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· Metamorphosis

Suguru Geto

— Bem, esta é uma mudança interessante.

Cruzando a perna por cima do joelho oposto, ajusto o ponteiro de segundos no meu relógio para que marque igual ao relógio de pêndulo do outro lado do saguão. Sei muito bem que os filhos mais jovens dos Gojo estão espiando do topo da escadaria.

Observando como se eu fosse algum
tipo de animal de zoológico, mas é difícil prestar atenção em qualquer outra
coisa além do tique-taque incomum.
Na maioria das vezes, faço de tudo para evitar a interação social, sobretudo com adolescentes, mas isso não era algo que eu poderia evitar.

Não ficaria surpreso se Satoru fugisse. Ele se sente preso, como um pássaro machucado preso em uma gaiola dourada, olhando a fechadura o tempo todo no caso de conseguir uma chance de fugir.

Como não posso arriscar isso, precisei voltar com ele para a casa dos Ricci na Louisburg Square. Garantindo assim que suas asas continuem cortadas.

Por enquanto, pelo menos.

Durante todo trajeto, ele ficou brincando com o novo anel no dedo, seus olhos desviando vez ou outra em minha direção, como se não achasse que eu podia sentir o peso de seu olhar. Isso é parte do meu problema, quando se trata do meu jovem Deus, sou hiperconcentrado em cada movimento que ele faz. Meu corpo tão
acostumado a observá-lo por trás de uma tela que a abertura de nossas interações agora parece um pouco alarmante.

Claro, isso não explica por que o olhar dele imediatamente deixa meu pau duro, mas essa é outra questão.

Uma que eu não estou disposto a considerar agora, sobretudo depois da
intensidade do beijo que compartilhamos.
Preciso esperar mais um pouco, se eu quiser que tudo isso dê certo.

— Sabe, meninos — digo, encontrando seus olhares ao deslizar o relógio no pulso. — Uma foto dura muito mais tempo.

O mais novo, Luke, abaixa a cabeça quando olho para cima, brincando com ponta da franja. Seus olhos castanhos arregalados por trás dos aros redondos dos óculos. E ele cutuca a irmã mais velha com o cotovelo, grunhindo como se tentasse fazê-la se mover.

Ariana, que se compara a Satoru em idade e beleza, solta uma bufada, dobrando os antebraços no corrimão e se inclinando. Ela não quebra contato visual ou curva a coluna, um sorriso malicioso se espalhando pelo rosto, inflamando suas íris escuras.

— Pena que vampiros não podem ser fotografados.

— Espertinha. — Limpo um pouco de sujeira das calças. — Tem certeza
de que você quer antagonizar seu novo cunhado, sobretudo se ele for um
vampiro?

Ela dá de ombros, passando por Luke para deslizar escada abaixo. Seus movimentos são ágeis e parecem com o de uma gazela, o balé transparecendo até em suas atividades rotineiras. Parando no último degrau, ela me encara com olhos semicerrados,
enrolando um braço no corrimão.

— O que aconteceu com Iori?

— Não entendi sua pergunta.

— Bem —diz ela, olhando. — Por que não estamos em uma igreja agora, vendo Iori se casar com Satoru? Por que você está aqui há meia hora, e ela nem sequer apareceu para lutar por ele?