Capítulo 4: Jogo anual de Natal.

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Luca Hollis

Observei Hannah desaparecendo no meio da pista de dança, enquanto meu peito afundava no mais puro gelo, porque aquele tinha sido provavelmente o pior momento de toda minha vida e ela tinha presenciado. Meu Deus, ela provavelmente tinha ouvido todas as piadas que eles fizeram comigo. E eu tentei negar. Tentei mentir. Mas sou péssimo tentando esconder alguma coisa.

—Que cara é essa? —Taylor questionou, me olhando um pouco preocupada, porque eu certamente não parecia mais animado naquele momento.

—Um dos meus amigos do time me perguntou sobre quantas garotas eu já tinha ficado na vida, no verdade ou desafio. —Falei, e Taylor fechou os olhos com força, entendendo muito bem o que tinha acontecido sem eu precisar terminar. —Eu não consegui mentir direito, então...

—Ah, Luca, eu sinto muito. Sério, eu sinto muito menos. —Taylor afirmou, e eu balancei a cabeça negativamente, porque só queria esquecer que aquilo tinha acontecido. —E por que a Hannah estava com você? Vocês dois...?

—Ela escutou, eu acho. E aí ela foi lá e fingiu que a gente estava tendo alguma coisa, pra elas pararem de me encher. —Sussurrei, vendo Taylor abrir e fechar a boca algumas vezes, como se tivesse ficado sem reação. —Por favor, não fala nada sobre isso, tá bom? Só quero fingir que não aconteceu nada, porque foi muito constrangedor.

—Eu posso ir lá quebrar a cara de todos os seus amigos. —Taylor sugeriu, e eu abri um sorriso fraco, negando com a cabeça, mesmo que a ideia fosse muito tentadora. —Tudo bem, vem dançar comigo então.

—Mas e o Adam? —Questionei, porque não tinha visto o namorado da minha irmã em lugar algum, e eles sempre estavam juntos, então aquilo era estranho.

—Ele foi pegar mais cerveja. Daqui a pouco ele aparece. —Taylor segurou minha mão e me puxou para o meio da pista de dança. —E você precisa dançar comigo.

Procurei por Hannah enquanto dançava com minha irmã, mas não encontrei ela em lugar algum. Fiquei me perguntando se ela tinha ido embora, ou se voltou para o cara com quem estava mais cedo. Eu torcia muito para que fosse a primeira opção, porque ia me sentir muito pior se fosse a segunda.

[...]

Fiquei sentado em um canto pelo restante da festa, conversando com Wyatt, Caleb e Adam. Tentei esquecer o momento constrangedor com meus colegas de time, porque eles provavelmente acham que eu saí de lá para ficar com Hannah. Ela tinha me salvado de uma onda de provocações que iriam se seguir pelos próximos treinos, o que eu era muito grato.

Mas eu não conseguia parar de me sentir mal por ela ter presenciado aquilo também, porque tinha sido vergonhoso. Isso me lembra do porque não venho em festas e que essa provavelmente vai ser a primeira e a última, porque não pretendo repetir isso depois de hoje. Pra mim tinha sido mais do que o suficiente.

—Como vocês estão pro Natal? —Adam questionou, lançando um olhar curioso na direção de Wyatt e eu. —Vai ser um ano interessante eu acho.

—Eu to bem animado. —Wyatt abriu um sorriso, procurando por Hazel, que estava junto com um grupo de garotas que eu não conhecia. —Hazel disse que vocês tem tipo um jogo anual de Natal.

—Ah, é, a gente tem sim. —Adam e Caleb trocaram um olhar demorado, como se estivessem pensando na mesma coisa. Não fazia ideia de nada, porque só tinha sido convidado pra passar o Natal com eles, mas Taylor tinha me deixado de fora dos detalhes.

—Mas vocês vão ver quando chegarmos em Aspen. Acho que vão gostar. —Caleb deu de ombros, e eu passei a mão no rosto, tendo certeza que seria muito melhor se eu não fosse, ainda mais depois do meu momento com Hannah nessa festa. Mas eu gostava do Natal e sabia que meus pais já tinham feito os planos deles. —É uma coisa que começamos a alguns anos com nossos irmãos mais velhos e virou meio que uma tradição.

Wyatt ficou tentando arrancar alguma informação deles sobre isso pelos minutos seguintes, enquanto eu mexia no celular, desejando que a hora passasse rápido. Quando me senti cansado demais, falei pra eles que ia pegar um Uber para ir embora, porque pelo visto eles ainda iriam ficar ali mais um pouco e eu não queria ser o cara chato do grupo, que não se diverte com nada.

Procurei por Taylor e Elisa pra me despedir, antes de seguir em direção a saída. Quase dei meia volta e procurei por outra porta quando vi que Hannah estava escorada na varanda da casa, mas parei quando vi que ela estava quase dormindo de pé. Caminhei até ela, porque a preocupação de saber se ela estava bem era maior que qualquer timidez, mesmo com minha respiração ficando presa na minha garganta e minhas bochechas queimando.

—Hannah? —Ela olhou pra mim assim que me ouviu, soltando um suspiro pesado e abrindo um sorriso quase singelo, me olhando como se estivesse sonhando. Era assim que ela normalmente olhava pra mim, e como sempre eu senti minha barriga ficar gelada, um contraste incrível com o meu sangue que parecia estar fervendo. —Você está bem?

—Estou esperando o Uber pra ir pra casa. —A voz dela saiu meio enrolada, e eu fiquei me perguntando o quanto ela tinha bebido, porque ela não estava assim quando falei com ela horas atrás.

—Vou esperar aqui com você, se não se importar. —Falei, e Hannah mordeu o lábio, me obrigando a desviar os olhos dela, porque ela não tinha ideia do que causava no meu corpo quando fazia aquelas coisas e me olhava daquele jeito.

Hannah ficou em silêncio, escorando a cabeça em uma das pilastras da varanda. Não sai do lado dela, porque Hannah não parecia muito bem e eu me preocupava que alguma coisa acontecesse quando ninguém estivesse olhando. Demorou meia hora até o Uber dela chegar e Hannah parecia mesmo estar dormindo em pé.

Me aproximei dela e passei o braço ao redor da sua cintura. Hannah não demonstrou qualquer reprovação, porque se inclinou para mais perto de mim e me deixou guia-la até o carro. Ajudei ela a entrar e a passar o cinto, antes de dar a volta e entrar no outro lado. Mandei uma mensagem para Caleb avisando que estava a levando pra casa, porque sabia que ele era super protetor com as irmãs e não queria que ele estranhasse o sumiço dela.

Olhei para Hannah durante a viagem, vendo que ela tinha escorado a cabeça no vidro e estava de olhos fechados, com uma respiração super lenta. Esfreguei a mão na testa, me sentindo um idiota, porque ela nem tinha me deixado agradece-la. Quando estávamos chegando, puxei meu celular e perguntei a Caleb qual era o quarto dela no alojamento, porque tinha certeza de que Hannah não ia conseguir encontrá-lo sozinha.

Desci do carro e pedi para que ele esperasse, porque iria pra casa assim que a deixasse em segurança. Hannah estava apagada quando abri a porta do lado dela e tirei o cinto, precisando pega-la no colo e carrega-la pra dentro. Fiquei um pouco tenso quando Hannah se remexeu, passando os braços ao redor dos meus ombros e escondendo o rosto na minha garganta, parecendo estar apenas se ajeitando melhor pra dormir.

Assim que cheguei no quarto dela, tomei cuidado para abrir a porta e não bater a cabeça dela ou suas pernas ao entrar. Parei no meio do cômodo depois de empurrar a porta com o pé para fechá-la, olhando para cada uma das camas quando precisei decidir qual era a dela. Hannah tinha um jeito muito mais rebelde, enquanto Hazel era um doce de pessoa. Não era bem um pouco difícil ver a diferença entre as duas.

Caminhei até o lado mais bagunçado do quarto, porque aquilo era meio que a cara dela e a coloquei com cuidado na cama. Minha pulsação disparou como fogos de artifício explodindo no meu peito quando Hannah se ajeitou no travesseiro, segurando minha mão como se não quisesse que eu fosse embora.

Fechei meus olhos, sabendo que Hannah era provavelmente a garota mais bacana que existia em toda aquela universidade. Ela era popular, engraçada e ousada, além de ter um talento incrível na patinação. Nunca conseguia tirar meus olhos dela quando a via no rinque. Ela brilhava e chamava a atenção de um jeito que tirava o fôlego.

Soltei minha mão do aperto dela com cuidado, antes de tirar os fios de cabelo que estavam caídos sobre seu rosto. Hannah murmurou meu nome em meio ao sono, fazendo um arrepio atravessar meu corpo, antes de eu afastar a mão, porque era a coisa certa a se fazer. Fiquei de pé na mesma hora, tirando os tênis dela, antes de deixá-la coberta e então sair do quarto.

Continua...

A última jogada do coração/ Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora