K.O. | JINKOOK

1️⃣5️⃣

A luz suave da madrugada iluminava o quarto de Jungkook, revelando Seokjin, que dormia espremido na cama estreita, ocupando cada centímetro possível. Jungkook, encostado na beirada, observava o rosto tranquilo de Jin, os traços relaxados e a respiração calma. Era raro vê-lo assim, tão vulnerável e desarmado, e Jungkook não conseguia desviar o olhar.

De repente, Seokjin se mexeu, franzindo a testa, como se estivesse desconfortável. Ele abriu os olhos lentamente e viu Jungkook o observando.

— Hm... você tá confortável? — Jungkook perguntou, a voz baixa, quase sussurrando.

— Não — Jin respondeu, ainda meio sonolento, a voz rouca e um pouco confusa.

— Não? — Jungkook arregalou os olhos, a preocupação estampada no rosto. — Ah, desculpa, eu sei que minha cama é meio... pequena. E eu não tenho mais travesseiros, só esses lençóis meio ásperos. Não é como seda nem nada do tipo, mas eu...

Jin riu suavemente e balançou a cabeça, interrompendo Jungkook.

— Não, bobo... — ele murmurou, esticando a mão e tocando o braço de Jungkook. — Tá faltando você, Jungkook-ah.

As palavras foram tão simples, que Jungkook ficou sem reação por um segundo. Então, sem pensar duas vezes, ele deslizou para o espaço que Jin deixou ao seu lado, seus corpos se encaixando na cama estreita, próximos o suficiente para sentirem a respiração um do outro.

— Agora tá perfeito — Jin sussurrou, fechando os olhos com um sorriso suave.

Jungkook adormeceu, no silêncio daquela noite, nos braços do outro.

Era a quinta noite que Seokjin estava ali, na pequena kitnet de Jungkook. Tinha se tornado um ritual: Jin trazia comida e, sem cerimônia, dormia com uma das roupas de Jungkook, que já tinha até parado de oferecer — que  simplesmente abria o guarda-roupa e escolhia uma camiseta e uma short.

Mas, simplesmente, algo estava começando a parecer estranho.

Todas as noites, o celular de Jin começava a tocar, sempre em momentos aleatórios, e ele logo desligava. Depois de algumas ligações, Jin pegava o aparelho, olhava a tela por uns segundos, e então caminhava para o banheiro.
Mas antes de fechar a porta, ele sempre parava em frente à janela, lançando um olhar distante para fora, como se estivesse procurando algo, era rápido, mas não passava despercebido.

Só depois disso ele entrava no banho.

A princípio, Jungkook achou que era só coincidência. Mas depois de alguns dias, aquela rotina começou a deixar algo inquietante no ar.

Jungkook estava... paranoico? Com ciúmes? Afinal, eles só estavam juntos há cinco dias! Qual é?

Seokjin era um CEO, alguém com responsabilidades importantes, certo? Então, por que ele ignorava todas aquelas chamadas? E por que deixava o celular sempre distante, como se não quisesse que Jungkook o visse?

Se perguntava se não estava exagerando, mas algo dentro dele não conseguia deixar passar.

Em outra noite, quando Jungkook percebeu que Seokjin estava dormindo profundamente, ele se levantou silenciosamente e foi até a janela.

Talvez estivesse agindo por pura curiosidade... ou talvez fosse a inquietação que vinha crescendo dentro dele. Mas, ao espiar pela cortina, ele viu algo que não esperava.

Bingo! Um carro preto da Hyundai estava estacionado na rua. Até aí, tudo bem. Podia ser o próprio carro de Seokjin, não é? Mas então ele olhou mais atentamente. Não era só um carro. Eram cinco — todos grandes, todos pretos, estrategicamente espalhados pela rua.