Capítulo 5. A Visão dos Liberais

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Os progressistas.

Do outro lado da divisão ideológica, os habitantes da Célula Liberal orgulhavam-se de seu progresso.
Esta sociedade era baseada em valores de liberdade individual, direitos civis e igualdade para todos. Aqui, a diversidade cultural era incentivada, e as ruas eram coloridas por bandeiras e protestos por novas causas a cada semana. A inovação tecnológica, o direito de escolha e a luta por justiça social eram os pilares dessa comunidade.
Entretanto, mesmo em uma sociedade que se dizia livre, a NAVIM exercia seu controle de forma implacável. O acesso à informação era vasto, mas cuidadosamente manipulado. As redes sociais, onde antes havia debate livre, agora eram preenchidas por algoritmos que promoviam apenas uma visão progressista da realidade. A liberdade de expressão era, na verdade, um conceito controlado, e todos que ousavam questionar os valores centrais da célula eram gradualmente removidos das plataformas ou, pior, reeducados. A tecnologia havia se tornado a espinha dorsal desta sociedade, mas a NAVIM usava essa dependência para perpetuar uma ilusão de liberdade.

Marco caminhava pelas ruas de sua célula, chamada de Cidade Livre, um nome que refletia a essência da vida liberal.
Marco cresceu em um ambiente onde a liberdade individual era o valor mais sagrado. As pessoas eram incentivadas a explorar suas paixões e seguir seus próprios caminhos, sem se prenderem a tradições ou doutrinas rígidas.

Os prédios na Cidade Livre eram altos e modernos, com fachadas de vidro que refletiam a luz do sol. Cafeterias e bares se espalhavam pelas esquinas, onde grupos discutiam de tudo, desde arte até políticas progressistas. A variedade cultural era vibrante; todos ali acreditavam que a diversidade de ideias era o caminho para o progresso.

Marco trabalhava com artes cênicas e cultura, sempre em contato com novas ideias e amizades diferentes. Na sua visão de mundo, o alto conhecimento e a independência eram a arma mais poderosa. Ele se orgulhava de ser parte de uma sociedade que rejeitava o controle centralizado. A NAVIM, porém, estava sempre presente. Embora sua célula fosse menos regulamentada que outras, ele sabia que suas informações eram filtradas. A sensação de estar sendo observado era constante, mas todos ali fingiam que eram verdadeiramente livres.

Em casa, Marco vivia com sua irmã mais nova, Camila, que estudava design gráfico. Criativa e descontraída, Camila estava sempre trazendo novas ideias sobre liberdade de expressão e direitos civis.

- Você ouviu falar dos Jogos deste ano? - Camila perguntou, enquanto jantavam juntos.

- Ouvi, sim. Eles estão dizendo que será mais brutal que nunca. - Marco estava cético. Embora não se importasse com os valores tradicionais, ele não via sentido em competições controladas pela NAVIM. - Não entendo por que insistem nisso. Ninguém realmente ganha.

Mas naquela noite, seu relógio tocou. Uma mensagem oficial da NAVIM, convidando-o a representar sua célula nos Jogos. Ele hesitou, sabendo que aquilo ia contra tudo em que acreditava. No entanto, a oportunidade de influenciar o mundo de dentro era tentadora.

Ele olhou para Camila, que o encarava com um misto de orgulho e preocupação.

- E agora Marco, você vai ter que ir? - ela perguntou.

- Acho que sim. Talvez seja a única maneira de fazer alguma diferença realmente relevante.

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