XVII

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"O QUE DIABOS aquele garoto está dirigindo? Parece um monster truck," meu pai diz, olhando pela janela da frente para a caminhonete do Jake Mackey
entrando na garagem.

Meu Deus, e ele ainda está com a sua bandeira confederada gigantesca e ofensiva pendurada atrás. Não que as bandeiras confederadas sejam difíceis de encontrar por aqui, mas a maioria das pessoas não tem uma do tamanho de um mastro de bandeira esvoaçando do seu meio de transporte. Ela parece até maior do que eu me lembro. Eu definitivamente deveria ter insistido em dirigir sozinha, mas já é tarde demais.

"Viu? Eu poderia estar saindo com aquele cara em vez do Ryan," digo, me levantando ao lado do meu pai.

"Pelo menos ele teria a coragem de te buscar pessoalmente e apertar minha mão."

"Pai, ele nem sabe que você quer conhecê-lo. A gente já tinha combinado de nos encontrar lá," respondo, revirando os olhos.

"Bem, desculpe por eu não confiar em um cara que nunca conheci para não partir o coração da minha filha."

"Seu pai está tendo dificuldades em deixar sua garotinha sair no primeiro encontro," minha mãe diz de trás de mim. Então ela me vira e me abraça. "Mas se você quiser voltar mais cedo, é só me mandar uma mensagem que eu vou te buscar. E nada de passeios malucos, ok? Só vá com calma." Ela toca suavemente minha cabeça antes de me soltar. Já se passaram quase duas semanas desde que acordei no hospital. Meus pontos ainda não desapareceram completamente, mas eu percebo que estão quase lá.

"Entendi. Vejo vocês mais tarde," digo antes de sair pela porta.

"Me manda uma mensagem quando você chegar lá!" minha mãe grita enquanto eu mal consigo me puxar para o banco de trás da caminhonete do Jake. 

"Oi, vadia," Savannah me cumprimenta enquanto Jake se vira para me olhar. 

"Oi, meu nome é Jake," ele diz, com o lábio inferior cheio de tabaco. 

"Sim, eu sei, a gente estuda junto desde o jardim de infância, Jake," respondo, estreitando os olhos para ele. 

"Eu te avisei. Ela simplesmente não consegue lembrar dos últimos dois anos, idiota," Savannah diz, batendo a mão no peito dele. 

"Ah, entendi. Beleza. E aí, Camila." 

Algo me diz que essa vai ser uma viagem longa. 

"Você tá pronta?" Savannah pergunta, sorrindo para mim e mexendo os ombros. Eu rio e jogo as mãos para o alto. Acho que sim. 

"Meio fofo que os únicos dois mexicanos de Wyatt estão namorando," Jake diz, seus olhos azuis me encontrando no retrovisor. 

"Eu sou cubana," eu digo, lutando contra o impulso de revirar os olhos. 

"Mesma coisa." Ele dá de ombros e aumenta o volume da música country. Com certeza vai ser uma viagem longa.

Ir à feira do condado na noite de abertura é um pouco como ser pego no meio da correria da Black Friday no Walmart. Só que as pessoas não estão atrás de TVs de tela plana ou do novo PlayStation.
Elas estão apenas em busca de um pouco de emoção, já que a feira é praticamente a única novidade que acontece num raio de quinze quilômetros de Wyatt. É o evento do ano, e essa noite, todo mundo e seus parentes estão aqui e em movimento.

Mal passei pela cerca de arame e já vi uns trinta alunos da minha escola. Alguns que ainda estão estudando e outros que simplesmente não conseguiram escapar da gravidade de Wyatt.

Acho que agora também me encaixo nessa categoria.

"Ele disse que ia nos encontrar perto do...," começo a dizer, mas me viro e vejo Savannah e Jake na fila do balcão de ingressos, de costas para mim, ele com a mão dele na bunda dela e os lábios colados na boca de Savannah. Acho que vou ter que encontrar o Ryan sozinha. Reviro os olhos e os deixo para trás, me afastando e me esgueirando pela multidão.

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