ENRICO VITALE
Três semanas incessantes se passaram desde que permiti que Gabriel escapasse de sua casa, com uma bala alojada em seu ombro. Ele teria um pouco de dor, mas sobreviveria, afinal de contas foi pedir ajuda a um velho amigo meu. Não importava agora para onde ele achasse melhor ir, Gabriel estava fazendo perfeitamente o que eu bem queria.
Diferente de sua teimosa noiva.
A garota de cabelos longos e castanhos, parecia implorar pela morte o mais rápido possível. Perdi a conta da quantidade de vezes que ela se recusou a comer mesmo que o estômago roncasse. Eu admirava seu esforço, mas de nada serviria. Foram necessárias mais algumas cenas da primeira vez, para que ela entendesse que eu nunca daria a ela o gosto de morrer agora.
De frente para a janela do meu escritório, observo o grande jardim. As rosas vermelhas floresceram rapidamente, como se algo as interessasse o bastante para desabrochar. Preso nesses pensamentos, noto ao lado de Marina a jovem noiva.
Estreito um pouco os olhos, vendo-a olhar para as flores com um pouco de insistência. Por um momento seu olhar se desvia em direção a Marina, mas isso dura poucos segundos até ela tocar em uma das pétalas das flores.
— O que tanto olha pela janela?
Permaneço observando a interação de ambas enquanto Kendrick se aproxima até ficar ao meu lado. Pelo tempo que se passou, ele tem se esforçado em me manter informado sobre todos os passos de Gabriel. A máfia se mantém inativa aos acontecimentos, não tomaram posição alguma, talvez estejam planejando como me capturar e me prenderem novamente.
Eu ficaria orgulhoso se conseguissem.
— Ela finalmente saiu do quarto — constatou, virando-se para me olhar. — O que vai fazer agora que Gabriel está se recuperando da bala?
— Deixe que ele pense que acabou — minhas mãos deslizam para os bolsos da calça, abrigando-se ali. Meus olhos se voltam na imagem da garota perdida tocando as flores como se elas pudessem acalmar a maldição que recaia sobre ela. — Ele vai procurá-la, quero saber quando ele estiver pronto para se vingar.
— Ele não sabe ainda que voltamos para Roma. É uma longa viagem para ser feita após o ataque, ele deve pensar que ainda estamos esperando o momento certo para agir.
— Não, Gabriel é esperto. Sabe que eu voltaria para casa apenas para provocá-lo diante de todos os membros. É como jogar na cara dele que não conseguiu nem mesmo se proteger de alguém considerado tão inferior.
— E então? Qual o próximo passo?
Encaro sua expressão séria, diante do meu melhor amigo e irmão, confesso:
— Anunciarei meu noivado. Deixarem que todos saibam que a noiva de Gabriel Ricci agora pertence a mim.
ALESSIA BELLINI
Rosas vermelhas me faziam lembrar de casa.
Lembrar de casa era uma tortura, já que meu destino nunca me permitiria voltar para lá. Eu já não era mais uma professora, ou filha de alguém, nem mesmo me pertencia. Agora eu era a vingança de alguém, era o amor obsessivo de alguém.
Respiro devagar enquanto a ponta dos meus dedos se encontram com a maciez das pétalas. Eu queria que elas fossem a minha esperança, que me mostrassem o caminho para fora daqui, longe de todo esse ódio e maldade.
— Já vi esse olhar antes.
Olho para cima, Marina tem a feição doce, mas preocupada comigo. Ela era a única que não me olhava como se eu fosse um bicho a ser leiloada, algo a ser caçado e capturado. Por mais que meus olhos pudessem ver sua bondade, eu não poderia esperar que aquilo fosse verdade, nada de bom poderia vir de alguém que se alia a alguém como Vitale.
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🐍🌹A FERA DE ROMA🐍🌹 •EM ANDAMENTO•
Romance18+ Ele é movido pela sede de vingança. Ela anseia desesperadamente por liberdade. Após passar anos aprisionado em Ekbram, Enrico Vitale enxerga uma chance de retornar a Roma e buscar vingança pela tragédia que levou sua família e noiva. Em meio ao...
