Capítulo 11: L. Hollis.

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Hannah Carson

Eu não tinha sonhado com Luca essa noite, o que eu achava que era uma coisa bem possível depois de precisar dormir sabendo que ele estava no quarto da frente. Caramba, o dia de ontem tinha sido interessante. E apesar de eu pensar que ele parecia desejar conversar comigo quando o encontrei saindo do banheiro, acho que só estava me iludindo pela forma gentil que ele olhava pra todo mundo, não só pra mim.

Soltei um suspiro pesado, porque hoje era dia de Ação de Graças. Íamos nos reunir na casa de Emma e Collin e amanhã os jogos iam começar. Hannah não tinha dividido seu plano com a gente, mas eu já sabia que era uma ideia boa só pela expressão entusiasmada no rosto dela. E eu estava desejando muito vencer aquele ano de novo, porque eu era muito competitiva, assim como o restante da minha família.

Me levantei da cama, pronta pra fazer aquele dia ser bom e me preparar para amanhã, porque precisava me concentrar, mesmo que Luca e sua expressão tímida fosse a distração perfeita. Franzi a testa ao ver um papel dobrado no chão em frente a minha porta. Não tinha o visto ontem a noite quando voltei do banheiro e todos já estavam deitados, então ele ainda não estava ali ou eu tinha sido distraída demais.

Caminhei até lá e o juntei do chão, observando a folha rosa e sabendo que provavelmente era de Charlote. Ela costumava enviar recadinhos fofos pra todo mundo quando estávamos todos na mesma casa. Fazia tempo que eu não recebia um, mas não ficava surpresa sabendo que ontem ela reclamou de ter sentindo muito a minha falta.

Abri o papel, sentindo meu coração chegar a garganta quando vi que a letra não era nem um pouco parecida com a de Charlote. Mas o que me assustou mesmo, fazendo minha pulsação passar de 100 em segundos, foi perceber que aquela era uma carta de Luca. Não conhecia a letra dele, mas só ele seria capaz de fazer minha barriga gelar e um gritinho animado escapar pela minha boca.

Oi, Hannah.
Estava pensando em como começar isso sem soar a coisa mais constrangedora e tosca de todas. Mas esquece isso, já é as duas coisas o suficiente. Acho que você já deve ter percebido que não sou muito bom com palavras, né? Na verdade, sou tolamente péssimo com elas, porque não sei socializar com pessoas que não sejam da minha família.
Mas eu acho que precisava dizer algumas coisas a você. Coisas que eu venho pensando a alguns dias, mas que não consigo falar quando estou na sua frente. Isso também soa constrangedor, mas não é tão constrangedor quanto o assunto que vou puxar agora.
Você me agradeceu por eu ter te levado pra casa, mas eu não consegui te agradecer por ter me ajudado naquela festa. Sério, Hannah, muito obrigada. Aquele momento foi provavelmente a coisa mais vergonhosa da minha vida. Normalmente eu não me envolvo em jogos que me deixam expostos, mas naquela festa eu estava tentando não ser o amigo chato do grupo, sabe? E eu não pensei que um jogo de verdade ou desafio poderia acabar tão mal pra mim. Se não fosse por você, eu não teria conseguido negar aquilo sozinho, porque sou horrível tentando mentir. Mas você fez eles acreditarem que tínhamos alguma coisa e aquilo me salvou de muitas piadas. Então obrigada de novo. Você foi corajosa demais fazendo aquilo e nunca vou deixar de pensar que você foi incrível aquela noite. Acho que eu estava mesmo te devendo uma carona pra casa no final da noite, né?

L. Hollis.

Enfiei a mão na boca para não gritar alto, porque não sabia que horas eram e não podia acordar as crianças. Meu coração estava martelando no meu peito quando saí para o corredor e disparei na direção do quarto do meu irmão e de Bia. Bati na porta sem parar, porque aquele era um momento muito importante que eu não podia esperar.

—Meu Deus, Hannah, a casa está pegando fogo? —Zack abre a porta, me encarando com os cabelos tão bagunçados que eu quase dou risada, porque meu irmão fica uma gracinha quando acorda, com uma cara sonolenta irritada. Ou talvez eu só estivesse feliz demais.

—Quase isso. Preciso roubar sua esposa um pouquinho. —Afirmei, puxando Zack pra fora do quarto enquanto eu entrava. Ele me encarou com uma expressão confusa, antes de eu fechar a porta na cara dele em meio a um pedido de desculpas.

—Hannah? —Bia ergueu a cabeça do travesseiro, parecendo se segurar para não rir com o que tinha acabado de acontecer. —O que aconteceu? Você parece muito feliz pra... —Bia pegou o celular e checou a hora, parecendo um pouco descrente. —Quase sete da manhã.

Caramba, tinha tirado o podre do meu irmão super cedo. Esperava que quando eu saísse dali ele não estivesse me esperando com minha mala em uma mão para me mandar embora. Mas eu podia pensar nisso depois, porque eu estava realmente feliz de mais e Bia já tinha percebido isso, além de ver o papel que eu estava segurando na mão.

—Ele me escreveu uma carta! —Exclamei, correndo até a cama e praticamente me jogando ao lado de Bia, antes de mostrar pra ela. —É um papel da Charlote, mas é do Luca.

—Puta merda! —Bia soltou, totalmente chocada, enquanto lia o que ele tinha escrito pra mim. E sim, puta merda, eu poderia muito bem soltar fogos de artifício. —Hannah...

—Eu sei, é a coisa mais fofa de todas, né? —Afirmei, e eu e Bia nos olhando, segurando uma a mão a outra enquanto abríamos sorriamos enormes e soltávamos gritinhos animados. —Meu Deus, eu não sei o que fazer. O que você acha?

—Como assim não sabe o que fazer? —Bia balançou o papel quase na minha cara, soltando uma risada alta. —Ele te escreveu uma carta, Hannah. Você precisa responder ele. Escreve uma carta também.

—Será? —Fiquei de pé, andando de um lado para o outro na frente da cama, enquanto Bia me encarava ainda da cama, com uma expressão divertida, porque eu estava tão sem reação, ao mesmo tempo que feliz e nervosa.

—Eu to vendo seus divertidamente em festa e correndo de um lado para o outro completamente desesperados. —Bia afirmou, e eu parei de andar e olhei pra ela, caindo na risada no momento seguinte quando não me aguentei. Bia riu junto comigo, acenando para que eu voltasse para a cama junto com ela. —Hannah, ele te escreveu uma carta porque é super tímido e não sabe o que falar pessoalmente. Acho que se você tentar falar com ele pessoalmente, não vai conseguir nada. Mas talvez respondendo essa carta você consiga se aproximar dele.

—Você tem razão. —Falei, umedecendo os lábios com a língua enquanto tentava deixar minha emoção mais calma para pensar direito. —Tudo bem, vou escrever uma carta.


Continua...

A última jogada do coração/ Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora