· Just mine

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Suguru Geto

Meu pau endurece por baixo das calças enquanto Satoru lambe os lábios carnudos, seus olhos suaves colados no cadáver à nossa frente. Tento me concentrar e prender meu olhar em qualquer outra coisa, mas não consigo parar de lembrar como era tê-los me envolvendo e chupando como se a vida dele dependesse disso.

— Você voltou — ele sussurra. Satoru pisca, uma e outra vez, como se não acreditasse no que está vendo. — Ela está…?

— Morta? — pergunto, apertando o botão de gravação no meu telefone, parando o vídeo. Enfio o aparelho no bolso do casaco e aceno, enfim parando de olhar sua boca para notar o olhar inexpressivo de Utahime  — Sim, posso garantir isso.

Sem falar nada por vários segundos, posso ver a suave ascensão e queda de seu peito, o peitoral esticando o material branco do terno, está mais coberto do que eu já o vi, o terno pouco mais do que um invólucro que se agarra ao seu corpo como uma segunda pele, mas de alguma forma, ele nunca pareceu tão pecaminoso.

Talvez seja o contexto; ele, em um terno de casamento, perto do corpo de sua noiva. E ainda assim, sua única reação real foi a mim, como se a morte dela não tivesse nenhuma consequência para ele.

Curvando-se, ele pressiona dois dedos na jugular de Iori, e meus ombros ficam tensos, o pensamento de seu DNA em qualquer lugar perto dela me deixa nervoso. Não porque eu me preocupe com ele sendo acusado de estar envolvido, o que não vai importar em algumas horas, de qualquer maneira, mas só porque não quero que ele a toque.

O colar em seu pescoço  se mexe enquanto ele se move, e os cílios perfeitamente preenchidos parecem perfeitos sobre suas pálpebras, fazendo-o parecer mal-humorado e derrotado, embora eu saiba que Satoru não é nenhuma dessas coisas.

Comecei a vigiá-lo depois que fez 18 anos, cumprindo um favor que devia a seu pai. Isso foi antes de permitir que minha depravação tomasse conta, cedendo quando ele me pediu para arruiná-lo.

Portanto, sei tudo o que há para saber sobre o homem diante de mim:
seus poemas favoritos – The Masque of Anarchy de Shelley e My Last
Duchess de Browning – bem como o que ele prefere no café da manhã –
torrada de pão integral com manteiga de amendoim e frutas frescas – e que
ele adora dormir. Se fosse por ele, estaria dormindo agora.

Sei sobre a pequena romã tatuada entre  o vale de seu peitoral e já tracei as linhas com a ponta da língua. Ele até tem o gosto da fruta, explosivo e totalmente encantadoro; o tipo de suculência que faz você querer afundar os dentes em sua pele.

E porra, foi isso o que fiz.

O sangue dele é tão doce.

Sei que ele é atraído pela escuridão, tendo visto Satoru se deliciar com o zumbido baixo das estrelas enquanto a luz da lua banhava sua pele pálida mais vezes do que eu gostaria de admitir.

Ao observá-lo agora em seu estado de desordem, sei que não está chateado com a morte da noiva.

É uma ilusão, tanto quanto o casamento deles teria sido. Uma farsa para
a imprensa, para melhorar a imagem de seu pai enquanto destruía os restos
esfarrapados da alma que quebrei semanas atrás.

Satoru dá uma fungada, e por um momento eu acho que está prestes a explodir em lágrimas. Firmo meus pés, pronto para levá-lo para longe da cena antes que ele fique histérico, mas então ele desliza as mãos para baixo e as coloca no peito de Iori, escorregando uma sob o decote do vestido.

E eu percebo, enquanto ele afasta a peça e revela o corpo encharcado de sangue por baixo, que ele não estava fungando… estava cheirando a noiva.

Um choque de excitação percorre meu corpo, atingindo-me como um raio, chamuscando meus ossos. Talvez ele não seja uma presa, afinal.

-» Devotion / SatosuguOnde histórias criam vida. Descubra agora