A última jogada do coração/ Vol. 3

Capítulo 2: Verdade ou desafio.

Luca Hollis

Eu não deveria ter vindo. É idiota pensar que eu poderia me divertir em uma festa quando eu detesto qualquer coisa relacionada a ela. As pessoas demais. As músicas que normalmente não são do meu gosto. As bebidas em excesso. E sempre tem alguém fazendo alguma merda que provavelmente iria me irritar.

Mas Elisa tinha me convencido a vir dessa vez, como se eu não pudesse passar a faculdade inteira em casa, sem participar de alguma coisa assim. Na minha opinião, eu estava muito confortável no meu quarto jogando na maior paz do mundo. Só que por algum motivo eu decidi aceitar dessa vez. Caleb e Elisa tinham me dado uma carona. Fiquei um tempão no carro tomando coragem depois que eles entraram, porque estava ansioso demais. E ansiedade me dava vontade de vomitar.

Elisa — Onde você está?
No carro ainda?
Entra um pouco.
Tenho certeza que você vai se divertir pelo menos um pouquinho.

Não queria dizer a Elisa que ela estava muito errada, mas criei algum pingo de coragem e saí do carro, antes de seguir em direção a casa lotada. Algumas pessoas sorriram pra mim assim que cheguei, porque apesar de não participar muito daquelas festas, eu fazia parte do time de hóquei, o que me fazia ser conhecido, mesmo que eu preferisse ser invisível na maioria das vezes.

Enfiei as mãos no bolso da calça, engolindo em seco quando vi toda aquela gente dançando super animada. A música alta e as conversas que mais pareciam gritos. Eu poderia muito bem dar meia volta e ir pra casa, mas tinha prometido a Elisa que iria tentar e já tinha ido até ali. Procurei por ela no meio daquele caos, vendo-a dançando com Caleb.

Caminhei até os dois, esbarrando em algumas pessoas pelo caminho, porque era impossível ser notado ali quando a maioria já estava muito bêbada. Caleb me viu antes que eu os alcança-se, abrindo um sorriso animado ao ver que eu tinha finalmente saído do carro.

—Oi, desculpa atrapalhar. —Falei, fazendo Elisa se virar pra mim e os dois pararem de dançar. —Só vim te devolver as chaves do carro.

—Você não vai embora, né? —Elisa questionou, e eu neguei com a cabeça na mesma hora, porque apesar de querer fazer isso, eu ia ficar pelo menos um pouco.

—Vou dar uma volta por aí. Ver se encontro meus amigos. —Dei de ombros, porque só queria ficar longe daquela bagunça ali dentro. A área da piscina provavelmente estava lotada também, mas com certeza era mil vezes melhor do que dentro da casa.

—A gente vai dançar mais uma e te encontra lá fora. —Caleb afirmou, se aproximando mais de mim para que eu pudesse ouvir. Concordei com a cabeça, antes de me afastar para deixar que os dois dançassem de novo.

Vi meus irmãos de relance também, mas ambos estavam ocupados com seus parceiros para notarem a minha presença. Não tinha contado a eles que viria, então seria uma surpresa interessante quando eles percebessem que eu estava ali. Segui em direção a porta dos fundos, me sentindo tão deslocado ali que eu duvidava muito que alguma coisa pudesse me deixar animado.

Parei de andar assim que passei meus olhos por uma das mesas no canto da sala, onde um grupo de pessoas estava reunida. Minhas mãos se apertaram dentro dos bolsos da calça, enquanto eu comprimia os lábios e engolia muito lentamente ao ver Hannah no meio deles, jogando beer pong. Ela parecia super feliz, além de estar absurdamente linda.

Meu coração afundou numa sensação amarga quando um cara que estava do lado dela a abraçou, a apertando contra si e sussurrando alguma coisa no ouvido dela que a fez soltar uma risada. Os dois pareciam super próximos, como se tivessem alguma coisa. Era inexplicável a sensação pesada que caiu nos meus ombros quando me virei e fui para o lado de fora, tentando apagar aquela cena da minha cabeça.

—Eu sou tão idiota. —Resmunguei, porque eu deveria simplesmente ir embora. Elisa não ficaria chateada comigo se eu fizesse isso. Ela já estava acostumada com meu jeito antissocial.

—Ah, meu Deus, Luca? —Um dos meus colegas de time gritou, e eu encontrei todos eles juntos perto da piscina. —A princesa finalmente deixou a torre onde se esconde. Olha só!

—E eu já me arrependi amargamente disso. —Afirmei, abrindo um sorriso enquanto caminhava até eles. Parei ao lado da mesa que a maioria deles estava sentado. Alguns dos meus colegas com as namoradas e outros já tinham encontrado alguém com quem provavelmente iriam embora no final da festa.

—Não fala isso, é bom demais ver você aqui. —Um deles gritou, mas era tanta gente falando ao redor que nem reconheci quem era. Alguém puxou uma cadeira para que eu me sentasse, enquanto eu fazia uma careta para todas as garrafas de cerveja jogadas na mesa.

—O que vocês estão fazendo? —Indaguei, vendo uma das garotas que estava ali girar uma das garrafas solta sobre a mesa. Eles nem precisavam me responder, porque eu já tinha adivinhado só com aquilo.

—Verdade ou desafio. Já que você nos deu a honra da sua presença nessa festa, vai participar também. —Alden estava sentado ao meu lado, e se inclinou para passar o braço ao redor do meu pescoço, deixando o cheiro da cerveja chegar em mim.

—Acho que não. —Recusei, negando também a cerveja que ele estendeu na minha direção, porque tinha quase certeza de que todo mundo já tinha colocado a boca naquela garrafa.

—Ah, vai sim. —Ryan gritou do outro lado, girando a garrafa de cerveja. Eu deveria estar com um azar de merda, porque a garrafa parou justamente na minha direção, o que fez todos eles gritarem e rirem alto. Acabei rindo também, entrando na brincadeira junto com eles.

A garrafa foi girando, enquanto as perguntas e os desafios eram feitos. Um dos meus amigos foi desafiado a pular só de cueca na piscina, e ele fez sem nem hesitar, jogando água pra todo lado. Uma garota foi desafiada a ficar 7 minutos no céu com outra e depois de 20 minutos todo mundo tinha certeza que as duas não iriam voltar mais.

—Merda. —Soltei, rindo quando a garrafa parou em mim mais uma vez. Não me incomodei de verdade, porque estava realmente gostando de ficar ali. Pelo menos não estava sendo tão terrível como eu imaginava.

—Ok, como nossa estrela do hóquei que arranca suspiros por aí, não posso evitar de fazer essa pergunta. Você é um túmulo, mas todo mundo aqui morre de curiosidade. —Paul falou do outro lado da mesa, e me sorriso diminuiu um pouco quando fiquei hesitante com o que ele iria perguntar. —Com quantas garotas você já ficou?

Continua...