Era uma quinta-feira com pouco sol quando Rio parou em frente a sala de sua chefe, Lilia Calderu, com dois copos de café quentes. Um deles estava cuidadosamente envolvido em uma pequena azaléa roxa, que se amarrava ao redor do plástico.
Rio podia ver Calderu através da porta de vidro de seu escritório, seu olhar severo enquanto ela verificava os documentos em sua mesa. Antes de entrar, Rio respirou fundo, tentando reunir coragem para encarar o pedido que precisava fazer.
Sem hesitar, ela bateu na porta aberta e entrou na sala, colocando os cafés sobre a mesa.
— Vim te poupar de ir até a cafeteria. — Rio ofereceu com um sorriso gentil.
— Vou assumir que esse não é para mim. — Lilia apontou para o copo adornado com a pequena azaléa.
— Ah, não. Esse aqui é para Agatha. — Rio deu uma risada desconcertante tentando quebrar o clima, e sentiu suas bochechas corarem. — Quer dizer, para a Srta. Harkness.
— Uhum. — Lilia pegou o outro copo de café, deu um gole saboreando o expresso e fez um gesto para que Rio se sentasse. — O que posso fazer por você, Vidal?
Rio se sentou na cadeira, a boca repentinamente seca. Ela tinha ensaiado mentalmente dezenas de vezes o que diria, mas agora, na presença de Lilia, tudo parecia vago e confuso.
— Estou assumindo que você sabe sobre mim e Agatha. — Sua voz soou mais trêmula do que ela tinha planejado. — Já que vocês são melhores amigas.
Lilia recostou-se na cadeira, estudando Rio com um olhar que a mulher mais jovem não conseguiu decifrar. Ela parecia estar buscando algo em seu rosto, algo que ela mesma não conseguia identificar.
— Sim, sei sobre vocês. — Lilia respondeu finalmente, a frase simples carregava uma carga pesada entre elas. — Agatha me contou tudo.
— Então, ela contou sobre o que eu fiz?
— Garota, — Lilia inclinou a cabeça para o lado em um pequeno tom de deboche. A imagem frágil de Agatha naquela noite ainda estava viva em sua memória — quem você acha que secou as lágrimas dela?
Rio sentiu um nó se formar na garganta diante da menção de Lilia. A imagem de Agatha, normalmente rígida e estoica, se desvanecendo em lágrimas era algo que ela ainda não conseguia digerir. A ideia de ter sido responsável por fazer sua chefe chorar a assombrou.
Rio mexeu nervosamente com a bainha de sua jaqueta, seus olhos fixos no chão por um momento antes de reunir coragem para olhar novamente para Lilia.
— Você... Você acha que existe uma chance dela me perdoar?
Lilia soltou um suspiro pesado, cruzando os braços em frente ao corpo. Um olhar compreensivo se estampou no rosto dela, mostrando empatia genuína.
— Ah, querida, você realmente tem um dom para se meter em encrencas, não é mesmo? — Uma risada fraca escapou dos lábios dela antes de continuar. — A Agatha tem o coração mais mole do que ela quer fazer parecer, apesar do temperamento explosivo. Talvez ela consiga te perdoar.
Rio se apoiou na mesa, absorvendo as palavras de Lilia. A ideia de uma possível reconciliação oferecia uma faísca de esperança, e ela tinha o plano perfeito, ou quase perfeito, para fazer funcionar.
— Nesse caso, — Rio se inclinou pegando um post-it e uma caneta, anotou o endereço do Planetário Hayden e empurrou em direção a Lilia — sei que é pedir muito, mas você poderia levá-la a esse local amanhã à noite? Se eu pedir, Agatha não vai aceitar. Mas se vier de uma amiga...
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Querida Agatha • Agathario
RomantikRio Vidal, assistente jurídica em uma prestigiada firma de Nova York, vive entre o trabalho duro e festas regadas a música e muito álcool. Em uma noite de diversão, ela e suas amigas criam um perfil fictício em uma rede social afim de provocar sua r...