IV

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**BEEP. BEEP. BEEP. BEEP. BEEP. Beep.**

O alarme soa estridentemente ao lado da minha cabeça. Estico o braço, tentando apagar aquele som insuportável, mas minha mão passa direto no ar, onde deveria estar minha mesa de cabeceira.
"Querido." Ouço a voz suave da minha mãe ao meu lado. Mais cinco minutos, tento dizer, mas sai tudo embaralhado, um completo nonsense. Ela passa os dedos suavemente pelo meu rosto. Tento levantar o outro braço para afastá-la, mas meu braço se enrosca nos lençóis.
"Camila, você me ouve?" ela pergunta, a mão ainda contra o meu rosto.
"Mãe. Mais cinco minutos," digo de novo, e dessa vez sai audível, mas soa como se minha garganta estivesse cheia de cascalho. E esse alarme... Começo a me mexer para me libertar dos lençóis e desligá-lo, mas duas mãos fortes se prendem a mim, imobilizando meus braços contra a cama. Tento abrir os olhos, mas não consigo.
"Me solta!" resmungo, me debatendo e tentando virar meu corpo na cama. "O que você está fazendo?" Minha garganta está em chamas, e eu não consigo respirar. Preciso me levantar. Preciso tirar essas mãos de cima de mim.
"Camila, pare!" grita a voz do meu pai enquanto o aperto nos meus antebraços se ajusta. O aperto, eu percebo. "Sr. Cabello, por favor," diz uma voz de mulher que eu não reconheço. Calma, controlada. "Camila, você precisa parar de lutar." Sinto ela pairando sobre mim agora. Bem na minha frente. "Você está no hospital. Você está bem."

**Hospital?**

Sinto meu peito se contraindo, então tudo ao redor dos meus pulmões aperta ainda mais, me fazendo entrar em pânico. O som do choro da minha mãe preenche o quarto.
Tento abrir os olhos, e desta vez eles respondem. Mas tudo ao redor é tão brilhante que, ao tentar apenas espiar, sou forçada a fechá-los de novo.
Tento mais uma vez liberar meus braços, mas não adianta. Não tenho mais força, e logo a escuridão me puxa para baixo novamente.
Quando volto a mim, ouço a voz abafada do meu pai ao telefone. Só consigo entender algumas palavras... chateada... sedada... esperando...

Atrás das minhas pálpebras, meus olhos ardem. Passo alguns minutos forçando as pálpebras a se abrirem, pouco a pouco. Eventualmente, a luz parece diminuir, e tudo começa a entrar em foco.
Finalmente, percebo que há uma mão suave sobre a minha, familiar, reconfortante. Mãe. Viro a minha própria mão, apertando a dela com toda a força que consigo reunir.
De repente, ela se levanta de onde deve ter estado descansando a cabeça ao lado da cama e me olha como nunca antes, lágrimas escorrendo por suas bochechas.
"Mãe?" Tento dizer, mas não sai nada. Abro a boca para falar de novo, e ela me faz sinal para ficar em silêncio.
"Não fale, meu bem," ela sussurra com a voz trêmula, e então se vira para longe de mim. "John. John! Chama o médico." Ela olha de volta para mim, pega minha mão e a coloca contra seus lábios. Percebo um tubo fino e transparente saindo da minha pele. Sigo o tubo até uma bolsa de líquido claro pendurada em um suporte metálico.

Meus pulmões começam a se agitar novamente, subindo e descendo, enquanto meus olhos percorrem o quarto: botões elétricos nas paredes brancas, uma pia de aço inoxidável embutida em uma bancada verde-azulada, uma poltrona de vinil enfiada no canto.
Olho para mim mesma, o que consigo ver, deitada de costas. O suficiente para ver o vestido hospitalar verde-marinho cobrindo meu corpo e as meias rosa peludas nos meus pés.
**Hospital**, lembro de ter ouvido.

"Mãe?" choro, quase um sussurro. O que está acontecendo comigo? Quero perguntar, mas não consigo emitir as palavras.
Um forte cheiro estéril me atinge de uma vez, exatamente quando uma mulher de meia-idade, com um jaleco branco, entra no quarto. Ela corre até a minha cama, e tento me afastar para o outro lado, agarrando a mão da minha mãe com todas as forças que ainda tenho.
A mulher dá um passo atrás de mim. "Está tudo bem, Camila," ela diz, estendendo as palmas vazias para mim. "Meu nome é Maggie." Meus olhos caem no emblema de letras azuis escuras no bolso dela. **MARGARET REICHER, MD.**
Minha mãe passa a mão pelo meu braço e sobre meu ombro, me mantendo no lugar.
"Camila." A médica puxa minha atenção de volta para seu rosto. "Você sofreu um acidente..." é tudo o que ouço ela dizer, antes de o som desaparecer.
**Um acidente?**
Olho para o lado, para minha mãe, então percebo meu pai ao lado dela, com uma grande mão sobre seu ombro e a outra cobrindo a boca. Como eu poderia ter sofrido um acidente de carro? Olho novamente para os meus pais. Eles parecem bem.

"Camila, Camila, você me ouve? Lembra do meu nome?" uma voz pergunta à minha esquerda.
Pisco forte, olho para cima, novamente para a mulher de jaleco branco ao meu lado.
"Mary. Margie... MarrrrrrrRRRR," tento falar, enquanto uma dor intensa corta a parte de trás da minha cabeça.
"Ela está bem?" meu pai pergunta, preocupação preenchendo sua voz grave. Viro minha cabeça para o travesseiro, apertando os olhos até a névoa da dor se dissipar o suficiente para eu poder abri-los.
"Camila. Você me ouve?" a mulher pergunta novamente. Olho para ela, e ela continua. "Meu nome é Maggie," diz com o mesmo tom calmo.
Maggie. Certo. "Você sofreu um acidente. Sabe o que aconteceu com você?" ela pergunta. Eu só estreito os olhos para ela em resposta, com as pálpebras pesadas. "Você caiu e bateu a cabeça. Ficou em coma induzido nas últimas duas semanas, se recuperando."
**Coma?** Não. Isso não faz sentido. Eu estava com Savannah e Rory...

"Camila, eu vou fazer alguns testes. Tudo bem?" Ela tira uma ferramenta em forma de caneta do bolso e a segura para que eu veja. Quando não respondo, ela se aproxima, inclinando-se sobre mim. 
Ela passa a ferramenta pelos meus braços, pelo meu estômago, pelas pernas, e pelos pés, perguntando repetidamente: "Você sente isso?" 
Eu aceno com a cabeça, percebendo uma leve pressão subindo e descendo pelo meu corpo. 
"E isso?" Ela passa os dedos pelas minhas bochechas, atravessando minha testa. Eu aceno de novo, me sentindo paralisada, como um pedaço de carne numa tábua de corte, sendo espetada e apalpada. Só quero que ela tire as mãos de cima de mim. 
Ela se senta ao meu lado na cama e clica na ponta da caneta. Uma luz branca brilhante se move na frente dos meus olhos, fazendo-me apertá-los. 
"Você pode me dizer seu nome?" ela pergunta. Claro que sei meu nome. Limpo a garganta rouca e sugo os lábios para dentro, tentando fazer tudo funcionar direito enquanto minha cabeça dói. 
"Camila," finalmente consigo dizer. Lambo os lábios. "Camila Cabello." 
"Qual o seu endereço?" 
"Duzentos e cinquenta e quatro, Fairfield Road." 
Ela olha para meus pais, que acenam com a cabeça. 
"Bom. Quantos anos você tem?" ela pergunta. 
"Uh—uh...," gaguejo. A dor na minha cabeça aumenta e o que deveria ser uma resposta fácil me escapa. 
"Camila?" Ela me olha expectante, as sobrancelhas arqueadas. Eu sigo o contorno dos óculos dela com a moldura dourada, o nariz afiado, voltado para baixo, igualzinho ao da minha avó. 
"Eu tenho..." Procuro na minha mente pela resposta, mas só consigo puxar flashes de tijolos amarelos e fileiras de armários vinho. Central Catholic. "Ensino médio..." murmuro mais para mim mesma do que para ela, tudo parecendo embaçado. 
"O que é isso?" Ela se inclina mais perto de mim. 
"Eu não sei," respondo. "Não consigo pensar agora." 
A preocupação aparece rapidamente no rosto dela, mas some tão rápido quanto veio. "Ok." Ela clica a caneta de volta e a coloca no bolso da jaqueta. 
"Ok?" meu pai grita, irritado. Tento virar a cabeça para olhá-lo, mas estou tão cansada. "Como isso é 'ok'?" 

"O cérebro dela passou por um grande trauma. Isso não é anormal. Às vezes leva um tempo. Precisamos ser pacientes com ela." 
Por que ele está agindo assim? O que ela quer dizer com isso? Eu só preciso de um segundo... 
Tento pensar mais, tento lembrar de mais coisas, mas cada fibra do meu ser está sendo puxada de volta para o sono e, eventualmente, preciso ceder.

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