Capítulo 17 - A Estratégia de Daniel
A decisão de Daniel de expor tudo não foi uma escolha fácil, nem para ele nem para mim. Mas, à medida que os dias passavam, a pressão aumentava. A foto que Clara havia espalhado se tornou o primeiro golpe visível da guerra que estava acontecendo nos bastidores. A notícia de que Daniel e eu tínhamos algo mais do que uma simples relação profissional se espalhou como fogo em palha seca, e logo os sussurros começaram a invadir os corredores da empresa. Nada estava mais seguro. Nada mais estava sob controle.
Nosso primeiro passo foi claro: Daniel e eu precisávamos tomar o comando da narrativa. Não podíamos esperar passivamente que Clara assumisse o controle da situação. Ela estava jogando sujo, e agora, seria nossa vez de virar o jogo.
Eu estava sentada em minha mesa, tentando organizar minha mente, quando ele entrou no meu escritório, decidido, como se a tensão do momento não fosse suficiente para fazer a sua resolução vacilar. Ele estava pronto para agir.
“Isabel, nós vamos fazer isso da maneira certa,” ele disse, com uma confiança que me deu um alívio temporário. “Eu não vou deixar que ela nos destrua. Vamos mostrar que quem está no controle somos nós.”
Eu o olhei, com uma mistura de nervosismo e admiração. Daniel sabia o que estava fazendo, mas a decisão de “expor tudo” ainda me assustava. Eu sabia que uma vez que o fizéssemos, não haveria mais volta.
“Você tem certeza disso?” Perguntei, a voz tensa, minha mente girando com o que significaria para nós dois. “Depois disso, não haverá mais como voltar atrás, Daniel.”
Ele se aproximou, colocando as mãos na borda da minha mesa, seus olhos fixos nos meus. “Não tem mais volta, Isabel. Não podemos viver com medo. Temos que mostrar a verdade. E a verdade é que não somos os vilões dessa história. Nós temos o direito de ser felizes, de viver o que sentimos, sem que ninguém tente nos destruir.”
Eu o observei, admirando sua coragem, mas também sentindo o peso da escolha. Ele estava disposto a perder tudo — a imagem pública que tanto prezava, o respeito de seus colegas e até a sua posição na empresa — para lutar por nós. E, ao mesmo tempo, eu sabia que, ao fazer isso, ele me arrastaria para o meio de uma tempestade da qual eu não sabia se conseguiria sair ilesa.
“Então o que vamos fazer?” Perguntei, com uma resignação que eu não sabia que tinha.
“Vamos contar nossa história ao mundo, Isabel,” ele disse, com uma confiança renovada. “Vamos ser transparentes. Eu vou chamar uma reunião com todos os principais executivos da empresa e, lá, vou colocar tudo na mesa. Eles vão saber que a relação entre nós é real. Eles vão ver que não estamos escondendo nada.”
Eu sentia um nó apertado na garganta. A ideia de estar exposta daquela maneira, de ser vista como “a outra” na história de um casamento que estava se desfazendo, me aterrorizava. Mas, ao mesmo tempo, havia algo dentro de mim que sabia que, de alguma forma, essa exposição nos libertaria. Nos libertaria de viver à sombra de mentiras.
“E Clara?” Perguntei, a ansiedade tomando conta de mim. “Ela não vai fazer um escândalo disso tudo? Ela vai tentar destruir você, Daniel.”
Ele sorriu, mas não era um sorriso de alegria. Era um sorriso carregado de resolução. “Clara pode tentar fazer um escândalo, mas ela sabe que, se eu expuser tudo, ela também será arrastada para o fogo. Não tenho mais nada a perder. E, Isabel, você não tem nada a temer.”
Eu não sabia se ele estava me acalmando ou se estava tentando convencer a si mesmo, mas o que mais me impressionava era a coragem com que ele estava encarando tudo aquilo. Ele estava pronto para perder tudo — menos a nós. Menos a mim.
Na tarde seguinte, Daniel convocou a reunião. Todos os grandes nomes da empresa estavam presentes. A sala estava carregada de tensão. Eu estava lá, ao lado dele, como sempre, mas desta vez, a situação era diferente. Eu sentia todos os olhares sobre nós. Os murmúrios, as especulações, tudo isso preenchia o ar de maneira densa e inescapável.
Quando Daniel se levantou, a sala caiu em um silêncio expectante. Ele começou a falar, sua voz firme e clara, sem hesitação. “Eu quero que todos saibam a verdade,” ele disse, olhando diretamente para os rostos à sua frente. “Eu sei que há rumores circulando, e eu não vou mais permitir que isso nos destrua. O que está acontecendo entre Isabel e eu não é um erro, não é uma traição. É algo real, algo que não posso mais negar. Estou apaixonado por ela, e nós dois estamos juntos, sem mentiras, sem disfarces.”
Eu o olhei, o coração acelerado, mas ao mesmo tempo, um alívio começava a se espalhar dentro de mim. Ele não estava mais escondendo. Ele estava dizendo ao mundo o que antes era só nosso segredo. Não importava o que viesse depois. Era a nossa verdade.
A sala permaneceu em silêncio por um momento, enquanto todos assimilavam o que Daniel acabara de declarar. Algumas pessoas olhavam com surpresa, outras com desaprovação, mas ninguém falou nada. O impacto de suas palavras pairava no ar.
Finalmente, foi Clara quem rompeu o silêncio. Ela entrou na sala, seu olhar furioso fixo em Daniel. “Você não pode fazer isso, Daniel,” ela disse, sua voz cheia de raiva. “Você acha que vai conseguir destruir tudo o que construímos assim? Isso vai acabar com sua carreira!”
Mas Daniel não recuou. Ele a encarou com uma firmeza que, até então, eu nunca tinha visto. “Eu não me importo com a minha carreira, Clara. Não mais. A única coisa que eu me importo agora é ser feliz. E isso não vai mudar.”
A tensão era palpável, mas, de alguma forma, eu senti uma sensação de liberdade que eu nunca imaginaria sentir naquele momento. Era como se uma grande barreira tivesse sido quebrada.
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Doce Tentação
RomanceIsabel, uma jovem de 21 anos que tenta se encontrar em meio às dificuldades da vida, vê sua rotina virar de cabeça para baixo ao aceitar um emprego em uma empresa renomada. A oportunidade surge através de uma amiga, quando Isabel está no fundo do po...