Capítulo Onze: Sequestro - Part.02

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- Sequestrada.

- Ezequiel.

- O quê?

- Ódio.

- Angústia.

Pedi ao Professor e aos outros para que me acompanhassem até a estação de trem, onde, inicialmente, entraria em um confronto com o imbuste do Ezequiel, que agora estava com alguém  importante para mim.

⏤ Devemos traçar um planos antes? ⏤ pergunta Boa Vida.

⏤ Sem planos, ficaremos na retaguarda esperando que ele aja primeiro.

⏤ E a garota? ⏤ João Grande pergunta, colocando as mãos no bolso.

⏤ Vamos pegá-la. ⏤ olhos para os demais presentes. ⏤ Não estreguem com tudo.

⏤ Eu quero ir com vocês. ⏤ olho para Dora que surge entre os meninos. ⏤ Quero ajudar.

⏤ Não. ⏤ me viro decidido.

⏤ Lavínia é minha amiga você não pode me proibir de ir. ⏤ não respondo, acreditando que ela desistiria, mas Dora é persistente e me vira puxando meu braço. ⏤ Por favor, Bala, me deixe ajudá-lo. ⏤ olho para Professor e depois para ela. Droga, maldita hora que resolvi aceitar uma garota no bando.

⏤ Você vai ficar sob a supervisão do Professor. ⏤ olho para ele outra vez. ⏤ Não deixe que ela faça nenhuma burrice. ⏤ ele assinte.

Quando chegamos à estação ando pelo trilho até estar no centro. Não havia ninguém, apenas eu e os meus homens.

Faço um sinal para que Boa Vida e Gato olhem em volta, e quando menos esperamos, somos atacados. Um dos meus cai no chão golpeado por uma tora de madeira.

⏤ Atacar por trás é covardia, apareça Ezequiel. Vamos resolver isso de homem para homem. ⏤ ele aprece por entre os vagões parados. Meus olhos caem para sua mão esquerda, onde percebo uma arma. Meu coração se aperta pensando em Lavínia. ⏤ Onde ela está?

Um de seus comparsas a traz, ela está com a boca amordaçada e suas mãos estão presas para trás. Ouço seus gritos abafados e seu olhar apavorado. Cerro os punhos.

⏤ O que você pensa que está fazendo? Solte-a agora!

⏤ Tão rápido, eu acho que não. ⏤ ele sinaliza para o garoto e ele empurra Lavínia para os braços de Ezequiel. Ele agarra seu cabelo puxando para traz enquanto sua arma desliza pelo  pescoço dela. Dou um passo à frente, mas João Grande segura meu braço. Ezequiel me olha e sorri. Ele continua a deslizar a arma até a costela de Lavínia e então para. ⏤ Quero fazer uma proposta à garota em troca da sua reenvindicação como líder dos Capitães de Areia. É pegar ou largar.

⏤ Eu jamais abriria mão da minha posição para entregá-la a você.

⏤ Então a garota morre. ⏤ ele empurra Lavínia para frente e aponta a arma para a cabeça dela, destravando-a.

⏤ Não. ⏤ Dora grita.

⏤ Dora, não se meta. ⏤ fala Professor, Ezequiel olha para ela.

⏤ Trouxe sua outra putinha para brincar com a gente, Pedro Bala. ⏤ olho para Dora.

⏤ A única puta que conheci foi sua mãe.

⏤ Pega ele Ezequiel. ⏤ Ezequiel entrega sua arma a um de seus comparsas e parte para cima.

Começamos a lutar. Minha sequência foi de socos repetidos, mas ele desvia com facilidade. Passo meus pés por sua canela e ele cai no chão despreparado. Subo em cima dele e o soco. Ele tenta se defender, colocando o braço na frente, mas eu ainda o acerto.

Ele está sangrando, mas não quero parar. Quero vê-lo sofrer. Puxo um canivete do bolso do shorts surrado e deslizo pelo seu braço, ignorando os gritos de Professor para que eu parasse antes que eu fizesse uma burrada. Seus gritos cessam e, com uma olhada rápida para ver o porque ele é atingido por um dos homens de Ezequiel, esse vacilo é o bastante para Ezequiel tomar o controle e me empurrar me acertando com uma pedra que estava jogada próxima a nós.

Caio para trás desnorteado, a confusão se tornou generalizada meus homens contra os homens de Ezequiel. Porém estávamos em vantagem. Ezequiel levantou-se depressa e pegou a arma com o garoto com quem havia deixado o empurrando. Ainda estou zonzo para levantar e atacar. Ezequiel aponta a arma para mim mirando na minha testa.

⏤ Para você, acaba aqui. ⏤ ele aperta o gatilho e eu fecho os olhos, apenas esperando meu destino final. E então...

⏤ Não. ⏤ eu abro o olho quando algo recai sobre mim. O ar passa pelos meus lábios e tudo parece preto. Não consigo respirar. Meus olhos estão em estado de choque e, ao perceber o sangue fresco escorrendo por entre meus dedos, não ouço mais os gritos. Todos agora olham para mim e para Lavínia, a garota que tombou nos meus braços com um tiro no ombro próximo ao coração.

⏤ É a polícia. ⏤ um garoto grita ao ouvir a sirene e outros começam a correr para não serem pegos. Ezequiel deixa que a arma caia e corre também.

⏤ Levanta Bala temos que ir. ⏤ Grita Professor, mas ignoro. Toco no ferimento de Lavínia, precionando minha mão ali tentando estancar o sangue.

⏤ Você tem que ir. ⏤ ela fala com a voz engasgada.

⏤ Não vou te deixar aqui. ⏤ falo firme, focando minha atenção no ferimento. Ela toca o meu rosto com dificuldade, virando-o para que eu a encare.

⏤ Você vai sim. ⏤ ela tenta balançar a cabeça. ⏤ Eu ficarei bem eles vão me levar para um hospital.

⏤ Não, eu vou cuidar de você. ⏤ falo. Pego-a no colo e começo a andar, mas ela grita de dor e começa a chorar.

⏤ Por favor, por favor, você tá me machucando. Você tem que me deixar.
⏤ ela tosse. ⏤ ME DEIXA AQUI. ⏤ ela grita.

⏤ Bala, se você não vier agora, vamos ser pegos. ⏤ avisa Professor, não desvio meu olhar dela. Ela balança a cabeça novamente e eu a deito no chão.

⏤ Não morre, tá? ⏤ peço. ⏤ Eu vou atrás de você. ⏤ ela faz uma pausa.

⏤ Você tem que ir agora. ⏤ assinto, me levanto e corro.

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