O fio da navalha

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Capítulo 13 - O Fio da Navalha

O peso da decisão estava me consumindo a cada minuto

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O peso da decisão estava me consumindo a cada minuto. Daniel havia falado em encarar tudo de frente, mas eu sabia que isso não significava apenas abrir o caminho para a nossa relação. Significava também enfrentar os fantasmas do que estava prestes a acontecer com o casamento dele, com a sua esposa, com a nossa empresa, e, acima de tudo, comigo mesma. Eu não tinha mais como ignorar o que estava em jogo.

Nos dias seguintes, ele se manteve firme em sua resolução. A cada reunião, a cada passo que dava dentro da empresa, sua presença parecia mais determinada. Ele estava se preparando para enfrentar sua esposa, estava pronto para contar a ela o que já não era mais segredo: que a relação deles havia acabado. E, no fundo, ele sabia que, ao fazer isso, estava arriscando tudo.

Eu, por outro lado, me encontrava em um turbilhão de emoções. Não podia mais negar o desejo que me consumia, mas havia uma parte de mim que sabia que não conseguiria sair ilesa desse caminho. As noites em que nos encontrávamos ficavam mais frequentes, mais intensas. Cada toque, cada palavra, me levava mais fundo, e eu me via perdida em um mar de contradições. Eu sabia que ele era o maior risco que eu já havia corrido na vida, mas ao mesmo tempo, não conseguia me afastar.

Em um desses dias, durante uma das tantas reuniões em que ele me fazia permanecer até mais tarde, ele me pediu para acompanhar uma negociação importante. Não era uma tarefa comum para mim, mas ele queria me ter por perto, e eu sabia que ele estava me testando, talvez até mais do que eu gostaria de admitir. A noite caiu, e as luzes do escritório refletiam a tensão no ar. Eu sentia a presença de Daniel ao meu lado como um peso, mas também como uma proteção. Estávamos sozinhos no escritório, e eu podia ver claramente o que ele queria, o que ambos queríamos.

"Isabel," ele disse em um tom suave, mas determinado, enquanto olhava para os papéis à nossa frente, "estou quase pronto. Ela vai saber em breve. E, quando isso acontecer, tudo vai mudar."

Eu o olhei, sentindo um calafrio percorrer minha espinha. Sua esposa, a mulher que eu sabia que estava manipulando tudo em volta dele para manter o poder, não ia aceitar a perda de controle. O casamento deles era mais do que uma fachada. Era uma união de conveniência, mas também um jogo de poder. Ela sabia muito bem o que perderia ao deixar Daniel. E isso não me parecia algo que ela faria facilmente.

"Você acha que ela vai apenas aceitar?" perguntei, tentando disfarçar o medo que me invadia. "Ela vai tentar fazer alguma coisa. Vai tentar te manter."

Daniel olhou para mim, e, pela primeira vez, pude ver uma dúvida sutil em seus olhos, algo que eu não esperava. Mas ele não respondeu de imediato. Em vez disso, levantou-se da cadeira e veio até onde eu estava sentada, a distância entre nós diminuindo a cada passo. Ele parou na minha frente, os olhos fixos nos meus, e eu vi algo mais intenso do que desejo. Vi uma necessidade, um medo, talvez, mas também uma determinação inabalável.

"Eu não tenho mais medo dela, Isabel," disse ele, a voz baixa, quase como um sussurro. "Eu tenho medo de perder você."

Eu senti algo apertar meu peito. Ele estava dizendo a verdade, não apenas sobre a esposa, mas sobre nós dois. Eu sabia que não estava apenas sendo atraída por um homem casado, mas por alguém que, no fundo, estava disposto a mudar sua vida inteira para estar comigo. Eu sabia que, quando ele tomasse essa decisão, não haveria volta. E, quando ele disse aquelas palavras, entendi que também não haveria mais como voltar para minha vida anterior. Ele me havia marcado de uma maneira que era impossível apagar.

"Você não vai me perder," falei, a voz mais suave do que eu esperava. Não era uma promessa, mas uma confissão. Eu estava me entregando a ele mais do que eu queria admitir. "Mas eu não sei o que vai acontecer depois."

Ele sorriu levemente, como se soubesse que eu estava tão envolvida quanto ele. "Vamos encarar o que vem, juntos. Não importa o que aconteça. Não importa o que ela faça."

Eu tentei disfarçar a ansiedade que me tomava. Eu não estava mais no controle. Era como se tivesse entrado em um jogo de xadrez, onde Daniel movia as peças e eu era apenas uma delas. Mas, em algum lugar dentro de mim, eu também estava jogando, mesmo que me fosse difícil perceber.

"Eu estou com você, Daniel," disse, minha voz agora mais firme. "Mas, por favor, não me faça carregar o peso disso sozinha."

Ele tocou meu rosto, um gesto gentil que parecia contradizer toda a gravidade da situação. "Você não está sozinha. Não vai ficar sozinha, Isabel."

E, com isso, ele se aproximou, e mais uma vez, os nossos corpos se encontraram. O beijo foi suave, mas carregado de promessas e medos. Eu sabia que o que estávamos fazendo não era apenas viver um romance proibido. Era uma escolha que estava nos arrastando para um futuro incerto. Mas, naquele momento, nada mais importava. A única coisa que eu sabia era que não conseguiria viver sem ele.

 A única coisa que eu sabia era que não conseguiria viver sem ele

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