Capítulo 3. A Luta dos comuns

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Na Célula comunista, o coletivo era tudo. Nesta sociedade, não havia ricos nem pobres — pelo menos, era isso o que o governo local pregava. Os recursos eram divididos igualmente, e o trabalho era realizado em prol do bem comum. As fábricas e fazendas eram geridas por cooperativas, e todos contribuíam de acordo com suas capacidades. O sonho de uma utopia sem classes sociais era a base da vida aqui.
Contudo, a realidade era que o controle da NAVIM nesta célula era ainda mais rígido. A igualdade era imposta à força, e qualquer forma de dissidência era rapidamente silenciada. A censura era absoluta, e apenas informações que glorificavam o sistema comunista eram permitidas. Todos os aspectos da vida eram monitorados para garantir que a ideologia comunista permanecesse pura. O ideal de liberdade e igualdade era uma fachada cuidadosamente mantida pela NAVIM, que controlava os meios de produção e decidia o destino de cada cidadão.

Na célula conhecida como Comuna de Terra Vermelha, Débora cresceu lutando por cada migalha. A sociedade comunista de sua célula era construída em torno da ideia de igualdade, mas a verdade era bem mais complexa. Os recursos eram escassos, e o racionamento rigoroso significava que a vida ali era uma constante batalha pela sobrevivência.

Débora era uma trabalhadora incansável, forjada nas fábricas e nos campos de trabalho. Sua mãe, Helena, era uma mulher austera, dedicada à causa, enquanto seu pai, Jorge, havia morrido em uma rebelião contra a NAVIM anos antes. A família de Débora acreditava fervorosamente na igualdade, mas ela começava a questionar o sistema que deveria protegê-los.

- O governo diz que somos todos iguais, mas por que ainda vivemos assim? - Débora perguntou à sua mãe, enquanto dividiam uma refeição simples.

- Porque estamos lutando contra um sistema maior. A NAVIM ainda controla os recursos. Precisamos ser pacientes - respondeu Helena, com a voz cansada, mas cheia de convicção.

Para Débora, a paciência estava acabando. E naquela noite, ela recebeu o chamado. A NAVIM a recrutava para os Jogos, uma oportunidade que ela nunca esperaria. Na Comuna, aqueles que se destacavam eram muitas vezes vistos com desconfiança, mas Débora sentiu que aquilo era sua chance de lutar por algo maior - talvez até desafiar o sistema.

- Você tem que ir - disse sua mãe, surpresa, mas firme. - Mostre a eles que não somos fracos.

Débora sabia que era uma luta pela sobrevivência, mas também uma luta por sua dignidade.

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