ALESSIA BELLINI
Eu não imaginei que enfrentar os olhos de Vitale fosse tão difícil. Não era apenas pela sua postura dura de um soldado das trevas, ou como ele poderia me matar com facilidade. Mas era saber que eram aqueles olhos, que no meio do meu tormento, eram o meu alívio.
Como os olhos deles poderiam ser o meu socorro, quando nunca o tinha visto até o ataque?
Eu não deveria me sentir assim. Não deveria buscar refúgio na presença de um homem como ele. Mas, de alguma forma, ele se tornava meu porto seguro mesmo quando sua própria essência gritava perigo.
As palavras dele ainda ecoavam na minha mente.
Não há um lugar onde possa se esconder de mim.
Um arrepio percorreu minha espinha ao lembrar do sussurro dele tão perto do meu ouvido, do calor de sua respiração contra minha pele. Não era uma ameaça, não exatamente. Mas também não era um aviso vazio. Enrico não era o tipo de homem que dizia algo sem intenção.
Eu queria odiá-lo por isso. Por tornar impossível ignorar sua presença, por se infiltrar nos meus pensamentos, por me fazer sentir...
Engulo em seco, apertando o tecido do vestido que tinha nas mãos sem nem perceber.
— Alessia? — A voz de Marina me trouxe de volta bruscamente.
Pisquei algumas vezes, tentando afastar a névoa dos meus pensamentos.
— O quê?
Ela me observava com um olhar avaliativo, segurando um casaco em uma das mãos, mas claramente mais interessada na minha expressão do que na peça de roupa.
— Você está tão distante que poderia estar do outro lado do mundo — comentou, cruzando os braços.
Desviei o olhar, fingindo interesse nos vestidos à minha frente.
— Só estou cansada.
Marina arqueou uma sobrancelha, nada convencida.
— Cansada, ou Enrico te assustou no café da manhã?
Minha respiração vacilou.
Me assustou? Um pouco. Mas não da forma que ela imaginava. Não era medo de ser machucada. Não era o mesmo pavor que Gabriel provocava em mim. Era algo diferente, algo visceral, algo que eu não sabia como nomear.
Minhas mãos apertaram o tecido com mais força.
— Eu não sei — admiti baixinho, como se confessasse um pecado. — Ele... me confunde.
Marina suspirou e sorriu de lado, como se já esperasse por essa resposta.
— É o que ele faz de melhor.
Fiquei em silêncio, mordendo o lábio inferior.
Eu já havia estado nas mãos de um homem poderoso antes. Mas Gabriel tentava me quebrar. Queria que eu fosse um fantoche, um objeto para ele possuir.
Enrico era diferente. Ele não tentava me destruir. Ele queria que eu queimasse. Que eu renascesse das cinzas.
E essa ideia me aterrorizava tanto quanto me atraía.
Olhei ao redor, observando a imagem daquela loja luxuosa, cheia de araras organizadas por cores e estilos, com tecidos tão finos que pareciam deslizar pelos dedos como seda. Marina estava empolgada como uma criança em uma loja de doces, puxava vestido após vestido, erguendo-os contra meu corpo antes que eu pudesse protestar qualquer coisa.
— Esse vai ficar perfeito em você! — ela exclamou, entregando-me um vestido preto justo, com alças finas e um decote discreto.
Suspirei, sem forças para discutir. A senhora estava radiante, nunca a vi sorrir tanto desde que nos conhecemos.
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🐍🌹A FERA DE ROMA🐍🌹 •EM ANDAMENTO•
Любовные романы18+ Ele é movido pela sede de vingança. Ela anseia desesperadamente por liberdade. Após passar anos aprisionado em Ekbram, Enrico Vitale enxerga uma chance de retornar a Roma e buscar vingança pela tragédia que levou sua família e noiva. Em meio ao...
