Poema 06

6 2 1
                                    

Eu sou o tempo que consumo
e que me consome sem pressa.

Enquanto isso,
nesse meio tempo que me resta,
eu vivo,
existo nas possibilidades
que me são possíveis
sem culpar essa ou aquela contingência,
sem carregar nenhum fardo
que não me convenha.

Das lamentações,
sei todas de cor,
conheço o conforto da tristeza,
a segurança preguiçosa do sofrimento
que se alonga
e prolonga
o verso do poema
desse poeta que se reinventa.

Minha existência se renova
numa ampulheta
com a areia do deserto dos meus pensamentos
um caderno
e uma caneta de tinta preta.


Debaixo da PeleWhere stories live. Discover now