Capítulo 3: Oi, gatinho.

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Hannah Carson

Depois de mais três rodadas de beer pong, eu já estava um pouquinho animada demais. Lá se ia meu senso de autopreservação, porque tinha me deixado beber mais do que o normal. Mas eu estava feliz e queria mesmo me divertir. Além do mais, Caleb estava de olho em mim, assim como Adam e Wyatt, porque agora eu tinha três seguranças em vez de dois. Sabia que eles não deixariam nada acontecer comigo.

Jack me levou pra dançar depois que o jogo perdeu a graça e eu tentei ignorar o fato que ficava batendo na minha cabeça, me lembrando o tempo todo que Luca estava naquela festa. Mas tinha o perdido de vista depois que ele chegou e não podia esperar nada dele, porque obviamente eu era a única interessada ali. E não havia nada mais deprimente do que ficar um ano inteira obcecada por uma pessoa que nem liga pra minha existência.

—Você está muito bonita. —Jack sussurrou no meu ouvido enquanto a gente dançava. E minhas bochechas doeram de tanto que eu estava sorrindo, me deixando levar pelo momento de animação.

Fiquei um pouco tensa quando senti as mãos dele no meu rosto, porque ele obviamente pretendia me beijar. Eu provavelmente deixaria, porque aquilo ia ser bom pra mim. Ficar com alguém depois de tanto tempo ignorando o sexo masculino por conta de uma paixonite boba. Mas Jack não conseguiu alcançar minha boca, porque alguém empurrou nós dois.

Trombei contra uma parede alta que me segurou, erguendo a cabeça e abrindo um sorriso sarcástico quando vi que era Wyatt que me segurava. Caleb surgiu logo ao meu lado, ajudando Jack a recuperar o equilíbrio. Pela cara de Jack, ele sabia muito bem que iria morrer se não desse o fora dali bem rapidinho.

—Vocês são uns babacas. —Resmunguei, porque Jack murmurou algo sobre ir no banheiro e desapareceu sobre o olhar afiado de Caleb. Tive a impressão que ele encontrou Adam no meio do caminho, provavelmente para fazer terror psicológico no coitado.

—Jack não vale nada, sabia? Você podia selecionar melhor os caras com quem decide sair. —Caleb afirmou, e eu fiz cara feia pra ele, porque aquilo não era da conta dele de fato. —Ele já deve ter pegado a faculdade inteira se duvidar.

—Odeio concordar com o seu irmão, mas ele tá certo. —Wyatt balançou a cabeça, deixando que eu me afastasse. Soltei uma risada descrente, procurando Elisa e Hazel, porque elas não deveriam deixar esses dois sozinhos por aí. —E eu jogo com o cara, então posso dar certeza que ele não vale nada.

—Eu só queria dar uns beijos, tá bom? Eu não ia pedir o cara em casamento. —Rebati, e meu irmão se encolheu como preferisse não ter ouvido aquela frase. —Gostava mais de vocês dois quando vocês se odiavam.

—E quem disse que a gente não se odeia? —Wyatt questionou, mas eu já tinha saído de perto deles, indo procurar por Jack, porque não ia deixá-los estragar minha noite. Eu não estava procurando um príncipe encantado, só queria literalmente ficar com alguém legal. E ele era legal, além de bonito.

Parei no meio do caminho de ir no banheiro, onde vi Jack entrando, porque havia uma comoção interessante do lado de fora. Segui até a porta, passando a língua nos lábios quando encontrei Luca sentado com o time de hóquei. Eles estavam rindo. Rindo pra valer. Gargalhadas altas e gritinhos histéricos. Mas Luca não estava acompanhando nenhum deles. Se eu estivesse certa, ele estava quase se escondendo embaixo da mesa.

—Puta merda, eu não acredito que você nunca beijou na vida! —Alguém gritou, enquanto eu me aproximava com cautela, porque não queria chamar a atenção deles.

Quase caí de cara no chão quando tropecei nos meus próprios pés ao ouvir aquilo, porque não podia acreditar que Luca nunca tinha beijado. Era impossível. Eu poderia citar todas as garotas na universidade, e até mesmo os caras, que já vi sussurrando e suspirando por ele.

—Eu não disse isso. —Escutei Luca retrucar, mas sua voz tinha saído hesitante. Quase incerta. Era bem óbvio que ele estava extremamente desconfortável com a conversa e que não conseguiria nem mentir para que eles parassem de incomoda-lo.

—Você nem mesmo respondeu. Ficou todo constrangido. —Alguém afirmou, e Luca se encolheu consideravelmente. De onde eu estava eu podia ver o rosto dele mais vermelho do que qualquer outra coisa, além da tensão nos seus ombros. —Acho que o Wyatt se esqueceu de ensinar o irmãozinho a pegar alguém.

Eles caíram na risada de novo, e Luca desviou os olhos para o chão, completamente desconfortável. Apertei meus lábios com força, porque eles estavam sendo um bando de idiotas por julga-lo por causa disso. Tudo bem que podia ser os brincadeira, mas Luca visivelmente não estava gostando, o que deveria ser suficiente para fazê-los calar a boca.

Ajeitei meus cabelos, erguendo o queixo antes de caminhar na direção deles com uma coragem que fazia meu sangue esquentar. Luca ergueu a cabeça e seus olhos encontraram os meus, como se ele me sentisse muito antes de qualquer outra pessoa. Abri um sorriso pra ele, observando ele começar a ficar pálido, como se a situação estivesse ficando muito pior pra ele.

—Olá. —Cumprimentei todo mundo, fazendo-os notar a minha presença. Atravessei as cadeiras tentando não tropeçar nos pés e pernas pelo caminho, até alcançar a cadeira de Luca, que me olhava quase como se eu fosse um fantasma. —Oi, gatinho.

Luca prendeu a respiração quando me sentei no colo dele, fazendo um silêncio assustador tomar conta da mesa, quando todo mundo parecia absurdamente chocado. Eu poderia muito bem cair na risada ali mesmo, porque a cara deles valeria minha noite toda, assim como a expressão perdida de Luca quando olhou pra mim assustado, colocando as mãos trêmulas na minha cintura como se não soubesse o que fazer.

—Eu estava te procurando. Você me prometeu uma dança, lembra? —Sussurrei, fazendo um biquinho triste com os lábios, porque sabia que todo mundo estava ouvindo e olhando. Me inclinei até esconder meu rosto na garganta dele, vendo Luca ficar arrepiado quando sentiu minha respiração na sua pele. —E eu quero uma carona pra casa depois.

—Tudo bem. —A voz de Luca veio como uma lufada de ar quente na minha bochecha, e eu estremeci no colo dele, tentando manter a sanidade quando fiquei de pé, ajeitando minha saia antes de segurar a mão dele.

Luca veio sem hesitar, apertando minha mão como se estivesse apenas seguindo um roteiro que ele nem tinha lido. Bom, porque a carinha fofa e perdida dele, em uma mistura de ansiedade, alívio e vergonha, seria o combustível para os meus próximos sonhos românticos. Acenei com a mão para os amigos dele, exibindo minha expressão mais ousada de todas, que eu sabia que faria todos eles imaginarem muitas coisas entre eu e Luca.

—Hannah... —Luca apertou minha mão, me fazendo parar de andar quando entramos na casa. Olhei pra ele, engolindo em seco quando o vi me encarando com o rosto corado, parecendo buscar o que dizer pra mim.

—Não precisa me agradecer. Seus amigos são uns idiotas. —Afirmei, e ele apertou os lábios, concordando com a cabeça. Mas ainda parecia querer dizer alguma coisa pra mim, se Taylor não tivesse usado aquele exato momento para chegar ali.

—Você veio! —Ela gritou animada, pulando em cima de Luca em uma visível felicidade por encontrá-lo ali. Soltei a mão dele, me afastando antes que as coisas ficassem estranhas demais.


Continua...

A última jogada do coração/ Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora