ENRICO VITALE
Alessia me encara como se tivesse acabado de acordar de um transe. Enquanto todos permanecem dançando, ela permanece estática em meus braços. É curioso a forma como ela se encaixa perfeitamente contra mim, e ainda mais cabuloso como esses olhos se tornaram ainda mais hipnotizantes.
Alessia então se afasta, piscando minimamente os olhos, tentando afastar os próprios demônios que a cercam. Ela sussurra, dizendo algo como se precisasse de ar, e não perco tempo em observá-la se direcionar ao fundo do salão, especificamente perto de uma mesa longa, que a tornava quase invisível.
Quase. Porque uma mulher como ela jamais poderia ser invisível aos olhos de alguém. Observei sem pudor a tatuagem entre os seios, os detalhes traçados da forma exata do meu desenho me perturbam. Seria mesmo um caso de coincidência?
Quantas mulheres na Itália teriam a mesma marca?
E por que eu me questionava tanto sobre a mulher que eu odeio? Algo pulsa no fundo da minha mente, uma memória antiga demais para ser nítida, mas presente o suficiente para me incomodar. Meu maxilar se contrai. Por que essa mulher me perturba tanto?
Eu odeio perguntas sem respostas.
E odeio ainda mais o fato de que, sem perceber, já estou indo atrás dela.
Me movo sem pressa, mas determinado. A multidão abre caminho conforme avanço, alguns desviam o olhar, outros observam com atenção demais. Pouco me importa. Quando finalmente a alcanço, Alessia mantém o olhar fixo na taça à sua frente, os dedos ainda traçando padrões invisíveis no vidro.
— Fugindo de mim, Bella?
Ela estremece sutilmente antes de erguer os olhos. Há algo diferente ali. Confusão? Medo? Não, é algo mais profundo, algo que ela mesma parece incapaz de entender.
— Preciso de ar — responde, sua voz mais baixa do que antes.
Aproximo-me mais um passo, invadindo seu espaço. O perfume dela se mistura ao aroma do vinho na mesa, e por um instante, o resto do salão desaparece.
— O que está acontecendo? — minha voz sai baixa, mas firme.
Alessia hesita. Seus olhos buscam os meus, como se procurassem uma confirmação, uma certeza.
— Não é nada — sussurra.
Nada. A palavra paira entre nós, frágil e mentirosa. Não gosto disso. Não gosto da hesitação nos olhos dela, do jeito como seu corpo parece tenso demais.
— Não me parece ser nada.
Ela solta um suspiro pesado e toma um gole do vinho antes de finalmente me encarar de novo.
— Deixe isso para lá, Vitale. Não importa.
Mas importa. O jeito que ela me olha, como se soubesse algo que nem eu sei, como se estivesse tentando decidir se pode confiar em mim ou não. Isso importa mais do que deveria.
Inclino-me ligeiramente, reduzindo ainda mais a distância entre nós.
— Alessia…
Ela pisca rápido, como se tentasse bloquear alguma coisa.
— Já disse que não é nada.
Meu olhar escurece. Minha paciência se esgota. Seguro seu queixo entre os dedos, apertando o suficiente para fazê-la sentir minha força.
— Escute bem — murmuro, minha voz firme, sem espaço para questionamentos. — Eu não sou um homem que aceita ser deixado no escuro.
Ela inspira fundo, mas não recua.
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🐍🌹A FERA DE ROMA🐍🌹 •EM ANDAMENTO•
Romance18+ Ele é movido pela sede de vingança. Ela anseia desesperadamente por liberdade. Após passar anos aprisionado em Ekbram, Enrico Vitale enxerga uma chance de retornar a Roma e buscar vingança pela tragédia que levou sua família e noiva. Em meio ao...
