· Soulmates

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Suguru Geto

O teatro listado no bilhete para o recital de Ariana fica a meia hora de carro, entro no SUV alugado assim que saio da casa dos Gojo e vou direto para lá. É um edifício ornamentado com enormes colunas greco-romanas enquadrando a frente, e claraboias de vitrais obscurecendo o céu noturno.

Depois de entregar meu bilhete ao funcionário, fui enviado na direção do
auditório, mas passo alguns minutos extras andando lá fora, caso Satoru ainda não tenha entrado.

Quinze minutos se passam, e ele não aparece, então eu entro e encontro
meu lugar.

Estamos em um camarote privado, acessível apenas, pelo visto, por um
conjunto separado de escadas, guardado por uma funcionária com aparelho nos dentes, que sorri entusiasmada para mim quando passo meu código de barras.

— Sr. Suguru Geto, assento 11B. — Ela olha ao redor, e depois devolve meu bilhete. — Será que o resto do seu grupo vai se juntar em breve?

— Meu grupo?

Pegando uma prancheta, ela folheia uma pequena pilha de papéis, acenando quando pelo visto encontra a informação que está procurando.

— Sim, temos um camarote privado reservado para você e o sr. Satoru Geto, e o adjacente, número doze, reservado para o sr. e sra. Gojo, e dois convidados.

Balançando a cabeça, enfio o bilhete no bolso do terno, contornando-a.

— Não faço ideia se eles vêm ou não. Você pode se certificar de que o sr. Satoru Geto e eu não sejamos perturbados?

A criança franze a testa, seu rubor visível mesmo na iluminação fraca.

— Senhor, devo informá-lo que relações explícitas são estritamente proibidas no local, resultando em multas de até mil dólares.

Batendo meu pé impaciente, coloco a mão nas minhas calças para pegar a carteira, puxando um maço de dinheiro.

Considere isso um adiantamento.

Eu não espero que ela aceite, empurrando para sua mão e passando, pisando por cima da corda de veludo, barrando a escada. Subindo os degraus, tento acalmar meu coração acelerado, preparando-me para a
possibilidade de que ele não esteja aqui em cima.

Ainda assim, quando empurro a cortina para nosso camarote, meu coração bate tão rápido que parece que pode explodir. Sua silhueta é iluminada pelo palco abaixo enquanto se inclina para a frente em sua
cadeira, encostado no parapeito. Entro no camarote, aproximando-me devagar, estendendo a mão para agarrar seu ombro, quando ele fala:

Não.

É uma palavra, longa o bastante para atravessar meu peito e perfurar o órgão batendo só para ele. Nem olha por cima do ombro ou move um músculo, seu corpo tão em sintonia com o meu neste momento que parece apenas saber quando estou por perto.

Ou talvez ele soubesse que eu viria. Talvez fosse isso que ele queria.

Minha mão cai de lado, aquela dor familiar pulsando no fundo do meu estômago.

— Satoru, eu…

Se você veio se desculpar, pode parar.

Sua atitude me pega um pouco desprevenido, considerando que a última
vez que o vi, ele parecia tão infeliz quanto eu me sentia. Destruído, como se a revelação do meu passado tivesse qualquer consequência em nosso futuro. Devastado, como se eu tivesse escolhido segredos em vez dele.

-» Devotion / SatosuguOnde histórias criam vida. Descubra agora