Capítulo Treze: Momento Em Família

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Valentina e eu giramos, batendo as mãos no ar. Colocamos as mãos na cintura e remexemos o quadril em sincronia tentando acompanhar as danças malucas do just dance. Minha mãe saiu da cozinha com uma bandeja de aperitivos e logo me repreendeu quando peguei Tina no colo.

⏤ Ei mocinha, você ainda está recém operada, cuidado com os movimentos. ⏤ alerta. Solto Tina e ela se senta no sofá com as pernas cruzadas.

⏤ Isso já tem alguns dias, eu estou bem agora.

⏤ Você ainda está com os pontos, então te aquieta. ⏤ minha mãe senta ao lado de Tina eu as acompanho, sentando no chão e pegando um bolinho.

Meu pai logo chegou, entrou em casa e o guarda contratado o seguiu. Minha mãe limpa a garganta, chamando a atenção do meu pai. Ele se vira para o guarda pedindo para que ele saia e então anda até a gente e beija a boca da nossa mãe,  bagunça o cabelo de Tina e aperta minha bochecha.

Minha vida tinha voltado ser como era antes, monótona. Apesar de mamãe estar se esforçando para trazer atividades para nos divertimos em família, ela sabe que só ela se esforça ali. Meu pai, mesmo estando longe do banco, ainda não consegue desvincular para passar um tempo com a gente. Rian vive trancado no quarto, o que eu acho ótimo. Assim não preciso encarar aquele idiota até o final do verão.

⏤ Já pensou o que quer no seu aniversário, se vai fazer aqui ou em Brasília? ⏤ papai pergunta. Estávamos discutindo isso ontem no jantar, mas a conversar foi sido interrompida por uma ligação super importante de trabalho, segundo ele. Minha mãe não gostou e o advertiu falando que, mesmo sendo a presidente do banco, ela não estava tão ocupada assim. Relembrou que estávamos ali para curtir e não para trabalhar. E então, a confusão começou, meus irmãos e eu subimos e não terminamos o assunto. Me surpreendo por ele ainda lembrar do meu aniversário.

⏤ Eu ainda não tenho certeza. ⏤ falo, enquanto o vejo mexer no celular, desatento, minha mãe se levantou.

⏤ Meninas vocês me dão licença?

⏤ Claro. ⏤ me levanto e seguro a mão de Tina, subimos a escada para o segundo andar.

Começo a ouvir os gritos e as cobranças, meus pais andam brigando frequentemente e sinto que sou a culpada por isso. Tina deita a cabeça no meu colo e se encolhe na cama.

⏤ Por que eles gritam tanto? ⏤ massageio a cabeça dela. ⏤ Será que eles não se amam mais?

⏤ Ei, não, é claro que não. Os casais costumam brigar. ⏤ falo. ⏤ Isso não quer dizer que o amor que eles sentem um pelo outro acabou.

⏤ Você já amou antes Lav?

⏤ Eu ainda não tive tempo, mas... tem um garoto... eu acho que...

⏤ Você gosta dele? ⏤ indaga.

⏤ Eu... eu não sei. ⏤ me levanto e fico do lado da cama com as mãos na cintura.

⏤ Eu acho que você sabe sim. Por que você não vai atrás dele?

⏤ Eu não posso... ainda.

⏤ Espera. ⏤ ela senta na cama. ⏤ É um daqueles garotos?

⏤ Hm, não. ⏤ balanço o ombro. ⏤ Ele é lá de Brasília, você não conhece. ⏤ minto.

Valentina não acredita, é claro que ela não acredita. A garota me lê facilmente, mas não dou a ela a resposta que ela quer e continuo na mesma tecla. Ela deixa o quarto decidida a descobrir quem é.

A briga parou e meu pai apareceu no quarto, se desculpou e pediu para que eu me arrumasse que iríamos sair. Perguntei para onde, mas ele não me respondeu, saíriamos só eu e ele e depois ele passaria em casa novamente para buscar meus irmãos e minha mãe para jantarmos fora.

Meu pai me levou para o Museu Náutico. A vista do Farol da Barra era simplesmente incrível e as coisas dentro dele também. Me sinto nos anos sessenta, ao ver os utensílios e os móveis antigos.

⏤ É lindo. ⏤ falo fascinada. ⏤ Como eu nunca vim aqui antes?

⏤ Pensei que você não iria gostar.

⏤ Tá brincando? Esse é um dos lugares mais lindos que já conheci. Acertou em cheio, pai.

⏤ Fico feliz que tenha gostado.

A visita foi espetacular. Passamos esse tempo juntos conversando sobre tudo. Meu pai ainda buscava informações e procurava entender o porquê de tudo, mas desviava o assunto toda vez que ele entrava nele.

Passamos em casa, pegamos mamãe, Valentina e Rian e fomos para um restaurante chique. Não me importava com aquelas coisas, mas meus pais tinham daquilo.

Os seguranças contratados para me vigiar não descansaram um minuto e andavam atrás de nós como sombras. Aquilo já estava me incomodando.

⏤ Eles precisam ficar com a gente toda hora? ⏤ pergunto.

⏤ Já falamos sobre isso. ⏤ diz meu pai puxando a porta para que minha mãe e meus irmãos entre.

⏤ Eu sei, mas eu não vou fugir. ⏤ falo. ⏤ Só por agora para termos um momento em família. ⏤ ele olha para os dois brutamontes atrás de mim.

⏤ Vocês ficam aqui. ⏤ sorrio.

Nosso momento em família durou pouco, já que enchemos rápido demais. Estou em casa agora pronta para dormir, mas ouço vozes vindo do lado de fora. Solto a coberta e vou até a janela. Abro ela e olho para baixo, vendo os seguranças se despedirem do meu pai com um aperto de mão e entrarem no carro. Corro até minha a escrivaninha e vejo a hora no celular, dez horas em ponto. Anoto em uma agenda que achei jogada o horário de chegada e de saída.

Chegada:

Saída: Dez da noite.

Fecho a agenda e coloco debaixo do meu travesseiro e deito na cama. Meu pai entra no quarto e eu finjo estar dormindo ele beija minha testa me deseja boa noite e se retira. Abro os olhos novamente.

Como sou boazinha soltei mais um capítulo.

FearlessOnde histórias criam vida. Descubra agora