CAPÍTULO XXIV - Passeio e problema à vista

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Não. Não me deixe.

As palavras sussurradas invadem meu sono, eu me remexo e acordo.

O que foi isso?

Olho em volta do quarto. Onde estou?

Ah, sim, Savannah.

— Não. Por favor. Não me deixe.

O quê? É Camila.

— Não vou a lugar algum — murmuro, confuso.

Viro-me e me apoio no cotovelo. Encolhida ao meu lado, ela parece estar dormindo.

— Não vou deixar você — balbucia ela.

Meu couro cabeludo coça.

— Bom saber disso.

Ela suspira.

— Camila? — chamo baixinho.

Mas ela não reage. Está de olhos fechados. Dormindo profundamente. Deve estar sonhando... com o quê?

— Lauren — diz ela.

— Sim — respondo no automático.

Mas ela não diz nada. Definitivamente está dormindo, mas nunca a ouvi falar dormindo.

Observo-a, fascinada. Seu rosto está iluminado pela luz ambiente que vem da sala de estar. Seu cenho franze por um instante, como se um pensamento desagradável a atormentasse, depois se suaviza. Com os lábios entreabertos enquanto respira, o rosto relaxado durante o sono, ela é linda. E não quer que eu vá embora, não vai me deixar. A franqueza de sua confissão inconsciente é como uma brisa de verão me acariciando, me aquecendo e me dando esperança.

Ela não vai me deixar.

Bem, você tem sua resposta, Jauregui.

Rio para ela, que parece ter sossegado e parado de falar. Olho a hora no despertador: quatro e cinquenta e sete.

É hora de levantar, afinal, e estou eufórica. Vou planar. Com Camila.

Amo planar.

Dou um beijo rápido em sua têmpora, fico de pé e vou para a sala de estar da suíte, onde peço café da manhã e confiro a previsão do tempo local. Mais um dia quente com umidade elevada. Nada de chuva. Tomo uma ducha rápida, me seco, depois recolho as roupas de Camila no banheiro e as estendo numa cadeira ao lado da cama. Quando pego a calcinha, lembro-me de como meu plano maquiavélico de confiscar aquela peça saiu pela culatra.

Ah, Srta. Cabello.

E depois da nossa primeira noite juntos...

Ah... a propósito, estou usando sua cueca.

Quando ela puxa o elástico, dá para ver as palavras "Polo" e "Ralph" saindo da calça jeans.

Balanço a cabeça, pego no armário uma cueca e a coloco em cima da cadeira. Gosto quando ela usa minhas roupas. Ela balbucia de novo, e acho que diz "gaiola", mas não tenho certeza.

Do que diabo ela está falando?

Ela continua dormindo tranquilamente, sem se mexer, enquanto me visto. Quando ponho a camiseta, ouço baterem à porta. O café da manhã chegou: pãezinhos, um café para mim e chá Twinings English Breakfast para Camila. Felizmente eles têm no hotel a marca favorita dela.

É hora de acordar a Srta. Cabello.

***

Point Of View – Camila

Cinquenta tons de verde (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora