Poema 27

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O ócio que produzo depõe contra mim, me explora
e me nega o óbvio
que é viver no tempo que estou vivo.

Alimento desejos, mas meu espírito não se satisfaz,
por isso consome mais desejos, deseja mais conceitos:
meu espírito deseja o desejo,
mas meu corpo padece num limite que lhe é imposto,
e que eu não aceito.

Assim adoeço, careço de descanso,
mas o cansaço do corpo é uma doença - o excesso é um nada,
meu ser é um projeto inacabado
até o momento em que deixar de sê-lo,
e eu a mim não mais pertença. 

Debaixo da PeleWhere stories live. Discover now