Sinopse.
No ano de 1875, nos salões resplandecentes e conservadores da sociedade londrina, uma figura peculiar causa burburinho entre a alta sociedade. Lilian Ashford, filha de um conde abastado, carrega o nome de sua família com elegância, mas dete...
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Londres, 1875
As carruagens desfilavam pelas ruas estreitas de Londres, sob a vigilância severa das fachadas elegantes das mansões que adornavam o coração da cidade. Era uma tarde inusitadamente quente para os padrões ingleses, e a luz do sol penetrava pelas janelas das casas aristocráticas, banhando os salões com uma claridade quase indiscreta. Em um desses salões, porém, uma conversa sussurrada tornava-se cada vez mais animada. O nome que circulava de boca em boca não era outro senão o de Lilian Ashford, filha do conde de Westbury, e cuja reputação já ganhava contornos de mistério e desafio.
Lilian, dizem as senhoras e os cavalheiros, é uma dama que recusa o jugo da obediência e o rigor da etiqueta. Seu riso era livre, sua postura resoluta, e os olhares que atraía nos eventos eram tanto de desaprovação quanto de fascínio. Para horror de sua mãe, e talvez desgosto de seu pai, ela negligenciava a delicadeza esperada de uma moça de sua posição. Ao invés de bordados e chá, Lilian preferia cavalgar pelas colinas e ler tratados de filosofia, envolta em questionamentos que deveriam estar bem longe da mente de uma dama respeitável.
Foi durante uma dessas recepções, quando os pares nobres trocavam cortesias ao som da orquestra, que Lord Oliver Wellesley pousou o olhar pela primeira vez sobre a figura de Lilian. Ele, um cavalheiro de conduta impecável e possuidor de um charme discreto que encantava as damas mais exigentes, notou, com uma pontada de inquietação, que seus olhos buscavam-na mais do que o aceitável.
Ali estava ela, não exatamente na posição ou vestimenta esperada, mas com uma vivacidade inigualável, uma luz que poucos ousavam possuir. Oliver prendeu a respiração por um instante, imerso em uma estranha sensação de admiração e desconcerto. A indomável Lilian Ashford — será que ela sabia do poder que exercia sobre os corações que se julgavam inabaláveis?
E assim, sob a égide da sociedade que os observava, o destino começava a tecer os primeiros fios de uma trama que nem mesmo o mais racional dos homens, como Lord Wellesley, poderia prever.
