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· Poison

Suguru Geto

Os olhos de Satoru ganham vida, fogos ardendo em suas íris azuis ao arrastar a linguinha impertinente nos lábios carnudos.

— Posso lidar com isso — ele praticamente ronrona, excitação revestindo suas palavras ao passarem pela minha pele.

O roupão de tecido fino que ele usa não faz nada para esconder o fato de que Satoru está excitado, seus mamilos enrijecidos aparecendo sob o tecido de seda. Um rubor profundo e escaldante sobe por seu pescoço, destacando a marca que deixei. Mesmo ele tentando cobri-la com
maquiagem.

Eu não estava sendo dramático quando disse que não estava com disposição para companhia. Na verdade, antes de ele entrar, eu estava a poucos segundos de voltar ao edifício à prova de som e continuar com o trabalho que comecei.

O sangue de Leo “Rótula” Morelli ainda mancha meu jaleco. Minha necessidade de passar uma mensagem para o pai de Satoru, o único objetivo que estava na minha cabeça nos últimos dias.

Incapaz de entrar em contato com os Gojo em Boston e sem querer deixar Satoru sozinho no Asfódelos, caso haja algum tipo de plano para roubá-lo de mim, tenho sido um alvo fácil desde que descobri sobre as
histórias nas manchetes.

Esperando, observando, ganhando tempo.

Ficando longe do meu homem, tentando manter a raiva do pai dele separada por completo do nosso pequeno acordo.

Então Blue, um dos funcionários de Kento no Carruagem de Fogo, notou um forasteiro que pareceu surgir do nada. Sem família ou amigos, e sem interesse em fazer atividades turísticas. Ele entrava no bar, sentava-se numa cabine no canto de trás e bebia cerveja o dia todo, depois desaparecia à
noite sem deixar vestígios.

Ele andava mancando, Blue reportou a Kento, e tinha uma cicatriz em ziguezague muito distinta que corria do topo da rótula até a parte de trás do calcanhar. Ninguém teria notado se não fosse pela luta que ele teve durante sua segunda noite na cidade, na qual encurralou um garçom por derramar vinho em sua mesa.

Conheço aquela cicatriz. Arrastei a lâmina de bisturi de dermaplaning que a criou na pele fina dele.

“Rótula” é primo dos Gojo, embora seja um merda. Anos atrás, ele foi pego alterando registros nos livros em uma das operações ilegais de jogo dos Gojo. E em vez de mandá-lo para o fundo do rio Charles como os Anciões queriam, Rafe me fez colocar o medo de la famiglia nele, depois o
excomungou da cidade.

Da última vez que soube, eles não estavam se falando. Embora sua presença em Aplana prove o contrário. Não sei exatamente o que Rafe mandou o primo fazer, não consegui que ele admitisse nada, mas não vai acontecer mais.

Nanami deve entregar a cabeça dele nos correios no extremo norte da ilha
em breve.

Dando um pequeno passo em minha direção, Satoru estende a mão, roçando as unhas na minha bata.

Não vou ao consultório há meses, mas era a única outra coisa no porão quando cheguei mais cedo. E não quis ir até o quarto e arriscar que Nanami atacasse Rótula antes que eu pudesse Curvando os dedos sob a bainha, ele se puxa para mais perto, deixando espaço suficiente entre nós para que eu possa sentir o menor sussurro de sua respiração.

— Não tenho certeza se é uma boa ideia — digo, engolindo em seco quando ele me encara, seu olhar doce semicerrando com seus cílios brancos.

Já estou pensando em todas as formas de transar com ele, de fazê-lo se arrepender de ter me conhecido ou de me propor para tirar sua virgindade. Coisas que jurei a mim mesmo que não consideraria até que ele estivesse aqui tempo suficiente para que se acomodasse na nova casa. E ainda assim,
estou sucumbindo à histeria em seus olhos azuis.