🐍CAPÍTULO 16🌹

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ALESSIA BELLINI

Desperto ainda enredada nos lençóis, com metade do rosto afundada no travesseiro, como se isso pudesse me manter protegida por mais alguns instantes. Hesito em abrir os olhos, buscando coragem em meio à névoa do despertar. É então que sinto um toque leve em minha pele, dedos calejados que deslizam com uma delicadeza inesperada, como se cada movimento pedisse permissão para estar ali. Aos poucos, cedo à curiosidade e à presença silenciosa ao meu lado. Quando finalmente abro os olhos, encontro Enrico me observando em silêncio, como se estivesse ali há muito tempo, imerso em uma vigília tranquila, atento a cada detalhe meu, como se nada mais existisse além daquele momento.

Por quanto tempo ele permaneceu assim?

Da sua boca, apenas o silêncio permanece. Como se desejasse não quebrar o momento, como se, em caso de o fizer, pudesse voltar para uma realidade indesejada. Aproveito para observá-lo melhor, desde o corpo musculoso, os braços fortes, ombros largos e a tatuagem longa que eu não havia reparado na noite passada pela agitação do momento. Enrico continha uma tatuagem de uma serpente, ela tomava seu peito por completo, como se fosse sua marca, seu território.

Meus dedos atrevidos seguiram até o seu peito, antes que eu pudesse pensar de forma clara. Dedilhei a serpente, desde o peito até a costela, os detalhes feitos por alguém que realmente sabia o que estava fazendo. Enrico segurou minha mão com cuidado, levando-a até os lábios em um beijo casto que nada combinava com ele. Eu poderia brincar dizendo que aquilo era novo, mas foi a pequena tatuagem escondida em seu dedo anelar que me chamou a atenção.

Uma rosa.

— Por que tem uma rosa desenhada no dedo anelar?

Uma fração de memórias parecia passar na sua mente, memórias que sei que talvez ele nunca me contaria. Enrico era um homem cheio de segredos, pecados e medos que eu nunca poderia alcançar mesmo se tentasse. Algo dentro de mim fazia com que eu me questionasse com frequência, até onde o meu amor pelo mafioso poderia ser algo bom.

Alguém como eu, seria capaz de amar e permanecer ao seu lado?

A verdade era que o mundo em que Enrico fazia parte, não era o mesmo mundo que o meu. Ele vivia entre guerra e vingança, enquanto eu vivia entre flores e crianças que tinham a energia de um exército inteiro.

— Acreditaria se eu dissesse, que tenho a impressão de te conhecer de outro lugar? — sussurrei, nossas mãos ainda mantendo-se entrelaçadas.

Senti como se o corpo alheio ficasse tenso. Eu havia contado a ele sobre os sonhos que eu tinha sob o cativeiro de Gabriel, mas agora aquilo parecia significar outra coisa para ele.

— Por que diz isso? — é a primeira coisa que diz.

— Eu não sei — afastei nossas mãos, um pouco tímida. — É que, olhando suas tatuagens agora, me fez pensar na que tenho gravada em mim.

Seus olhos desceram lentamente até o espaço entre meus seios. Não havia malícia, apenas uma busca silenciosa. Enrico tocou a tatuagem — a serpente que abraçava a rosa — como se cada traço carregasse um segredo antigo.

— É como se eu estivesse ligada a você há muito tempo… Acredita em destino, senhor Vitale?

Ele sorriu, entrelaçando seus dedos aos meus com firmeza e devoção. Seus olhos me prenderam, e neles havia uma mensagem que não precisava de palavras.

— Eu acredito em nós, Bella. E o resto… o resto nunca importou.

Nós.

Uma palavra simples, mas que em sua boca parecia um juramento, um pacto silencioso que poderia atravessar vidas.

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⏰ Última atualização: Aug 11 ⏰

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