado, e beijou minha bochecha.

- Tá pensando tanto no que?

- Nos meus pais.. Não tenho meio de mandar um carta pra eles avisando que estou vivo, e completando mais um ano de vida bem.

- Mais um ano de vida? É seu aniversário?

- Eu fiz as contas dos dias, e é sim..

- Meu Deus.. Feliz aniversário - Ele me abraçou forte, e eu sorri.

Tudo bem, o abraço dele é confortável, acredito que Pedro seja uma parte nova da minha vida, mas que parece que existe a anos.

E um dia ele vai estar aqui a anos.

- Agora você tem 19 anos?

- Uhum..Mas quase morri. - Nós dois rimos.

- Espero que hoje seja um ótimo dia pra você.

- Vai ser.. Com você vai ser.. - Ele sorriu e me deu dois selinhos.

Então, depois de passar metade do dia sentados, olhando o mar conversando, fomos almoçar com os suplementos que havíamos trago, e eu fui dormir um pouco, enquanto Pedro foi para fora.

Quando acordei foi no susto, Pedro estava do meu lado que nem louco me chacoalhando.

- Que foi? Alguém vai invadir a praia!

- Uhum! Pelo amor, vem logo! - Me levantei, puxando o controle das bombas, enquanto Pedro me levava para fora.

Mas eu não avistei nenhum barco. Era a minha miopia?

Então Pedro rindo, se abaixou no chão.

- Surpresa! Um bolo de areia! Não dá pra comer, mas dá pra cantar parabéns. - Ele riu.

O bolo tinha escrito "19" bem torto, e havia dois gravetos como vela.

Parecia que uma pequena criança tinha feito, estava torto, e alagado de tanta água que tinha.

- Meio brega né? Queria fazer seu dia um pouco mais legal.

- Olha, esse é o tipo de coisa que você, Pedro Tófani nunca faria, então vou dar muito valor! - Rimos. - Obrigado. - Sentei do seu lado, e o beijei no rosto.

Pedro pegou dentro do seu bolso o fósforo, e acendeu os dois gravetos.

Ele cantou parabéns para mim, enquanto eu apenas queria enfiar minha cara na areia. Senti meu rosto ficar quente e vermelho.

Então assoprei a vela.

- Eu desejo que tudo acabe.

Pedro sorriu e me abraçou.

- Vai acabar logo, te prometo.

- Tá bom, agora eu posso cortar o primeiro pedaço?

- Pode!

Peguei com a mão um pedaço do "bolo" e taquei a areia em seu peitoral.

Ele abriu a boca em um perfeito O, e olhou para a farda suja, pegando um pedaço do bolo e tacando em mim.

Assim fizemos até o bolo se desmanchar e começarmos a tacar areia normal.

Corremos pela praia inteira chutando areia um no outro, e por fim tomamos um banho de mar.

O dia escureceu, Pedro pegou dentro do abrigo o que tinha de mais macio e tacou no chão.

Deitamos olhando as estrelas, nossas mãos se encontraram e se entrelaçaram.

- Olha, a constelação de Pegasus.. - Apontei.

- Nunca ouvi falar.

- Essa constelação é um cavalo com asas, mas as estrelas formam apenas suas patas frontais..Ela foi associada às tempestades e trovões. Pegasus é tido como um símbolo da eternidade.. E com eternidade, também o amor.

- Não sabia que você gostava de constelação.

- eu gosto.. E achei essa uma coincidência ao dia de hoje.

- Eu também. - Pedro sorriu.

                 .                                        .                       

Esse capítulo foi feito em homenagem ao aniversário do Jão, mesmo não sendo o dia que está sendo lançado, foi escrito dia 03/11. Jão, a gente te ama muito.

Feliz seus 30, velhinho.