Lookism - Secrets

Capítulo 22 - Royals: A Origem (01)

AVISO: O capítulo a seguir contém os seguintes gatilhos: Violência explicita contra crianças, abuso de menores, citação a abuso sexual e abandono parental.

“Eu nunca gostei do mundo como ele é...” Yukka narrou.

Uma garotinha pequena, de olhos arredondados e cabelos escuros ondulados, estava sentada no chão na frente da TV balançando as pernas.

Aquela era Choi Yoona, aos seis anos de idade.

“Por isso eu tentava passar o máximo de tempo possível no mundo dos contos de fadas.”

Tinham várias outras crianças em volta dela. As mais próximas eram uma menina bem magra da idade dela abraçando os próprios joelhos e uma bem pequena, praticamente um bebê, de três anos mordendo um brinquedo.

“A maioria das crianças do orfanato me achavam estranha, acho que era porque eu passava todo o tempo falando sobre princesas bondosas, dragões que podiam ser derrotados e finais felizes ignorando a vida que eu tinha. Acreditando verdadeiramente em tudo aquilo.”

Na tela da pequena televisão, uma animação ocidental estava passando.

— Quem quebrou o meu cetro?! Qual de vocês fez isso? — Um rei furioso passava olhando para três empregados que se encolhiam sob seu olhar. — Se não me disserem quem foi, todos sofrerão as consequências.

A garotinha de olhos arredondados tremeu de medo e expectava sobre o que aconteceria em seguida na trama. Ela nem piscava.

— Fui eu papai! — Uma garota loira de olhos azuis usando um vestido bufante se levantou e deu um passo a frente. — Eu quebrei o seu cetro. Não puna a eles, puna a mim!

— Não Alukka, não foi você! — a menina exclamou.

Reclamações por atrapalhar e pedidos de silêncio por parte das outras crianças foram ouvidos.

— Desculpa... — ela abaixou a cabeça, mas logo a levantou de novo para não perder um segundo do seu desenho favorito.

O Rei estava olhando para a princesa, furioso.

— Tem certeza disso Alukka? Mesmo sendo minha filha, terá uma punição severa pra você.

— Sim. Tenho certeza.

A princesa não abaixou a cabeça em nenhum momento.

A punição daquela princesa foi sair em uma jornada pelas regiões mais sombrias do reino para achar uma pedra mágica para fazer outro cetro para o rei.

— Alteza, por que você está fazendo isso? É muito perigoso. — Um cavaleiro usando uma armadura perguntou a princesa em quanto ela arrumava seus mantimentos na carruagem.

— É irmã. Não foi você quem quebrou o cetro. Foi aquela criança... — um rapaz loiro usando uma coroa de ouro perguntou. — Fale a verdade ao papai e fique conosco. Todos em nosso reino amam você.

— Não importa quem quebrou. O cetro mágico do rei era a única coisa que impedia o dragão de atacar nosso povo. Não posso deixar meu povo correndo perigo — ela respondeu determinada.

Na sala, amenina menor machucou a boca ao morder uma parte de plástico mais dura de seu brinquedo e começou a chorar.

— Himiko calma, calma — a menina pegou a bebê no colo de forma desajeitada e foi com ela para o fundo da sala. — Não chora, olha a Princesa Alukka vai sair pra encontrar a pedra mágica.

— Peda maica... ? — a menina perguntou com voz de choro.

“Eu me sentia bem quando as pessoas ficavam felizes e quando elas ficavam tristes eu não conseguia ficar parada, tinha que fazer alguma coisa por elas. Eu gostava da Princesa Alukka porque ela também era assim. E eu achava que todo mundo no reino gostava dela só porque ela era boa e gentil. Que só isso bastava para cuidar das pessoas.”