Capítulo 5: É um grande avanço.

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Aspen, Colorado

Hannah Carson

O feriado de Ação de Graças era quase um evento pra nossa família também. Antigamente meus pais tinham o costume de passar essa data na casa dos meus avós. Mas isso já faz tempo, porque meus avós faleceram e nossa família cresceu muito mais do que deveria. Agora, fazíamos um sorteio pra decidir em qual casa seria, porque evitava as discussões desnecessárias.

—O Collin já é nosso cozinheiro oficial mesmo. É até bom que o feriado tenha caído pra ele e a Emma. —Hazel afirmou, e eu vi Caleb concordar com a cabeça. Estávamos sentados no chão da sala da nossa casa, montando a árvore de Natal, apesar de ainda nem sabermos onde o Natal seria oficialmente, porque isso também costumava ser decidido por sorteio. —A gente ainda não decidiu a divisão da equipe dos jogos esse ano.

—Que eu saiba, o Zack e o Peter já fizeram isso. —Caleb falou, e eu e Hazel paramos o que estávamos fazendo para olhar pra ele, porque ninguém tinha dito nada. —Não me olhem com essa cara, eu não me envolvi em nada. Anne disse que eles estavam ansiosos demais, já que esse ano os Hollis e a Elisa vão participar com a gente. Então eles decidiram fazer a divisão de uma vez.

—E como vai ser? —Eu e Hazel questionamos ao mesmo tempo, o que fez Caleb soltar uma risada. Hazel provavelmente estava ansiosa pra saber se tinha caído na mesma equipe que Wyatt e eu estava tentando não pensar na ansiedade que estava me dando, por um motivo bem especifico.

—Não se preocupe Hazel, você não vai ficar longe do Wyatt. Vocês dois vão ficar com a Emma e o Collin. —Caleb afirmou, e Hazel abriu um sorriso animado, como se tivesse muito satisfeita com aquela divisão. —O Adam e a Taylor vão ficar com o Peter e a Anne. Eu e a Elisa com o Kyle e a Florence.

Hazel e Caleb olharam pra mim ao mesmo tempo, enquanto eu abria um sorriso feliz, porque queria mesmo ficar com Bia e Zack. Nós três tínhamos vencido no ano passado, então eu não tinha duvidas de que esse ano as chances estavam do nosso lado, porque o vencedor do último ano era quem dava a largada.

—Isso significa que o Luca vai ficar com vocês, sabe disso, não é? —Hazel questionou, e eu dei de ombros, porque já tinha chegado aquela conclusão sozinha. Meus irmãos continuaram a olhar pra mim, até eu apertar os lábios e parar de colocar as bolinhas da árvore.

—Eu sei que eu sou a mulher mais bonita da família, mas vocês dois não precisam ficar me olhando sem parar. —Soltei, abrindo um sorriso inocente para os dois, mesmo que minha pulsação estivesse a mil por hora. Os dois continuaram me olhando, até eu perder um pouco a paciência. —Eu sei disso. O que vocês esperam que eu diga? Legal, espero que ele se divirta com a nossa família.

—Tudo bem pra você ficar na mesma casa que ele? —Caleb indagou, e eu ergui a mão para esfregar a testa, porque aquela era uma parte que eu estava tentando não pensar. Eu e Luca na mesma casa. Eu ficava arrepiada só de imaginar.

—Vocês estão falando dele como se esperassem que eu fosse o matar por dividirmos o mesmo teto por algumas semanas. —Falei, e os dois trocaram um olhar demorado, como se estivessem pensando na mesma coisa, o que me fez estalar a língua em resignação. —Minha paixonite por ele já passou. Eu realmente não me importo com isso. Só espero que ele seja esperto, porque não quero perder pra nenhum de vocês.

Era uma mentira muito grande, porque minha paixonite não tinha passado coisa nenhuma. Mas eu tinha aceitado a primeira derrota da minha vida, porque pelo visto Luca não me via como nada além de uma conhecida. Depois da festa em que eu o ajudei, fiquei sabendo que ele tinha me levado pro alojamento, coisa que eu nem me lembrava. Mas nós dois nunca falamos sobre isso, porque ele tinha voltado a estar sempre longe.

Eu podia muito bem sobreviver a isso, apesar da sensação amarga que eu sentia. Ver Hazel namorando o irmão dele me fazia sentir um pouquinho de inveja, porque Wyatt era visivelmente louco por ela. No final das contas eu só estava me sentindo carente por ver todos os meus irmãos namorando, enquanto eu era a única sozinha. Mas tinha certeza que uma hora isso ia acabar passando.

—Quem sabe morando na mesma casa as coisas não mudam entre vocês dois? —Hazel murmurou, e eu balancei a cabeça negativamente, porque minha irmã só estava dando uma de romântica, como normalmente fazia. Ela tinha me incomodado por uma semana inteira depois de saber sobre a cena da festa, mas como eu esperava aquilo não mudou absolutamente nada também.

—No único que você não teve dedo podre, não deu certo. —Caleb soltou, e eu e Hazel olhamos de cara feia pra ele, porque era incrível como Caleb conseguia detestar todo homem que chegava perto de mim, mesmo Luca. —O que foi? Não posso mentir dizendo que Luca não é um cara bacana. Ele realmente é.

—Eu vou pegar aquele taco e tacar na sua cabeça, Caleb. —Ameacei, porque só queria que ele parasse de falar. Ele abriu a boca para continuar se defendendo, mas por sorte nossos pais escolheram esse exato momento pra chegarem, e eu agradeci mentalmente por isso.

—Vocês ainda não terminaram a montagem da árvore? —Nossa mãe questionou, e nós três olhamos para a árvore que estava decorada apenas da metade pra baixo. Nós três acabamos rindo, porque nenhum de nós notou o que estava fazendo até aquele momento.

—Aposto que ficaram conversando e esqueceram do trabalho. —Meu pai se aproximou, pegando alguns laços da caixa, antes de começar a nos ajudar a decorar o restante da árvore, sobre o olhar curioso da dona Silvia.

—Estávamos falando sobre o nosso jogo anual de Natal. —Hazel explicou, e nossa mãe soltou uma risada nervosa, como se já estivesse esperando uma avalanche cair em cima da nossa casa naquele exato momento.

—Vocês e esses jogos. —Ela balançou a cabeça negativamente, mas estava sorrindo quando se abaixou e pegou algumas bolinhas dentro da caixa, se aproximando da árvore para ajudar também. —Tentem se comportar esse ano.

—Pelo menos não estamos mais incomodando os vizinhos. É um grande avanço. —Caleb afirmou, e dona Silvia olhou pra ele como se estivesse com uma resposta na ponta da língua. Mas ela apenas abriu mais o sorriso, parecendo estar apenas feliz de ter os filhos todos por perto.

Nós cinco ficamos em silêncio, terminando de montar a árvore de Natal juntos. Meu pai foi o responsável por passar os pisca pisca e depois liga-los, fazendo tudo se iluminar. Mordi meu lábio com força ao sentir Hazel escorar a cabeça no meu ombro, sem tirar os olhos do que tínhamos feito, porque tinha mesmo a sensação de que aquele Natal seria diferente. E não era apenas pela presença de novas pessoas na família.


Continua...

A última jogada do coração/ Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora