17. 𝐃𝐢𝐬𝐚𝐠𝐫𝐞𝐞𝐦𝐞𝐧𝐭

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A SEMANA SE ARRASTAVA COMO UM SÉCULO, e a ansiedade que eu sentia parecia consumir cada fibra do meu ser

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A SEMANA SE ARRASTAVA COMO UM SÉCULO, e a ansiedade que eu sentia parecia consumir cada fibra do meu ser. Slash mal deu sinal de vida desde o dia em que me deixou em Los Angeles, e a falta de notícias me corroía por dentro. Hoje, porém, finalmente iria vê-lo no show do Guns N' Roses, algo que eu esperava desesperadamente para quebrar a monotonia das minhas últimas rotinas de fotos, provas de roupas e pequenos desfiles. Mesmo adorando meu trabalho, sentia falta de algo que despertasse em mim aquela paixão insaciável pela vida.

No final da tarde, vesti meu melhor look: um vestido preto justo, botas de cano alto e uma jaqueta de couro com a logo da banda. O batom vermelho era meu toque final, o que sempre me fazia sentir poderosa. Peguei meu celular, conferindo se havia alguma mensagem de Slash. Nada. Suspirei fundo e digitei rapidamente:

"Oii, já estou pronta."

A espera pela resposta foi agônica, mas, depois de longos minutos, a notificação finalmente apareceu na tela:

"Ótimo. Já deixei sua entrada liberada para o backstage."

Peguei minha bolsa e pedi um táxi. Antes de sair, me olhei uma última vez no espelho, ajeitando a jaqueta e passando os dedos pelo cabelo. Respirei fundo e segui para a noite que prometia ser emocionante.

Ao chegar, fui envolvida pela energia do lugar: fãs de todas as idades, vestindo camisetas de bandas, jaquetas de couro e botas, lotavam o espaço. Desci do táxi e segui para a entrada VIP, onde um segurança alto e sério me entregou um crachá laminado.

- Boa noite, senhorita. Aqui está seu passe - ele disse, enquanto eu pendurava o crachá no pescoço e agradecia com um sorriso.

Fui conduzida até os bastidores, onde a atmosfera era elétrica. A banda ajustava os últimos detalhes, e a antecipação no ar fazia meu coração disparar. De repente, ele apareceu. Slash, com sua presença magnética, se aproximou com um sorriso familiar e um brilho nos olhos.

- Você está incrível - ele sussurrou, me puxando para um abraço e deixando um beijo rápido no canto dos meus lábios.

- Obrigada. Estou tão animada para o show - respondi, segurando sua mão, que estava quente e firme.

- Prometo que você vai amar - ele garantiu, antes de me dar outro beijo leve.

Antes que pudéssemos trocar mais palavras, Axl surgiu com sua figura imponente e sorriso confiante, ajeitando o blazer de couro com uma mão.

- Ora, ora, se não é a Osbourne - disse ele, com aquele tom brincalhão de sempre.

Ri e o abracei, sentindo o contraste da pele fria do blazer contra minhas mãos. Ao fazer isso, vi o semblante de Slash mudar; um lampejo de ciúme, um sorriso tenso.

- Axl, você está impecável como sempre - comentei, tentando aliviar a tensão.

- E você, deslumbrante, como sempre - ele respondeu, piscando.

O sorriso de Slash era apenas uma sombra, enquanto ele entrelaçava os dedos nos meus com mais força.

- Vamos indo, o show vai começar - ele falou em um tom que soava mais como uma ordem, puxando-me suavemente.

A música preencheu o ar logo em seguida, e o espetáculo começou com uma energia esmagadora. A plateia foi à loucura, e eu observava fascinada enquanto Slash dominava a guitarra como um maestro em êxtase

O show acabou antes que eu me desse conta, deixando-me com aquele gosto de quero mais. Vi Slash se aproximar, tirando a camiseta encharcada de suor. Um sorriso se formou em meus lábios, mas antes que pudesse ir até ele, um enxame de mulheres o cercou. Ele ria e distribuía autógrafos, e o ponto alto foi quando assinou os seios de uma delas. Uma onda de raiva subiu pelo meu corpo, queimando. Respirei fundo e virei as costas, entrando nos bastidores sem olhar para trás.

Sentei em um canto, com o som abafado da multidão ainda ecoando ao fundo. Por dentro, eu lutava para manter a calma.

- Tá tudo bem? Porque você saiu daquele jeito? - a voz dele cortou o silêncio, e eu ergui a cabeça para encontrá-lo parado à minha frente.

Me levantei de uma vez, os olhos ardendo de frustração.

- O que foi? Você realmente não sabe? - minha voz saiu trêmula, mas firme. - Você estava lá fora, agindo como se eu fosse invisível, autografando os seios de outras mulheres, rindo e deixando elas te tocarem de um jeito que...

- Ah, por favor, isso faz parte do show. Eu sou um rockstar, é o que acontece, seu pai também é um. Você deveria entender isso - ele disse, cruzando os braços, a expressão de indiferença me irritando

- Entender? - dei um passo à frente. - Isso não significa que eu tenha que gostar de ver você se comportando assim!

- Você está sendo paranoica, Madison. Se isso é tão insuportável, talvez não devesse ter vindo - ele rebateu, o tom dele tão gelado que quase doeu ouvir.

- Paranoico? ? - minha voz subiu, ecoando pelo corredor. - Ta sendo ridículo você achar que pode me deixar assim de lado.

- Eu não tenho tempo para suas inseguranças - ele respondeu, já se virando para sair.

Meu coração apertou com as palavras. Onde estava o Slash que me fazia sentir única?

- Inseguranças? - falei, a voz falhando. - Isso não é sobre insegurança, é sobre respeito! Você é um rockstar, sim, mas eu pensei que para você eu fosse mais do que apenas mais uma.

Ele parou, o rosto suavizando por um momento antes de voltar ao seu olhar sério.

- Madison, não entendo por que está fazendo esse show.

As palavras dele perfuravam, e lágrimas queimavam por trás dos meus olhos. Eu era jovem, só tinha vinte e seis anos, e as mulheres que o rodeavam pareciam mais maduras, mais ousadas, mais... tudo.

- Ai, Saul... eu estou cansada. Não quero mais viver assim - minha voz saiu abafada enquanto me virava, deixando-o para trás com o peso de uma decisão que talvez mudasse tudo.

𝐎𝐋𝐃𝐄𝐑, 𝗦𝗹𝗮𝘀𝗵. Onde histórias criam vida. Descubra agora