Capítulo 10. O peso da responsabilidade

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A semana de Saulo começou com uma energia nova e um peso que ele já começava a encarar com mais naturalidade. Entre os dias na escola, os treinos extenuantes, e as rápidas conversas e risadas com os amigos, ele começou a perceber que aquele chamado era também uma oportunidade para explorar seus limites e desafiar a si mesmo.

Nos flashes dos dias de treinamento, Saulo se via focado como nunca nas aulas de combate. Ester e Samuel, os instrutores de sua equipe, logo o notaram; os reflexos dele eram rápidos, sua precisão com a espada era firme, e sua técnica de esgrima, aprimorada ao longo dos anos, fazia dele um dos mais hábeis da turma.

Em uma das tardes, enquanto treinavam ao ar livre, Ester lançou um olhar de aprovação ao vê-lo derrubar dois adversários em um exercício de dupla. Ela se aproximou, estendendo a mão para cumprimentá-lo:
- Você está evoluindo muito rápido, Saulo. Tem o que chamamos de faro para o combate. E essa sua calma... não vejo isso em todos.

Saulo sorriu, ainda respirando fundo, limpando o suor da testa.
- Obrigado, professora. Acredito que isso é fruto da disciplina que o Senhor nos ensina, não é?

Ester riu, com um misto de respeito e leveza, antes de seguir para observar os outros alunos. Já Samuel, um instrutor mais experiente e exigente, era mais contido em suas palavras. Após um treino exaustivo com espadas, ele parou ao lado de Saulo enquanto ele respirava fundo, recuperando-se.
- Você não se destaca só por ser habilidoso, mas por compreender o que está fazendo. Continue assim. Precisamos de jovens que pensem além dos movimentos.

Em outro momento da semana, de volta à escola, ele se encontrou com Lucas, Sara, e os gêmeos durante um intervalo. Lucas, com o brilho de sempre nos olhos, o cutucou animado:
- Cara, o que é aquilo que ouvi sobre você no treino? Ester te elogiando na frente de todo mundo? Está virando lenda, Saulo!

Sara acrescentou, rindo:
- Daqui a pouco, vão colocar sua foto no mural dos campeões!

Saulo riu, mas mudou de assunto, desviando as atenções. Ele não se sentia tão confortável com todos esses olhares sobre ele.

No domingo, o culto chegou trazendo um momento de paz em meio àquela intensidade. Durante a reunião, ele sentia que precisava daquele momento de silêncio e conexão. Ao fim do culto, enquanto os irmãos saíam aos poucos da igreja, ele se dirigiu à porta, sendo parado por uma anciã que ele conhecia bem. Ela era a Irmã Ada, famosa por suas visões e profecias na congregação.

Ela se aproximou, segurando a mão de Saulo com firmeza, e, com um olhar intenso e sereno, disse:
- Meu filho, a mão de Deus está sobre você, e não apenas para esta comunidade. Em breve, não só a nossa célula, mas o mundo todo precisará de você. Serás um elo, uma conexão entre os povos. Há um propósito em seu caminho que você ainda não vê, mas ele está lá.

As palavras de Ada pesaram em seu coração como algo que ele não sabia ainda como entender. Ele engoliu seco, fitando-a com respeito e uma ligeira apreensão, mas respondeu com serenidade:
- Que seja feita a vontade de Deus, irmã.

Naquele momento, ele sentiu que sua jornada nos jogos seria apenas o início de algo muito maior.

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