Capítulo 13: Alerta vermelho.

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Hannah Carson

Luca não falou comigo no café da manhã. Na verdade, ele apenas me deu um bom dia quase sussurrado e não olhou pra mim um segundo sequer. Fiquei repetindo pra mim mesma que provavelmente ele só estava morrendo de vergonha. Bia estava certa sobre eu não tentar falar com ele pessoalmente, não ia dar certo.

—Ah, isso é tão romântico. Nem acredito que foi ele quem teve a iniciativa. —Hazel afirmou, e eu lancei a minha irmã um olhar demorado, porque eu sabia que ela ia dizer aquela primeira parte sobre isso ser romântico. É a cara dela.

—Aposto que a Charlote ajudou. Não faz sentido ele estar com um papel dela e usar uma caneta cheia de glitter sem ter o dedo dela nisso. —Afirmei, ainda mais sabendo que Charlote tinha essa mania fofa de enviar recadinhos pra gente.

—Independe de quem teve a ideia, o importante é que ele deu o primeiro passo. Ele pode ter evitado falar com você, mas tenho certeza que você ainda vai receber outra carta. E você deve responder deixando abertura pra que isso continue acontecendo. —Emma falou, e eu assenti com a cabeça, me sentindo ansiosa demais para a noite, porque tinha a sensação que só receberia uma carta quando fosse dormir.

Soltei um suspiro longo, porque hoje era dia de Ação de Graças, então a noite seria super longa. Eu tinha vindo pra casa de Emma logo depois do café, depois de Wyatt aparecer lá pra buscar Luca. Os dois tinham saído pra fazer alguma coisa junto, mas estariam aqui a qualquer momento, assim como Zack e Bia, que tinham ficado em casa com as crianças organizando algumas coisas.

Eu e Hazel estávamos ajudando Emma a arrumar a sala, já que éramos um grupo grande de pessoas quando estávamos reunidos. E não queríamos que as crianças acabassem destruindo qualquer coisa, já que elas eram impossíveis de serem controladas quando estavam juntas.

—E você achando que ele não tinha interesse e ainda mentindo na cara dura que tinha superado. —Hazel soltou uma risada quando olhei pra ela de cara feia. —Ah, não me olhe assim. Foi fofo ver a sua expressão toda felizinha quando chegou aqui e começou a nos contar o que aconteceu. Sinceramente, eu estava achando que ia demorar mais. Na primeira noite? Ele é rápido.

—Foi só uma carta. —Retruquei, porque não queria criar grandes expectativas e acabar quebrando a cara em algum momento. —Eu acho que se continuar assim, a gente pode acabar se aproximando e isso dê em alguma coisa. Mas estou tentando não pensar demais e enlouquecer no processo.

—Sabe o que foi que ficou faltando? —Emma questionou, e eu e Hazel olhamos pra ela na mesma hora, esperando que ela nos contasse. —No dia da festa, quando você sentou no colo dele, deveria ter o beijado. Sério, isso ia mudar tudo. E você sabe que eu tenho voz pra falar isso.

—Eu não podia simplesmente beijar o Luca assim. Ele nunca mais ia olhar na minha cara. Ele não é igual ao Collin. —Exclamei, porque minha irmã era um pouco maluca e apesar de eu ser um pouco louca as vezes, eu tinha certo controle. —Na verdade, não sei como o Collin não te achou uma maluca.

—Foi porque eu gostei. —Collin afirmou, e nós três olhamos para a cozinha, onde ele andava de um lado para o outro começando os preparativos pro jantar. —Vocês três sabem que eu estou bem aqui, ouvindo tudo, né? É meio estranho ouvir vocês falando de um cara assim.

—Então você finge que não está escutando. —Emma piscou pra ele e depois mandou um beijo, o que fez Collin negar com a cabeça enquanto sorria. —E não conte aos meus irmãos. Você sabe que os malucos da família são eles.

—Tenho pena do Luca. —Collin soltou, e eu balancei a cabeça negativamente, olhando na direção de Hazel, porque nós duas sabíamos que Luca provavelmente seria o único bem-vindo ali, já que Caleb já tinha deixado bem claro que gostava dele

Soltei um grito quando fui atingida por uma bolinha de papel, antes de Michael e Josh passarem correndo pela sala com suas arminhas de brinquedo, atirando para todos os lados. Emma parou o que estava fazendo e olhou para os gêmeos, balançando a cabeça negativamente quando Josh gritou que era guerra e então subiu correndo pelas escadas para recarregar a arma.

—Deus, eles são piores do que a gente nessa idade. —Emma passou a mão na testa, como se estivesse se preparando mentalmente para alguma coisa. —Eles já estão animados a essa hora, não quero nem ver quando os outros chegarem.

—Luca se da bem com crianças. —Contei, me lembrando de como ele ganhou a atenção de Mason e Charlote com apenas 5 minutos na frente deles. —Aposto que ele vai conquistar todas elas.

—Alerta vermelho, Collin, seu posto de tio favorito está correndo sérios riscos. —Hazel afirmou, e escutamos o resmungo de Collin na cozinha, porque mesmo que ele não fosse competitivo como nossos irmãos, ele também gostava de estar na frente em alguma coisa. E não era um segredo pra ninguém que ele era o tio favorito. Pelo menos por enquanto.

—Olha, apesar de eu achar que beijar ele naquela festa poderia ter sido bem interessante, acho que foi bom você não ter feito isso. —Emma me encarou com uma expressão pensativa. —Luca não é o Collin e já deu pra ver que ele é bem mais cauteloso ao fazer as coisas. Essa coisa de trocar cartas é fofa pra caramba, então aproveita. Isso inevitavelmente vai aproximar vocês dois.

Concordei com a cabeça, porque era o mesmo que eu estava pensando. Mas eu daria tudo pra ser uma mosquinha e saber qual foi a reação de Luca quando acordou e percebeu que eu já tinha respondido o que ele tinha me mandado. Eu esperava receber uma resposta dele, ou que hoje a noite ele pelo menos olhasse pra mim.

Eu não era uma pessoa que estava acostumada a esperar para ter as coisas. Normalmente eu era bem decidida no que queria, o que fazia muitas pessoas não gostarem de mim por acharem que eu tenho opiniões fortes demais sobre mim mesma. Mas gosto de pensar que sou boa em muitas coisas, principalmente em conseguir alguma coisa quando eu a quero.

Tinha a sensação que com Luca eu estava subindo uma escadaria enorme, degrau por degrau. Eu fiquei parada no mesmo degrau o ano todo, até aquela festa, onde eu acho que consegui pular alguns degraus a mais na direção dele. Mas essa coisa das cartas? Foi Luca quem colocou o corrimão nas escadas pra me ajudar a subir. Estou ansiosa pra descobrir o que vou encontrar quando chegar no último degrau.


Continua...

A última jogada do coração/ Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora