Hannah Carson
Abri a porta da casa de Zack com a chave que eu tinha, arrastando minha mala pra dentro. Caleb tinha me deixado ali, e ia deixar Hazel na casa da Emma logo em seguida. Fechei a porta, tirando minhas botas e a jaqueta, antes de chamar por Zack e por Bia, mas nenhum dos dois deu qualquer sinal de vida.
A árvore de Natal enorme já estava montada perto da lareira, iluminada com mais pisca piscas do que eu poderia imaginar. Abri um sorriso ao ver as meias penduradas em cima da lareira, com os nomes de Zack, Bia, Mason e Charlote bordados em cada um. A casa estava muito silenciosa, o que era sinal suficiente de que as crianças não estavam por ali, porque Mason e Charlote eram super bagunceiros.
Ajeitei o gorro nos meus cabelos, antes de pegar minha mala e arrastar até as escadas. Parei no corredor ao passar na frente de um dos quartos, umedecendo meus lábios com a língua ao ver a mala aberta em cima da cama. Não precisava de nenhuma bola de cristal para saber de quem era. Virei o rosto para o quarto da frente, que era o único livre.
—Meu pobre coração não vai aguentar. —Sussurrei, agradecendo mentalmente por não o encontrar ali. Ele provavelmente tinha saído com Zack, o que me dava tempo para me preparar psicologicamente.
Acho que eu ia passar esse Natal inteiro imaginando cenas românticas com Luca. Era impossível ficar ao lado dele sem imaginar absolutamente nada. Era quase que automático. Acho que o pobre ficaria assustado se soubesse todas as coisas que já imaginei com ele. Tipo, uma vida toda e um felizes para sempre. E ficou difícil não criar várias fanfics na cabeça depois da última festa. Meu Deus, Hazel surtaria se soubesse.
Não podia negar que estava me perguntando como seria. Se Luca mal falaria comigo ou se pelo menos tentaria ser meio que meu amigo. Acho que aquilo era o mais aceitável, já que nossos irmãos estavam literalmente namorando, mas Luca parecia ter aversão a ideia de fazer amizade. Ou ele só não me suportava mesmo.
—Petúnia, você está aqui. —Abri um sorriso ao entrar no quarto e deixar minha mala de lado. Tirei minha mochila das costas e caminhei até a cama, vendo a gata laranja que estava deitada em cima da cama, toda preguiçosa. —Que gatinha mais linda e mais dorminhoca.
Passei a mão nela, que rolou inteira na cama e miou, parecendo super carente. Uma risada escapou pelos meus lábios quando ela se esfregou em mim, antes de ficar de pé e pular para o chão. Petúnia saiu correndo de dentro do quarto e eu me levantei para ir atrás dela, porque provavelmente ela só queria comida.
—Ei, você eu ainda não tinha conhecido. —Levei um susto ao ouvir a voz de Luca, dando de cara com ele assim que saí no corredor. Ele estava abaixado, passando a mão na gata, que se esfregava nele igual uma desesperada, como se nunca ganhasse carinho. —Como você é fofa.
Luca levou mais de um minuto pra notar que eu estava ali, observando ele sem nem piscar ou respirar. Ele só me viu quando pegou Petúnia no colo e se levantou, parecendo levar um susto maior do que o meu. Abri um sorriso assim que ele me viu, porque Luca não precisava fazer muito esforço pra me fazer sorrir.
—Oi. —Ele soltou, tão baixo que quase não ouvi, ficando com as bochechas coradas na mesma hora. Minha boca ficou seca, porque não estava preparada pra falar com ele tão cedo. Eu ainda estava preparando o roteiro na minha cabeça. —Desculpa, eu não tinha te visto.
—Oi, Luca. Eu acabei de chegar. Achei que estava sozinha. Não vi ninguém. —Gesticulei para a casa, vendo Luca assentir enquanto passava a mão na gatinha, como se aquilo pudesse o distrair do susto que tomou.
—Seu irmão foi no mercado. Ele disse que a Bia saiu com as crianças. Eu ainda não os vi. —Luca sussurrou, e eu balancei a cabeça, vendo-o desviar os olhos de mim para Petúnia, parecendo não saber muito bem como agir. E era sempre assim.
—Gostou da cidade? —Questionei, tentando puxar algum assunto, me sentindo tão nervosa perto dele que fiquei até surpresa, porque nervosismo não era algo que combinava comigo. Se eu precisava fazer alguma coisa, eu ia lá e fazia, porque não ia me matar. Mas depois de um ano obcecada por Luca, até mesmo ficar perto dele me deixava nervosa.
—É muito bonita. —Luca olhou pra mim por um segundo e desviou os olhos de novo, mordendo o lábio e então respirando fundo, o que me deixou com o estômago cheio de borboletas super animadas. —Eu e o Wyatt fizemos uma lista de lugares que queremos conhecer.
—Aposto que ele vai conhecer todos eles com a Hazel. —Falei, e Luca soltou uma risada nasal, enquanto eu pensava que ele poderia conhecer esses lugares comigo, se as coisas não fossem do jeito que eram. As vezes eu odiava o universo.
—Pode apostar que sim. —Concordou, e eu engoli em seco, erguendo as mãos para ajeitar meus cabelos, porque sentia que precisava estar fazendo alguma coisa pra aliviar minha ansiedade.
Me aproximei de Luca, vendo-o erguer os olhos pra me encarar, parecendo quase aliviado quando passei a mão em Petúnia no colo dele. O silêncio preenchendo o espaço entre nós dois. Mordi o lábio para não sorrir, porque era o mais perto que eu tinha chegado de Luca, tirando o momento mais louco da minha vida quando me sentei no colo dele naquela festa.
—Gosta de gatos? —Questionei, e Luca confirmou com a cabeça, abrindo um sorriso quando Petúnia lambeu a mão dele, antes de tentar mordê-lo.
—Gosto muito. Normalmente me dou melhor com animais e crianças do que com adultos. —Luca afirmou, e eu acabei rindo, o que o pegou de surpresa. Mas aquilo era bem a cara dele.
—Então você é do tipo que não gosta de pessoas. —Falei, e ele deu de ombros, sem negar o que eu tinha dito. Ok, aquilo também era meio que a cara dele. Isso explicava sua falta de entusiasmo para usar as redes sociais e a aversão a festas. Tinha certeza que depois da última, Luca não iria aparecer em uma nunca mais.
Petúnia pulou para o chão, parecendo cansada de receber tanto carinho. Ela disparou pelas escadas e desapareceu, acabando com o momento que eu e Luca estávamos tendo, porque agora eu me abriguei a dar um passo para trás, porque eu e Luca estávamos próximos demais sem ela ali como distração.
—Eu vou... —Luca apontou para o quarto, pronto para se esconder como normalmente vazia. Abri um sorriso, o que o fez desviar os olhos de mim, parecendo super tímido. —Tenho que ligar pra casa pra avisar que chegamos bem.
—Claro. —Soltei, já voltando para o meu quarto, sem tirar os olhos de Luca enquanto ele ia para o quarto da frente. —Bom ver você, Luca.
—Bom ver você também, Hannah. —Luca falou, me lançando um sorriso super pequeno, antes de fechar a porta do quarto ao mesmo tempo que eu. E aquela tinha sido a maior conversa que tive com ele.
Continua...
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A última jogada do coração/ Vol. 3
RomanceHannah Carson parece ter tudo sob controle: suas notas na faculdade são impecáveis, ela se destaca como a melhor patinadora da equipe, e sua popularidade entre os colegas é perfeita. Mas, ultimamente, nada disso tem realmente preenchido o vazio que...